O Inter tem o direito de reclamar da arbitragem, mas sua atuação e campanha são indefensáveis
Marlone comemora: pênalti polêmico na 17ª derrota do Inter |
Ponto.
Ter o direito de reclamar não significa que seja o mais sensato colocar a culpa do resultado toda nas costas do árbitro. Ao menos não neste momento: o presidente Vitório Piffero tem razão quando diz que o jogo mudou de figura após a marcação da penalidade, mas resumir suas explicações a isso certamente mais revolta que conforta o torcedor colorado. Principalmente porque não surpreende: a falta de autocrítica da diretoria vermelha foi a tônica destes dois anos em que Piffero ajudou a levar um time da Libertadores para a beira da segunda divisão.
Danilo Fernandes que o diga. Bem mais sensato que o mandatário colorado, esbravejou contra a falta de brios dos companheiros. Expor os pensamentos publicamente quase nunca é o mais recomendável, mas na hora do desespero isso é o de menos. Por mais que o jogo tenha mudado, não fosse por ele o Corinthians golearia em Itaquera. Aliás, não fosse pelas defesas milagrosas de Danilo em várias rodadas, o Inter provavelmente já estaria rebaixado. Lembram da vitória sobre o Coritiba? Ele pegou um pênalti decisivo. Por sinal, naquele jogo Valdívia cavou um pênalti que ele próprio admitiu não ter ocorrido. O discurso daquela noite, claro, exaltou um falso heroísmo. Não reconheceu erros, menos ainda falou de arbitragem.
Fernando Carvalho se saiu até melhor: se disse sem condições de falar nada após o jogo. É preferível mesmo calar que falar bobagem. Ninguém mais compra o discurso de Piffero, por mais que o Inter tenha sido prejudicado, por mais que tenha sido novamente contra o Corinthians. Porque o merecimento deste time em ser rebaixado é evidente, cristalino. Só a cúpula do clube e a antiga comissão técnica seguiam sustentando que o time vinha tendo boas atuações nos últimos jogos, quando não ganhou de mais ninguém. Isso muito mais irrita que mobiliza. Aliás, nem Carvalho conseguiu mobilizar o torcedor para o jogo de domingo, contra o Cruzeiro.
Talvez seja até mais prudente. As consequências do que poderá ocorrer domingo em caso de novo fracasso sugerem o ambiente mais tenso já vivido pelo Internacional. Em 2002, um jogo contra a Raposa, na penúltima rodada, praticamente selou a queda colorada para a Série B, revertida no histórico confronto diante do Paysandu, em Belém. Justo o Cruzeiro, que foi o antagonista de um dos momentos mais lindos e célebres da história do Beira-Rio, em 1975.
Foto: Corinthians/Divulgação.
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CHORA, PÍFFERO