Ganhou o organizado, perdeu quem errou mais

Aírton e Dourado dividem: Inter segue na zona de rebaixamento
Botafogo e Internacional fizeram uma das partidas mais feias e equilibradas do Campeonato Brasileiro. Era normal que assim fosse: são dois times com objetivos na competição, ainda que bem distintos, mas que obrigavam a obtenção de um resultado positivo. O segundo tempo acabou sendo mais emocionante que o primeiro, mas ainda assim o jogo sempre esteve longe de ser bom. E venceu quem é mais organizado, como normalmente ocorre quando a paridade de forças é grande.

O lance que decidiu a partida diz muito sobre o que foi o jogo. Fora de casa, obtendo um empate que lhe era no mínimo razoável, o Inter permitiu ao Botafogo um contra-ataque aos 37 minutos do segundo tempo, com apenas dois defensores contra quatro atacantes alvinegros. Em toda a partida, o time da casa, mesmo tendo tomado mais a iniciativa do jogo, só permitiu aos gaúchos uma única jogada do tipo, na qual Vitinho escapou em velocidade, fintou dois marcadores e só parou numa ótima defesa do goleiro Sidão.

No futebol, normalmente ganha quem erra menos e quem tem menos pontos fracos na equipe. O Inter, é verdade, tomou só um gol nos últimos três jogos, mas segue tendo limitações sérias em sua defesa, especialmente de ordem técnica - Eduardo, zagueiro trazido do Náutico para tentar ajeitar o setor, entrou completamente estabanado neste e em vários outros lances das últimas rodadas. A equipe de Celso Roth, pelo segundo jogo seguido, cometeu pênalti numa fase decisiva da partida. Contar com os milagres de Danilo Fernandes duas vezes por semana não dá.

Vale ressaltar que não foram apenas os jogadores: Roth também se equivocou nas mexidas. Quando o apagado Valdívia saiu, Seijas é quem deveria ter entrado, e não Eduardo Sasha. A troca forçou Vitinho a jogar aberto pela esquerda, posição em que ele menos rendeu com Paulo Roberto Falcão. Para um time que depende quase que exclusivamente dos bons chutes de seu único atacante para fazer gols, esta mudança de posicionamento foi quase que uma sentença de morte para as possibilidades de deixar o Rio de Janeiro com uma vitória.

O organizado Botafogo entra no G-6 com os méritos de Jair Ventura, um treinador que transformou um time comum numa engrenagem confiável e extremamente organizada. Já o Inter, mesmo com resultados paralelos ajudando, não consegue deixar a zona de rebaixamento. Um empate já serviria para este propósito, mas a derrota só fez o Figueirense se aproximar um pouco na classificação. O Colorado agora encara o vice-líder Flamengo pressionadíssimo, antes de visitar o Grêmio numa Arena certamente lotada e ansiosa para empurrar o rival rumo à segunda divisão. Numa sequência dura como a que o Colorado está tendo, perder qualquer ponto como o que vinha sendo obtido ontem é grave.

Seja quais forem os próximos resultados, uma coisa é certa: todo otimismo que se possa ter em relação a escapar do rebaixamento passa muito mais pela fragilidade de concorrentes como o Sport, o Figueirense ou o Vitória do que por méritos próprios. Porque o Internacional vem jogando tão mal quanto eles, mesmo quando eventualmente consegue uma vitória a fórceps dentro de casa contra rivais fracos. Contra equipes melhores, avisávamos, seria preciso jogar mais. Ontem até não foi tão mal como em outras vezes, e ainda assim foi insuficiente.

Secação em Campinas
A maioria dos concorrentes colorados mais diretos jogou ontem. O Figueirense trouxe um ponto do Couto Pereira e o Sport foi goleado em Chapecó. Hoje, a principal secação colorada é em Campinas, quando o Vitória visita a Ponte Preta. Vale dar uma torcida também por Palmeiras e Santos diante de Cruzeiro e São Paulo, que podem se distanciar de vez na tabela se obtiverem bons resultados.

Confronto direto na Arena
Três semanas depois do dramático duelo pelas oitavas de final da Copa do Brasil, Grêmio e Atlético Paranaense voltam ao mesmo cenário para um confronto decisivo pelo G-6 do Brasileirão. A equipe de Renato Portaluppi terá vários retornos em relação ao time que venceu o Vitória na semana passada: Marcelo Oliveira, Maicon e Luan devem entrar nas vagas de Iago, Jaílson e Henrique Almeida. A questão é saber como o time renderá com o novo-velho segundo volante: Maicon é menos dinâmico e mais técnico que Jaílson. Testes também visando à decisão contra o Palmeiras, esta sim a partida mais importante dos últimos meses gremistas.

Noite de clássicos em locais não tão comuns
O Fla-Flu merecia mais que Volta Redonda como sede, pelo momento e importância. É o grande jogo da noite e desta rodada, envolvendo um candidato ao título e um postulante sério à Libertadores do ano que vem. No Pacaembu, o São Paulo pode ficar ameaçado de vez se não conseguir uma vitória sobre o Santos, em jogo com torcida única - e tricolor. Até em Belo Horizonte o clássico da vez será em local inusitado: mandantes costumeiros no Independência, Atlético e América se enfrentarão no Mineirão.

Foto: Vitor Silva/SSPress/Botafogo.

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