A volta de D'Alessandro é um consolo para o fim de ano do Inter
D'Alessandro em sua despedida do Inter, em fevereiro deste ano |
No começo do ano, quando o empréstimo ao Monumental de Núñez foi selado, considerei aquele o momento exato para sua saída, por mais que D'Alessandro deixar o Inter nunca fosse algo realmente bom. Pois não retiro uma vírgula do que disse: em termos técnicos, D'Ale deixou a desejar em 2015. Um dos poucos méritos de Argel Fucks em sua passagem pelo Beira-Rio foi o de ter conseguido fazer o time não depender mais tanto do camisa 10. Muito porque o próprio D'Alessandro já não rendia mais o mesmo.
Mas então por que agora seria uma boa ele retornar? Porque as circunstâncias mudaram. Em primeiro lugar, a exigência será bem menor: se desde 2014 D'Alessandro já não consegue mais ser o comandante de um time de primeira divisão em alto nível com regularidade, em 2017, mesmo aos 36 anos, ele jogará a Série B, onde o nível é bem mais modesto. No River Plate a história foi parecida: seu 2016 não foi bom. Teve lampejos, mas mais baixos que altos. A despedida com título na Copa Argentina foi positiva, claro, mas ao todo ele disputou apenas 30 dos 50 jogos da equipe de Buenos Aires, marcando cinco gols. Foi reserva em cinco jogos e titular em outros 25, sendo substituído 18 vezes. Fez apenas sete partidas completas o ano todo.
Mas o retorno de D'Alessandro pesa mais pelo lado anímico que pelo técnico. Embora sua categoria seja suficiente para que ele sobre na segunda divisão nacional, é resgatando a autoestima do torcedor colorado que ele mais poderá ajudar. Em 2016, esta figura que canalizasse a confiança da torcida jamais existiu. Alisson, a liderança técnica, saiu em abril; Paulão ameaçou sê-lo, mas o horroroso Brasileirão pôs tudo por água abaixo; Vitinho ajudou com seus gols, mas nunca teve essa personalidade; no fim do ano, talvez só o goleiro Danilo Fernandes fosse realmente respeitado pelas arquibancadas. Os treinadores, por sua vez, jamais inspiraram confiança em ninguém.
Agora, com D'Ale de volta, há alguém capaz de chamar esta responsabilidade. Não apenas um atleta que resolva numa bola parada uma partida difícil em Fortaleza contra o Ceará ou no Estádio do Café contra o Londrina. A contribuição dele pode ir além: alguém que freie uma possível ira da torcida com o técnico Antônio Carlos, de rejeição inicial grande por conta do episódio racista contra Jeovânio, em 2006. Alguém que saiba o peso de um Gre-Nal, mesmo que de Gauchão. Alguém que conheça de fato a enorme grandeza do clube - um clube que completa hoje dez anos do dia mais importante de sua história, e que ao mesmo tempo vive o pior momento dela. Alguém, enfim, que pode ajudar bastante na pior fase da história colorada justamente por conhecê-la tão bem.
Foto: Internacional/Divulgação.
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