Enfim, uma união dos clubes cariocas - e por um bom motivo
Essas frases abaixo se repetiram mil vezes no futebol brasileiro. Repetirei pela 1001ª oportunidade.
As cenas deprimentes vistas antes do clássico entre Botafogo e Flamengo, no domingo passado, exigem medidas severas para punir quem cometeu a selvageria. No entanto, assumindo sua incompetência e/ou demonstrando pouca vontade de fato de resolver o problema, a Justiça tomou a pior decisão possível: obriga a Federação Carioca de Futebol a implantar torcida única nos clássicos do estadual deste ano. Um verdadeiro atraso, já colocado em prática - e sem resultados positivos - em São Paulo.
Agora, algo surpreendente, quase inédito: a união dos quatro grandes do Rio (e da própria FERJ) por um bom motivo.
A Federação mais uma vez se embananou toda ao montar o regulamento do campeonato deste ano. Voltaram os dois turnos nomeados por Taça Guanabara e Taça Rio, com apenas 12 clubes, o que é bom; no entanto, os campeões destes turnos ainda terão disputar semifinais contra os adversários não-campeões de melhor campanha antes de efetivamente jogarem a decisão. Um pequeno monstrengo, mas com um objetivo aparentemente interessante: aumentar (banalizar?) o número de clássicos do Cariocão 2017, que começou o ano podendo conter nada menos que 16 duelos entre Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco. Mas todos os clássicos das fases de mata-mata teriam torcida igualitária, algo extremamente saudável.
A raridade de vermos um acerto entre os quatro grandes e a FERJ corre risco por conta da decisão equivocada tomada ontem pelo juiz Guilherme Schilling, que determina só jogos com torcida única nos clássicos entre estes clubes. Novamente, os quatro gigantes do Rio e a FERJ (e até o combalido e corrupto Governo do Estado) se uniram para recorrer da decisão. O Vasco, por exemplo, disse que nem entrará em campo na semifinal se houve torcida única. Não deixa de ser uma "euricada", já que o time cruz-maltino provavelmente será vice-líder de seu grupo e terá de enfrentar o Flamengo como visitante, perdendo o direito a ter torcedores. Mas Eurico Miranda, desta vez, tem razão: o regulamento seria rasgado, e o pior, por um retrocesso lamentável.
Ver confusões do tipo no Campeonato Carioca é algo comum há décadas, mas ver os grandes e a federação unidos é algo digno de nota. Principalmente depois do que vimos em 2015, quando discussões intermináveis a respeito do regulamento do campeonato, especialmente de ordem financeira, racharam de vez o estadual - Vasco e Botafogo ficaram do lado da FERJ, enquanto Flamengo e Fluminense ajudaram a fundar a Primeira Liga e quase abandonaram o torneio local.
Caso a decisão se mantenha, uma alternativa estudada pelas partes interessadas é realizar os clássicos fora do estado do Rio de Janeiro. Uma pena por um lado, mas ótimo por outro: os torcedores que querem acompanhar seus clubes terão de ver pela TV a festa das torcidas divididas em praças onde a violência nos estádios é menor - seja porque a violência urbana é menor, seja porque há menos marginais envolvidos com os clubes, ou porque não houve nenhum juiz naquele local capaz de tomar uma decisão tão estúpida quanto essa.
Ano passado, em Brasília, tive a oportunidade de acompanhar de perto um Flamengo x Vasco onde quase todo o Mané Garrincha tinha torcida mista. Apenas as organizadas eram separadas. O clima não poderia ter sido melhor. Daqui duas semanas haverá Gre-Nal em Porto Alegre - o oitavo seguido com um setor de torcida mista. Nos sete anteriores, em apenas um deles houve incidentes mais sérios - fora do setor misto - e isso numa das cidades onde a violência urbana é mais alta e segue cada vez pior no país. Os exemplos estão aí, diante do nariz de todos. Basta ter inteligência e humildade para segui-los - e coragem para prender os que efetivamente tentam estragar tudo.
