Pragmatismo leva o Grêmio à sua oitava final

Kannemann teve atuação segura: 0 a 0 leva o Grêmio à final
Depois de gastar a bola em Belo Horizonte, o Grêmio tratou de gastar o tempo em Porto Alegre. O jogo que definiu a ida dos gaúchos à decisão da Copa do Brasil pela oitava vez na história foi chato, truncado. E era exatamente isso o que o time de Renato Portaluppi queria. Pragmático, o Tricolor não teve qualquer constrangimento em jogar de forma reativa diante do Cruzeiro, mesmo que 52 mil pessoas lotassem a Arena. Segurou o resultado com relativa segurança e ficou mais perto de encerrar seu longo jejum de grandes títulos.

Com a volta de Henrique ao meio, o time mineiro apresentou bem mais consistência que no jogo de ida. Mano Menezes mudou bastante a equipe: saíram Lucas, Denílson, Sobis e Ábila entraram Henrique, Alisson, Willian e Cabral. Mas, novamente, faltou articulação. Com Robinho aberto demais e Arrascaeta discreto, cabia a Henrique e Cabral iniciarem as tramas da Raposa, auxiliados por Willian, que mostrava-se movediço voltando da área para o meio. Ainda assim, as chances criadas foram poucas - e, na maioria, chutes de fora da área.

O Grêmio tratava de defender a vantagem e só eventualmente saía para o ataque. Ficava atrás da linha da bola, mas ao mesmo tempo neutralizava com eficiência qualquer tentativa do Cruzeiro de chegar próximo à área. Foi o jogo de um time bem fechado contra outro pouco criativo, que sofria para entrar na zona de arremate. As duas melhores chances vieram em um chute despretensioso de Cabral, de longe, no travessão, e uma falta bem batida por Arrascaeta, que lambeu o travessão com Marcelo Grohe, aos 22 e 26 minutos, respectivamente.

Depois desses dois sustos, o Grêmio melhorou. Passou a valorizar mais a bola no campo de ataque, tendo em Maicon sua figura centralizadora do jogo. Luan, muito marcado e longe do gol, teve dificuldades. A inteligência de Douglas e o dinamismo de Ramiro foram os maiores argumentos ofensivos do time de Renato, que foi para o intervalo com o 0 a 0 e a vaga parcial, apesar de certa tensão do público, que sabia tratar-se de um jogo perigoso. Quem se decepcionou demais nos últimos anos sempre teme uma tragédia.

No segundo tempo, o Cruzeiro não tinha escolha a não ser se jogar para cima. Teve uma boa chance com Alisson aos 6, mas a melhor oportunidade do jogo foi gremista, no minuto seguinte, com Pedro Rocha perdendo cara a cara com Rafael. O lance foi um sinal claro que a Raposa, se se abrisse demais, tomaria gol. O recado inibiu a pressão do time mineiro, que embora tivesse a necessidade de fazer dois gols temeu também o cobertor curto - até porque, com Everton em campo, o Grêmio ganhava um contragolpe muito mais poderoso. Com Sobis e Ábila no time, as armas na reta final foram mais chutes longos e alguns cruzamentos - quase todos tirados por Pedro Geromel. O 0 a 0 se arrastou até os 50 do segundo tempo.

O Grêmio vai à decisão com total merecimento. Foi muito superior no Mineirão e, na Arena, viu sua proposta de jogo prevalecer em relação à do Cruzeiro. A atuação não foi exatamente boa, mas ainda assim as poucas defesas realmente difíceis da noite foram praticadas por Rafael, não por Marcelo Grohe. O time de Renato chega embalado para encarar o Galo: com a faca entre os dentes, mantendo o toque de bola da época de Roger aliado a uma maior competência na hora de se defender. Está pronto para ser campeão.

Por sinal, a festa na Arena ao final do jogo foi impressionante. É visível a ansiedade do torcedor do Grêmio em ver encerrado esse longo inverno de grandes taças. As chances são boas: o Atlético-MG será um adversário de alto nível, tem jogadores capazes de desequilibrar, mas a concentração e a determinação do time de Renato Portaluppi para levantar o título da Copa do Brasil são enormes. Nunca, nos últimos 15 anos, a fila gremista esteve tão perto de se ver encerrada. Faltam apenas dois jogos, no mais longo mês de novembro das últimas décadas para a nação tricolor.

Em tempo:
- Jogo de hoje teve o recorde de gremistas na Arena. Se cerca de 300 cruzeirenses compareceram, 52 mil tricolores foram à cancha. O público total do Gre-Nal só não foi batido por conta da baixa presença de torcedores mineiros, certamente desanimados após a derrota no Mineirão. Mas foi só um adiamento: diante do Galo, certamente haverá uma nova marca.

- Pendurado, Kannemann não levou cartão e joga a primeira partida da decisão. Salvo alguma lesão, o Grêmio irá completo para encarar o Galo.
____________________________________________________________
Copa do Brasil 2016 - Semifinal - Jogo de volta
2/novembro/2016
GRÊMIO 0 x CRUZEIRO 0
Local: Arena do Grêmio, Porto Alegre (RS)
Árbitro: Thiago Duarte Peixoto (SP)
Público: 52.363
Renda: R$ 1.708.865,00
GRÊMIO: Marcelo Grohe (6), Edílson (6), Geromel (7), Kannemann (6,5) e Marcelo Oliveira (6); Walace (5,5), Maicon (6,5), Ramiro (6) (Jaílson, 28 do 2º - 5,5), Douglas (6,5) (Rafael Thyere, 46 do 2º - sem nota) e Pedro Rocha (5,5) (Everton, 12 do 2º - 6); Luan (5,5). Técnico: Renato Portaluppi
CRUZEIRO: Rafael (6,5), Romero (6), Léo (6), Bruno Rodrigo (6,5) e Edimar (5,5); Henrique (6), Cabral (6,5) e Arrascaeta (5,5) (Rafael Sobis, 13 do 2º - 5); Robinho (5) (Ábila, 21 do 2º - 5,5), Willian (6) (Alex, 27 do 2º - 5) e Alisson (5,5). Técnico: Mano Menezes

Foto: Lucas Uebel/Grêmio.

Comentários

Eu só quero saber onde está o senhor Rafael Vilela (nem lembro se é esse o sobrenome), vulgo Chico, porque preciso dizer que espero ele na Goethe dia 30 para abraçá-lo enrolado no pavilhão gritando palavras de baixo calão e bebendo todas até os primeiros raios de sol tocarem o chão,

Sem mais
Vine disse…
Foi pênalti no Ramiro?
Chico disse…
Caro Fred, o senhor Rafael Villela (quase acertou) certamente estará presente em caso de triunfo do Tricolor, pois estive em todos os jogos em Porto desta nossa jornada épica. Será um prazer inenarrável comemorar com os fanáticos tricolores.

No primeiro tempo as marias foram bem, mas na segunda etapa o Tricolor foi bem melhor. Além do mais, tivemos um pênalti a nosso favor subtraído e um impedimento do Luan que não existiu.

5 minutos de descontou foi pura sacanagem daquele juiz ladrão.

Até quando o Pedro Rocha vai continuar perdendo golos?

Geromonstro e Kannemann fiadores da nossa classificação.


E o Tricolor chegou. Quem diria?

Vicente Fonseca disse…
Foi pênalti, sim, Vine! Mas fiquei em dúvida em outra jogada no segundo tempo, onde o Edílson desarmou um atacante do Cruzeiro na área. Na hora me pareceu pênalti, mas de longe. Não vi replay ainda.