Uma pequena diferença, mas também um abismo

Cleiton Xavier pôs Palmeiras perto do título e Inter no Z-4
Palmeiras e Internacional fizeram um jogo parelho no Allianz Parque. A chuva que abateu a capital paulista hoje à tarde ajudou a equilibrar um duelo de díspares: de um lado, o principal candidato ao título brasileiro; de outro, um gigante ameaçado de rebaixamento. Foram poucas chances de gol, mas o melhor time, como era de se supor, foi mais competente. Uma diferença tênue no jogo, mas enorme em termos de tabela e de ânimo.

Escalado da mesma forma que nos últimos jogos, o Internacional apostou na marcação forte para segurar o adversário. Não chegou a ser uma equipe totalmente reativa, ou que preferisse jogar sem a bola, mas a estratégia tinha nitidamente como foco impedir o Palmeiras de jogar. O problema é que o time de Celso Roth saiu perdendo cedo, num vacilo de bola parada defensiva. Cleiton Xavier fez 1 a 0 aos 16 e obrigou o Colorado a mudar de estratégia antes mesmo da metade do primeiro tempo. Sair perdendo assim, no começo, era uma complicação enorme.

A sequência do gol foi um abafa palmeirense na base da empolgação, logo contido pela boa marcação colorada. O problema, porém, era agredir o time paulista. Anderson, principal esperança de articulação, foi discreto no primeiro tempo. William se desdobrava, mas não tinha o cacoete da armação, e Alex mostra-se cada vez mais insuficiente para tocar este setor tão importante do time. Como nem mesmo os chutes longos de Vitinho foram possíveis desta vez, o Inter penava para levar perigo. Ao contrário, foi o Palmeiras que esteve mais perto de ampliar, em uma cabeçada de Mina defendida esplendidamente por Danilo Fernandes após escanteio.

Com Eduardo Sasha no lugar de Ceará, William jogou o segundo tempo na sua, a lateral direita. Com mais gente que sabe armar e bater a gol, o Inter voltou melhor, e quase empatou num contragolpe bem puxado e mal finalizado por Anderson. Para dar mais consistência à defesa, Cuca retirou Cleiton Xavier, que sentiu dores, e pôs Fabiano em campo, passando o lateral Jean para reforçar a marcação no meio. A mexida bastou para estancar a pressão. Nos minutos finais houve tentativa de um abafa, e antes alguns chutes perigosos de longe. Pouco para chegar ao empate.

Ao Palmeiras, não foi preciso jogar bom futebol para vencer. Nem era esse o objetivo, apenas os três pontos: com 70 pontos e agora seis de vantagem, o Alviverde fez uma festa de quase-título após o jogo. O modo como segurou com unhas e dentes o resultado, o choro de Dudu, a vibração intensa dos torcedores na chuva, tudo colaborou para uma festa bastante simbólica. Todos sabem que o título está muito perto. Com o tropeço do Flamengo e a vitória de hoje, está definitivamente encaminhado.

Já o Inter sabia que esta rodada previa dificuldades. Visitar o Palmeiras e ter seu principal rival na luta de tabela recebendo o Atlético-PR em Salvador era uma combinação quase certa de retorno à zona de rebaixamento. Ainda assim, ninguém está nunca preparado para isso: o destempero do veterano e sempre sereno Alex ao ser substituído é sintomático; a entrevista claramente preocupada de Fernando Carvalho também. Faltam só quatro jogos, e o Inter está entre os quatro últimos. Se chegou a ficar três partidas sem perder, agora está a quatro sem ganhar ao todo, e três pelo Brasileirão. A fase é novamente ruim, a perna pesa, a rotina é difícil. É a situação mais tensa dos últimos 14 anos.

Na próxima rodada, a tendência indica que é bem possível sair do Z-4 de novo. É aquilo que comentamos no último Carta na Mesa, após o desastroso empate em casa com o Santa Cruz: entre as rodadas 34 e 36, Internacional e Vitória devem se revezar na 17ª colocação. Os baianos visitarão o vice-líder Santos, tarefa inglória. Mas o Colorado precisa aproveitar e fazer sua parte: ganhar da Ponte Preta no Beira-Rio. Se não conseguir os três pontos na próxima rodada, a situação passará do drama para o desespero. E aí as chances de reversão começarão a se aproximar de vez do zero.
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Campeonato Brasileiro 2016 - 34ª rodada
6/novembro/2016
PALMEIRAS 1 x INTERNACIONAL 0
Local: Allianz Parque, São Paulo (SP)
Árbitro: Péricles Bassols Pegado Cortez (PE)
Público: 31.967
Renda: R$ 2.112.466,12
Gol: Cleiton Xavier 16 do 1º
PALMEIRAS: Jaílson (6), Jean (6), Mina (6,5), Vítor Hugo (6,5) e Zé Roberto (6); Thiago Santos (6,5) (Gabriel, 36 do 2º - sem nota), Tchê Tchê (5,5) e Cleiton Xavier (6,5) (Fabiano, 15 do 2º - 6); Roger Guedes (5) (Alecsandro, intervalo - 5,5), Gabriel Jesus (5,5) e Dudu (6). Técnico: Cuca
INTERNACIONAL: Danilo Fernandes (6,5), Ceará (5) (Eduardo Sasha, intervalo - 5,5), Paulão (5,5), Ernando (5) e Geferson (5,5); Rodrigo Dourado (5,5), Anselmo (6), William (5,5), Anderson (5) e Alex (4,5) (Valdívia, 28 do 2º - 5); Aylon (4,5) (Diego, 15 do 2º - 5,5). Técnico: Celso Roth

Foto: César Greco/Palmeiras.

Comentários

Vine disse…
Inter tem que fazer cálculos somente com empates, pois, como tu disse, nunca ganhou sem o Seijas em campo. Como o Roth não vai escalá-lo, o time precisa escapar do rebaixamento sem vitórias.