Felipe Melo chega com tudo, mas precisa melhorar desempenho recente para funcionar no Palmeiras

Volante é a mais repercutida contratação do Brasil em 2017
Felipe Melo chega ao Palmeiras cheio de marra, como era esperado. Como antes da Copa do Mundo de 2010, chegou a São Paulo falando "em números". Na verdade, citou um só: foi expulso poucas vezes nos últimos anos, defendendo-se das acusações de ser violento. De fato, foi para o chuveiro mais cedo apenas seis vezes nos clubes em que passou pelo futebol europeu, além do famoso e comprometedor cartão vermelho tomado diante da Holanda, no momento crucial da Copa de 2010.

Mas é fácil se dizer o rei dos números citando os positivos. Felipe Melo não citou em sua coletiva de apresentação que deu apenas duas assistências desde 2010 no futebol europeu, que tem feito bem menos desarmes que em temporadas recentes e que tem jogado muito menos nos últimos dois anos - tanto em qualidade quanto em quantidade. Basta dar uma olhada nos gráficos. Sua nota média pelo site WhoScored, baseada somente nos números de suas atuações, baixou mais de um ponto de 2014/15, no Galatasaray, para esta metade de temporada que esteve fazendo até dezembro pela Internazionale.

Ainda assim, o que sai nos jornais são suas declarações polêmicas. Ao dizer que tem muita qualidade técnica, que é o "verdadeiro pitbull", que sua seleção é o Palmeiras e que vai dar tapa em uruguaio na Libertadores se precisar, o volante conseguiu ganhar a simpatia dos torcedores palmeirenses e se impor diante dos jornalistas com um discurso agressivo e cheio de personalidade. Um discurso que, desta vez, esqueceu o essencial: por que ele não tem conseguido repetir o bom desempenho de outros tempos, e por que seus números, outrora tão citados, têm piorado?

Mas, para ser justo com Felipe Melo, não se pode incorrer no erro que ele próprio caiu em 2010, quando dizia que seus números eram incontestáveis e era por causa deles que ele merecia ser titular da seleção na Copa do Mundo. Apenas olhar para o desempenho frio é insuficiente na hora de analisar uma contratação. Aos 33 anos, experimentado por mais de uma década no futebol europeu, ele tem sim tudo para ser um bom reforço para o Palmeiras: encaixa na ideia da diretoria de agregar experiência a um elenco jovem, tem personalidade e fome para encarar a dureza que é a Libertadores e, o principal, pode fechar muito bem na ideia de time que Eduardo Baptista deve manter desde a Era Cuca.

Em 2016, o Palmeiras prescindiu da figura do articulador para ser campeão brasileiro. Embora Cleiton Xavier tenha jogado por vezes ali, a função foi várias vezes desempenhada com o recuo de Dudu e, quase sempre, tinha o apoio dos volantes Tchê Tchê e Moisés, além dos laterais. Felipe Melo deve ser um primeiro homem de meia-cancha neste time, protegendo a defesa, mas tem qualidade na enfiada de bola e no apoio ao ataque, por ter sido um bom camisa 10 no começo de carreira. Com a personalidade que tem, pode se adonar da meia-cancha palmeirense e agregar a ela o peso que faltou, por exemplo, na fraca Libertadores que o clube paulista fez no ano passado.

Basta jogar o que sabe para, nas coletivas, falar mais de seus números e menos de suas bravatas, como fazia antigamente.

Foto: Palmeiras/Divulgação.

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