Menos favoritismo, muito mais disposição

Sasha comemora o golaço que pôs o Inter nas semifinais
Favoritismo não serve para muita coisa, ainda mais em mata-mata. Já disposição, sim, e muito. Foi com ela que o time quase reserva do Internacional superou o Santos. Fez um gol cedo, passou o jogo inteiro classificado, foi pouco ameaçado e ampliou no fim. A classificação para a semifinal da Copa do Brasil foi tão surpreendente quanto merecida.

Mesmo bastante desfalcado, o Inter entrou em campo com o mesmo embalo da vitória sobre o Flamengo. Precisando vencer, se impôs com o apoio da torcida e encurralou o Peixe nos minutos iniciais. Fez 1 a 0 com Aylon (o terceiro dele no ano contra o Santos), pouco depois de Eduardo Sasha perder grande chance. A vitória, àquela altura, já era merecida. Combinada com o golzinho salvador de Seijas na Vila Belmiro, deixava o time de Roth classificado desde o início da partida.

Aí, o jogo mudou totalmente de figura. A postura colorada foi absolutamente reativa: diante de um time qualificado tecnicamente, fechou-se sem medo de ser feliz. A torcida entendeu a situação e jamais reclamou da postura, pelo contrário: comemorava cada carrinho, cada bola afastada e vibrava com as possibilidades de contra-ataque. Faltava, apenas, velocidade para aproveitá-los.

Se o Inter entrou com a empolgação do último domingo, o Santos veio ao Beira-Rio na mesma letargia do empate com os reservas gremistas. Em vez de criativo e envolvente, foi um time apenas ciscador. Lucas Lima era dos poucos que se apresentava, mas esteve sempre bem marcado. De resto, apenas cruzamentos esporádicos buscando Ricardo Oliveira e muitos toques improdutivos. Parecia ser um time sem noção da importância do jogo, diante de um que dava a vida em campo.

O jogo se arrastou com o mesmo panorama durante todo o segundo tempo. As entradas de Rafael Longuine, Rodrigão e Joel não mudaram tanto a vida santista, mas a de Valdívia deu ao Inter a velocidade que faltava para o Colorado agredir. O Peixe girava, girava, e não chegava a lugar algum. O time gaúcho, mesmo menos qualificado, era bem mais objetivo e perigoso quando tinha chance de atacar, até por pegar quase sempre uma defesa desguarnecida. Foi assim no finzinho, quando Sasha fez 2 a 0 num golaço de cobertura e decretou de vez a classificação.

Ser eliminado hoje não prejudicaria a vida do Inter em termos práticos no Brasileirão. Ao contrário: ter só a luta contra o rebaixamento para se preocupar seria até benéfico, por um lado. Mas vencer é sempre bom, ainda mais para quem precisa tanto de resultados. Então, mesmo que seja por uma competição paralela, a classificação de hoje faz o Colorado crescer ainda mais. Chega para o Gre-Nal bem como talvez ninguém esperasse dez dias atrás. E é importante que assim seja, pois o clássico sempre pode mudar o rumo de muitas coisas.

Em tempo:
- Como em 1997, o Inter se classifica diante do Santos fazendo 2 a 0 no Beira-Rio. E com Celso Roth na casamata.
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Copa do Brasil 2016 - Quartas de final - Jogo de volta
19/outubro/2016
INTERNACIONAL 2 x SANTOS 0
Local: Beira-Rio, Porto Alegre (RS)
Árbitro: Wagner Nascimento Magalhães (RJ)
Público: 17.249
Renda: R$ 188.390,00
Gols: Aylon 9 do 1º; Eduardo Sasha 42 do 2º
Cartão amarelo: Andrigo
INTERNACIONAL: Danilo Fernandes (6,5), Eduardo (6) (Ceará, 18 do 2º - 5,5), Alan Costa (6), Ernando (6,5) e Geferson (6); Eduardo Henrique (5,5), Fabinho (6), Alex (5,5) e Andrigo (5) (Valdívia, 26 do 2º - 5,5); Eduardo Sasha (7) e Aylon (6,5) (Vitinho, 32 do 2º - sem nota). Técnico: Celso Roth
SANTOS: Vanderlei (5), Victor Ferraz (5,5), Luiz Felipe (4,5), David Braz (5) (Rafael Longuine, 29 do 2º - 5) e Zeca (4,5) (Rodrigão, 41 do 2º - sem nota); Renato (5,5), Thiago Maia (5) e Lucas Lima (5,5); Paulinho (4,5) (Joel, 35 do 2º - sem nota), Ricardo Oliveira (5,5) e Copete (4,5). Técnico: Dorival Júnior

Foto: Ricardo Duarte/Internacional.

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