Um castigo à sonolência

Grêmio de Ramiro cedeu empate no final ao São José
O Grêmio ainda perece de ressaca pelo título da Copa do Brasil. Devagar, o time de Renato Portaluppi tem jogado para o gasto, no máximo. Às vezes, nem isso: diante do São José, fazia uma partida no máximo média até achar seu gol. Feito o 1 a 0, sentou na vantagem, recuou, fez cera e esperou o jogo acabar. Não contava que o Zequinha, que ainda nem gol tinha feito no Gauchão, pudesse empatar. Pois empatou.

A frustração do empate traz consigo uma série de vilões. É verdade que Maicon tirou o pé na dividida que originou o empate, mas também houve uma série de equívocos na jogada: a subida às costas de Marcelo Oliveira, a falta de alguém que cortasse o passe para trás, a liberdade dada a Rafinha para concluir... É verdade também que não jogaram Luan e Pedro Rocha, dentre outras opções importantes na frente. Mas Renato poderia ter aproveitado a ocasião para testar uma formação diferente, sem precisar sacrificar Everton como centroavante, jogando entre os zagueiros e de costas para o gol. Faltou bastante gente, mas dava para ter feito melhor.

As substituições do técnico gremista ajudam a explicar o resultado, para o bem e para o mal. Até o gol de empate do São José, este era mais um jogo no qual a mexida de Renato daria a vitória ao Grêmio, como tantos outros. Lincoln entrou no lugar de Jaílson e construiu a jogada do gol (irregular) de Miller Bolaños. Mas a entrada de Arthur ajudou a recuar mais um time que já não queria jogo. O equatoriano saiu porque pediu, mas retirá-lo do campo foi fatal também. Miller foi o melhor jogador da partida - uma das raras boas notícias da noite chuvosa, ao lado do sempre seguro Kannemann, este uma notícia já felizmente velha e corriqueira.

O Grêmio está devendo em 2017, seja dentro de campo como na busca por reforços. Mesmo assim, a impaciência da torcida anda exagerada. A discussão de Maicon ao final do jogo com torcedores exaltados é a cara de uma crise que simplesmente não existe. Portanto, o episódio é exagerado e fora de lugar. O time é encorpado de 2015 e 2016, mas falta a embocadura que só a competitividade dá. Talvez o Gre-Nal de daqui duas semanas seja o primeiro jogo de verdade deste Grêmio que, até aqui, dá mais sono que propriamente preocupação.

O pior começo em 12 anos
Desde 2005 o Internacional não passava os quatro primeiros jogos do Gauchão sem vencer. A diferença é que, 12 anos atrás, o Colorado tinha um belo time se formando. Desta vez, há muito mais preocupação que paciência. Alguns titulares importantes não atuaram em Passo Fundo, mas o futebol apresentado no empate em 2 a 2, cedido nos acréscimos, foi pobre novamente. O centroavante Brenner, com dois gols, foi o único destaque positivo apresentado pelo time de Antônio Carlos Zago no Vermelhão da Serra.

Federações estaduais, até quando?
A imagem dos jogadores de Atlético Paranaense e Coritiba de mãos dadas no círculo central da Arena da Baixada entrará para a história. O show de autoritarismo da Federação Paranaense de Futebol merece todo o repúdio por simbolizar o que há de mais atrasado no futebol brasileiro. Infelizmente, já fui mais otimista: em outros tempos, saudaria a atitude dos clubes como um peitaço importante ao monopólio exercido pela Rede Globo, que ofereceu menos do que ambos gostariam de receber para terem seus jogos exibidos na TV. Agora, saúdo igual a revolta, claro, mas sem grandes esperanças de que isso vá mudar alguma coisa de forma efetiva. Infelizmente.

Show de Fred no Mineirão
Cria do América-MG, Fred marcou três vezes contra o seu ex-clube ontem. A goleada de 4 a 1 alça o Atlético à liderança do Campeonato Mineiro, com 12 pontos, único clube com 100% de aproveitamento. Importante recuperação para um time que já perdeu clássico neste começo de temporada e ainda é visto com certa desconfiança após perder nomes como Lucas Pratto.

Foto: Lucas Uebel/Grêmio.

Comentários

Anônimo disse…
Não guardo todas as estatísticas, mas deve ter sido o menor público da história da Arena. 5539 pagantes e pouco mais de 6 mil no total.

Sobre o Atletiba, esse imbróglio esbarra no quarto poder e suas relações íntimas com as federações estaduais. E a alegação da FPF de que o jogo não ocorreu pela presença de pessoal não-credenciado é uma tentativa ridícula de encobrir isso.
Vicente Fonseca disse…
Em 2014, diante do Lajeadense, apenas 5.029 pessoas viram os reservas ganharem por 2 a 1 - este é o menor público da história do estádio para jogos do Grêmio. Houve também dois jogos do Juventude, um pela Série C e outro pela D, com públicos inferiores a esses dois. O de ontem (6.433) foi o menor público levado por um time titular do Grêmio no novo estádio.
Chico disse…
Onde está o zagueiro Wallace Oliveira?
Quando o Tricolor vai contratar alguém?
Repito, é muito chato ver esses jogos com cara de pelada de beira de praia.
Vicente Fonseca disse…
Chico,o zagueiro chama-se Wallace Reis e foi negociado com o futebol turco. O Wallace Oliveira é lateral direito e está encostado - é a quarta opção da posição, e tem empréstimo vencendo no meio do ano.