Ninguém terá vida mais complicada na Libertadores que os clubes cariocas

Desta vez não coube ao Grêmio cair no grupo da morte da Libertadores. Se em 2014 e 2016 o Tricolor Gaúcho teve a tarefa mais complicada entre os brasileiros (pegando rivais como San Lorenzo, Atlético Nacional, LDU e Newell's Old Boys logo de cara), desta vez o caminho aparentemente é mais ameno. O Guaraní é campeão paraguaio, foi semifinalista em 2015, mas é uma ameaça menos grave, enquanto Zamora e Iquique são zebras - como Huachipato e Cucuta também já foram, cabe lembrar. Mas a tendência, claro, é de uma fase de grupos mais tranquila desta vez.

Toda complicação desta vez caiu no Rio de Janeiro: Flamengo e Botafogo acabaram pegando chaves complicadíssimas. O Fla terá pela frente o San Lorenzo, atual bi-vice campeão argentino, e a Universidad Católica, bicampeã chilena, dona dos dois troféus nacionais disputados em 2016. O terceiro adversário virá das fases preliminares, e poderá ser, entre outras possibilidades, Atlético Paranaense ou Millonarios, outros dois times de força bastante razoável. Não deve haver qualquer moleza.

Mas a situação mais complicada é mesmo a do Botafogo. Para começar, o alvinegro vai encarar na primeira etapa eliminatória o tradicional Colo Colo. Passando por ele, enfrentará o tricampeão Olimpia ou o atual vice Independiente del Valle, carrasco seu em 2014. Superando estes dois mata-matas complicados, terá uma fase de grupos terrível, com o atual campeão Atlético Nacional, o Estudiantes e o Barcelona de Guayaquil. Três equipes fortes e ao menos duas viagens bem desgastantes.

Do outro lado da moeda, além do Grêmio, o Palmeiras também deu sorte, em princípio. O Peñarol é tradicionalíssimo, mas vem em péssimo momento (14º colocado no Campeonato Uruguaio que recém acabou); o Jorge Wilstermann é modesto e não tem altitude; e o outro adversário poderá ser o Junior, ou alguém menos cotado, ninguém que assuste tanto.

Santos e Atlético Mineiro enfrentarão certa dificuldade, mas têm totais condições de passarem por serem os favoritos de suas respectivas chaves. O Peixe terá Santa Fe e Sporting Cristal, enquanto o Galo enfrentará Libertad, Godoy Cruz e Sport Boys com perspectivas de liderança. Única equipe aplaudida de todo o sorteio, a Chapecoense enfrentará mais dificuldades com seus próprios problemas do que com os adversários, embora Nacional, Lanús e Zuliá não constituam um grupo nada fácil.

Outra grande novidade do dia de ontem foi a disposição das datas da Libertadores. Com a fase de grupos iniciando em março e terminando no fim de maio, os clubes brasileiros têm a perspectiva de poderem dedicar-se um pouco mais aos estaduais que de costume. Nada de acavalar finais regionais com mata-matas continentais: as oitavas só começarão em agosto. Isso muda toda a lógica da temporada, inclusive em termos de preparação física: se antes os times brasileiros eram programados para atingirem dois picos no ano (maio e novembro), agora tudo se concentrará no final da temporada. Serão várias decisões juntas. A distribuição alongada tem tudo para ser melhor que o sistema atual. Vejamos na prática.

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