Um jogo travado como o Grêmio de 2017

Forte marcação foi a cara do fraco jogo entre Noia e Grêmio

O Grêmio travado deste começo de ano deu novamente as caras no Vale dos Sinos. A atuação da equipe de Renato Portaluppi decepcionou como em vários jogos deste Campeonato Gaúcho: o time dinâmico e agressivo de 2016 mais uma vez deu lugar a uma equipe que faz força para jogar neste começo de ano. Uma equipe que, novamente, parece precisar sofrer um gol para acordar e buscar o resultado contra os adversários, por mais fracos que eles sejam.

O Novo Hamburgo de Beto Campos não é o time mais modesto que o Grêmio enfrentou de janeiro para cá, longe disso. Líder disparado do Gauchão, não tem qualidade técnica que seja compatível com sua campanha, mas em termos de organização sim. Tirando o começo do jogo, quando respeitou demais o time da capital, marcou sempre muito forte e neutralizou com razoável tranquilidade o Tricolor. Isso é preocupante: foi o primeiro jogo dentre os últimos no qual o Grêmio não teve nenhum período de domínio claro das ações. A tal evolução que Renato garantiu que viria a partir da 5ª rodada ainda não aconteceu.

Sem Maicon, nem Miller Bolaños, Luan passou a noite toda buscando jogo sem ter com quem tramar o ataque. Para piorar as coisas, o time foi mal escalado: Everton, centralizado, já havia fracassado em outras partidas neste ano, e voltou a ir mal. O mais certo era evitar improvisações: escalar Lincoln no meio, Luan à frente dele, com Ramiro e Pedro Rocha (ou o próprio Everton) pelos lados. Ao menos defensivamente o time ia bem - e o Grêmio, apesar das atuações abaixo do esperado, tem tomado poucos gols mesmo. O cenário tornou o jogo arrastado e feio a noite toda, praticamente.

No segundo tempo, Renato novamente abriu o time. Porém, ao contrário do Veranópolis, o Novo Hamburgo não se acuou e passou a ameaçar nos contra-ataques. Ansioso por não conseguir abrir vantagem, o Grêmio passou a errar passes demais e dar espaços ao time da casa. Num desses equívocos, Gastón Fernández errou o toque para Michel e Conrado aproveitou para deixar Juninho livre para fazer 1 a 0. A derrota só não veio porque, no abafa, Léo Moura empatou no finzinho.

Como dito após o empate do domingo passado, o Grêmio sofre com alguns desfalques fundamentais de jogadores de característica única, o que, mesmo com um grupo agora mais numeroso, acaba pesando no desempenho da equipe. Mas é obrigatório jogar mais futebol: com apenas três vitórias em nove jogos, o Tricolor tem um aproveitamento de discretos 51,9% no Gauchão, pouco para o seu nível em relação ao dos concorrentes. A equipe não perde há nove jogos na temporada, mas nesta sequência já acumula seis empates, quatro deles consecutivos no estadual. O Grêmio não ficava sem vencer há quatro jogos no Gauchão desde o trágico biênio 2004/05. Nada disso é especialmente preocupante, até porque estamos em início de temporada, mas traz o alerta de que há muito a melhorar até chegar perto do nível de 2016.

FICHA TÉCNICA
Campeonato Gaúcho 2017 - 1ª fase - 9ª rodada
NOVO HAMBURGO (1): Matheus (7); Renan Ribeiro (5), Júlio Santos (7), Pablo (6) e Assis (6); Amaral (7), Jardel (6), Preto (6) (Conrado - 7) e Juninho (7) (Brida); Branquinho (6) (Lucas Santos) e João Paulo (4). Técnico: Beto Campos
GRÊMIO (1): Léo (6); Léo Moura (7), Rafael Thyere (7), Kannemann (6) e Marcelo Oliveira (7); Michel (5) (Lincoln - 5), Jaílson (5) (Fernandinho - 6), Ramiro (6) e Luan (6); Pedro Rocha (5) (Gastón Fernández - 4) e Everton (4). Técnico: Renato Portaluppi
Local: Estádio do Vale, Novo Hamburgo (RS); Data: quarta-feira, 22/03/2017, 21h45; Clima: parcialmente nublado, 22ºC; Árbitro: Daniel Nobre Bins; Público e renda: não divulgados; Gols: Juninho 28 e Léo Moura 45 do 2º; Cartão amarelo: Jardel, Preto e Branquinho; Melhor em campo: Juninho; Nota do jogo: 3

ESTATÍSTICAS
Chances de gol: Novo Hamburgo 4 x 5 Grêmio
Finalizações: Novo Hamburgo 4 x 11 Grêmio
Escanteios: Novo Hamburgo 2 x 6 Grêmio
Faltas cometidas: Novo Hamburgo 27 x 17 Grêmio
Passes errados: Novo Hamburgo 63 x 41 Grêmio
Desarmes: Novo Hamburgo 12 x 9 Grêmio
Posse de bola: Novo Hamburgo 42% x 58% Grêmio
Análise: os números deixam claro que a partida foi ruim. Poucas chances de gol, poucas finalizações, e muitos passes errados. Chama a atenção o enorme número de faltas, 44. Isso se deve não apenas à forte marcação imposta por ambos os times, mas também pelo critério discutível do árbitro, que ajudou a travar o jogo e torná-lo chato na maior parte do tempo.

FUTEBOL DE BOTÃO

Foto: Lucas Uebel/Grêmio.