Recorde de Tite ofusca o de Tabárez: o Brasil massacra de novo
Um dos símbolos da Era Tite, Paulinho fez três no Centenário |
Como fenomenal foi a atuação do Brasil. Havia vários temores em relação a este jogo: a Seleção não atuava junta há quatro meses, o Uruguai é o vice-líder das eliminatórias, o confronto era fora de casa e Gabriel Jesus não estaria em campo. Pois o Brasil ignorou tudo isso com uma atuação histórica, com números incríveis, como 70% de posse de bola em pleno Estádio Centenário e nada menos que 489 passes certos trocados durante o jogo. Fora o baile, claro.
A noite parecia complicada. De cara, pênalti para o Uruguai, em bobagem de Marcelo, o pior brasileiro em campo disparado. Cavani fez 1 a 0, uma situação inédita para Tite: em nenhum dos seis jogos anteriores, a sua equipe saiu ou esteve perdendo. Ver como o Brasil reagiria a adversidade em um território tão complicado era o grande desafio da noite. Durou dez minutos: foi o tempo que Neymar demorou para achar Paulinho, que iniciou sua noite inacreditável acertando um tirambaço no ângulo.
O empate fez muito bem ao Brasil, que controlou toda a etapa inicial. Imparável, Neymar tinha em Coutinho um parceiro à altura, isso sem falar nas ótimas subidas de Paulinho e Renato Augusto. Impressionava a segurança de todos os movimentos da Seleção, que se adonava do campo uruguaio como se estivesse no Maracanã, exibindo uma dinâmica de jogo impressionante para um time que há meses não jogava junto.
A virada chegou no segundo tempo - até com certa demora, dado o domínio que o time de Tite exercia. A tentativa de reação uruguaia quase deu resultado em algumas bolas paradas, mas o Brasil seguia tendo o controle da posse de bola e do jogo. O terceiro gol nasceu de um chutão, mas, ao terminar com Neymar, virou golaço, de cobertura. E o quarto, de Paulinho, de peito, foi o símbolo do momento mágico que vive a Seleção desde que Tite a assumiu.
Em seis meses, o melhor treinador do país transformou uma equipe em crise na melhor seleção do planeta atualmente. Porque sim, ninguém no mundo vem jogando mais que o Brasil, e não há exagero algum em apontar isso. Ninguém goleia Equador, Argentina e Uruguai de maneira aleatória; ninguém garante virtualmente vaga na Copa com cinco rodadas de antecedência nas eliminatórias mais difíceis do mundo à toa; ninguém enfia quatro gols na seleção uruguaia tendo em jogador como Gabriel Jesus um desfalque no ataque se não for poderoso demais. A partida de hoje só confirmou o que o final do ano passado já deixava claro: o Brasil temível voltou, e parece que é pra ficar.
FICHA TÉCNICA
Eliminatórias da Copa do Mundo 2018 - América do Sul - 13ª rodada
URUGUAI (1): Martín Silva (6); Maxi Pereira (5), Coates (5), Godín (6) e Gastón Silva (5); Arévalo Ríos (4), Sánchez (6) (Abel Hernández), Vecino (5), Rolan (5) (Stuani - 5) e Cristian Rodríguez (5); Cavani (6). Técnico: Óscar Tabárez
BRASIL (4): Alisson (6); Daniel Alves (6), Marquinhos (7), Miranda (7) e Marcelo (4); Casemiro (7), Paulinho (9) e Renato Augusto (7) (Fernandinho); Coutinho (7) (Willian), Firmino (7) (Diego Souza) e Neymar (9). Técnico: Tite
Local: Estádio Centenário, Montevidéu (URU); Data: quinta-feira, 23/03/2017, 20h; Clima: aberto, 22ºC; Árbitro: Patricio Loustau (ARG); Público e renda: não divulgados; Gols: Cavani (pênalti) 8 e Paulinho 18 do 1º; Paulinho 6, Neymar 28 e Paulinho 46 do 2º; Cartão amarelo: Maxi Pereira, Godín, Coates, Casemiro, Marcelo e Daniel Alves; Melhor em campo: Paulinho; Nota do jogo: 7
ESTATÍSTICAS
Chances de gol: Uruguai 9 x 11 Brasil
Finalizações: Uruguai 16 x 11 Brasil
Escanteios: Uruguai 4 x 3 Brasil
Faltas cometidas: Uruguai 16 x 10 Brasil
Passes errados: Uruguai 66 x 51 Brasil
Desarmes: Uruguai 16 x 5 Brasil
Posse de bola: Uruguai 30% x 70% Brasil
Análise: o Uruguai até finalizou mais, mas o Brasil foi sempre mais perigoso. Com um repertório muito superior, conseguiu criar 11 oportunidades no Centenário, algo raro. No entanto, o número que mais impressiona é o de 70% de posse de bola fora de casa. Mais uma atuação de gala do timaço de Tite.
FUTEBOL DE BOTÃO
Foto: Lucas Figueiredo/CBF.
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