Típica aposta de Renato, polivalência de Léo Moura poderá ser útil ao Grêmio

Léo Moura marcou pelo Santa contra o Inter no Beira-Rio em 2016
A reação natural do torcedor do Grêmio à contratação de Léo Moura é de desconfiança. Não sem razão: aos 38 anos, o lateral direito que fez história no passado pelo Flamengo está, de fato, no passado. Este é o primeiro ponto que se deve levar em conta na hora de avaliar a contratação: não esperar que o jogador que chegou ontem à Arena seja o mesmo que foi titular em alto nível no clube carioca entre 2005 e 2015. Deixando essa projeção de lado, há chances razoáveis de ele ser útil ao grupo.

Léo Moura é a típica aposta de Renato Portaluppi. Não estranha que seja uma indicação pessoal do técnico gremista, afeito a jogadores experientes, com quem trabalhou e de passagens longas pelo Rio de Janeiro. Mas Léo Moura em 2017 não será o mesmo que Carlos Alberto em 2011, tampouco é o Zé Roberto que seguirá jogando aos 43 anos de idade no Palmeiras campeão brasileiro. Pode ser, quem sabe, um meio termo entre os dois.

Não tem, nem nunca teve, o brilhantismo técnico de Zé. Mas seu cuidado físico, sim: no Brasileirão, fez 33 das 38 partidas disputadas pelo Santa Cruz (32 delas como titular), um número expressivo e provavelmente superior ao que apresentará no Grêmio deste ano. Porque ele não vem para ser titular: vem, inicialmente, e mantendo-se a formação campeã da Copa do Brasil, para jogar na ausência de Edílson ou de Ramiro, dois jogadores que atuam pela direita, não têm reposição à altura e frequentemente estão suspensos, por levarem cartões amarelos demais. Seja na lateral, seja no meio-campo.

A polivalência, além da experiência, é portanto, a principal característica positiva do novo contratado. De acordo com o excelente site WhoScored, que analisa estatísticas de forma completa e avalia a partir delas o nível de atuação dos jogadores de uma maneira bastante confiável e precisa, Léo Moura foi bem melhor na meia que na lateral direita em 2016. Basta olhar a nota média dele em cada posição, conforme mostra a imagem ao lado. Pensá-lo como lateral, como alguém que viria para brigar por posição com Edílson, é, portanto, um erro. Trata-se de uma peça a mais num grupo que precisa ser grande para disputar os talvez mais de 80 jogos que a temporada exigirá.

Nomes como o jovem Raul serão preteridos de chances com o novo reforço? Para 2017, sim. Mas vale lembrar: em 2016, era Wallace Oliveira o reserva de Edílson jogador de nível inferior e seguramente mais caro - sem falar em Pará e Matías Rodríguez, num passado não tão distante assim. Léo Moura não é jovem como Raul, não é o craque que já foi Zé Roberto, mas repõe em nível bastante aceitável as ausências de titulares que, no ano passado, faziam muita falta ao time quando dele saíam. É por este viés que ele pode ser útil. Olhando apenas para a expectativa de que ele seja de novo o lateral da década passada, realmente, fica difícil acreditar em algo positivo.

Foto: Divulgação.

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