As cenas deprimentes vistas antes do clássico entre Botafogo e Flamengo, no domingo passado, exigem medidas severas para punir quem cometeu a selvageria. No entanto, assumindo sua incompetência e/ou demonstrando pouca vontade de fato de resolver o problema, a Justiça tomou a pior decisão possível: obriga a Federação Carioca de Futebol a implantar torcida única nos clássicos do estadual deste ano. Um verdadeiro atraso, já colocado em prática - e sem resultados positivos - em São Paulo.
Agora, algo surpreendente, quase inédito: a união dos quatro grandes do Rio (e da própria FERJ) por um bom motivo.
A Federação mais uma vez se embananou toda ao montar o regulamento do campeonato deste ano. Voltaram os dois turnos nomeados por Taça Guanabara e Taça Rio, com apenas 12 clubes, o que é bom; no entanto, os campeões destes turnos ainda terão disputar semifinais contra os adversários não-campeões de melhor campanha antes de efetivamente jogarem a decisão. Um pequeno monstrengo, mas com um objetivo aparentemente interessante: aumentar (banalizar?) o número de clássicos do Cariocão 2017, que começou o ano podendo conter nada menos que 16 duelos entre Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco. Mas todos os clássicos das fases de mata-mata teriam torcida igualitária, algo extremamente saudável.
A raridade de vermos um acerto entre os quatro grandes e a FERJ corre risco por conta da decisão equivocada tomada ontem pelo juiz Guilherme Schilling, que determina só jogos com torcida única nos clássicos entre estes clubes. Novamente, os quatro gigantes do Rio e a FERJ (e até o combalido e corrupto Governo do Estado) se uniram para recorrer da decisão. O Vasco, por exemplo, disse que nem entrará em campo na semifinal se houve torcida única. Não deixa de ser uma "euricada", já que o time cruz-maltino provavelmente será vice-líder de seu grupo e terá de enfrentar o Flamengo como visitante, perdendo o direito a ter torcedores. Mas Eurico Miranda, desta vez, tem razão: o regulamento seria rasgado, e o pior, por um retrocesso lamentável.
Ver confusões do tipo no Campeonato Carioca é algo comum há décadas, mas ver os grandes e a federação unidos é algo digno de nota. Principalmente depois do que vimos em 2015, quando discussões intermináveis a respeito do regulamento do campeonato, especialmente de ordem financeira, racharam de vez o estadual - Vasco e Botafogo ficaram do lado da FERJ, enquanto Flamengo e Fluminense ajudaram a fundar a Primeira Liga e quase abandonaram o torneio local.
Caso a decisão se mantenha, uma alternativa estudada pelas partes interessadas é realizar os clássicos fora do estado do Rio de Janeiro. Uma pena por um lado, mas ótimo por outro: os torcedores que querem acompanhar seus clubes terão de ver pela TV a festa das torcidas divididas em praças onde a violência nos estádios é menor - seja porque a violência urbana é menor, seja porque há menos marginais envolvidos com os clubes, ou porque não houve nenhum juiz naquele local capaz de tomar uma decisão tão estúpida quanto essa.
Ano passado, em Brasília, tive a oportunidade de acompanhar de perto um Flamengo x Vasco onde quase todo o Mané Garrincha tinha torcida mista. Apenas as organizadas eram separadas. O clima não poderia ter sido melhor. Daqui duas semanas haverá Gre-Nal em Porto Alegre - o oitavo seguido com um setor de torcida mista. Nos sete anteriores, em apenas um deles houve incidentes mais sérios - fora do setor misto - e isso numa das cidades onde a violência urbana é mais alta e segue cada vez pior no país. Os exemplos estão aí, diante do nariz de todos. Basta ter inteligência e humildade para segui-los - e coragem para prender os que efetivamente tentam estragar tudo.
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