Com a personalidade de Everton, uma justa classificação

Everton foi o nome da classificação do Grêmio em São Paulo
Everton era o melhor jogador do Grêmio quando se lesionou e ficou quase um mês parado. Após sua saída, o time despencou na tabela do Brasileirão em poucas rodadas. Nos últimos dois jogos, de volta ao ritmo de jogo, fez a diferença. Ontem, inegavelmente, foi o grande personagem da decisão contra o Palmeiras, sofrendo a entrada que causou a expulsão de Allione e marcando o gol da classificação à semifinal em uma jogada conhecida de muitos, mas que poucos conseguem conter: o drible para dentro e o chute seco e rasteiro no canto do goleiro.

Talvez o Tricolor não conseguisse empatar a partida se o atacante argentino do Palmeiras não fosse expulso. Mas o fato é que o cartão vermelho foi merecido, e mais: o time de Renato Portaluppi soube aproveitar muito bem a vantagem numérica. O 11 contra 10 despertou no Grêmio algo que este time conhece bem, mas não havia exercido ainda em campo: trabalhar a bola com paciência no campo de ataque. Diante de um Verdão recuado, que só esperava por um contragolpe para matar o jogo, conseguiu o gol numa de suas trocas de bola mais longas no campo de ataque, algo essencial para abrir defesas fechadas.

Muito determinado a sair de São Paulo com a classificação, o Grêmio jogou no erro do Palmeiras durante todo o primeiro tempo. Sua estratégia de impedir que houvesse jogo foi relativamente bem sucedida: o time de Cuca não teve muitas chances. Mas faltava a velocidade para executar o contragolpe de forma perigosa e bem sucedida. Pedro Rocha teve grande chance de marcar em passe de primeira de Douglas, e o time gaúcho ficou quase que só nisso.

O segundo tempo começou diferente, com o Grêmio atacando e levando perigo. Marcelo Oliveira quase fez de cabeça (grande defesa de Jaílson), mas foram os paulistas que largaram na frente. Era o primeiro gol de bola aérea sofrido pelo Tricolor com Renato no comando, um erro coletivo e num momento importante do jogo. E que forçava os gaúchos a buscarem o ataque com mais vigor. Só que fora de casa, e diante de um time muito forte (mesmo com vários reservas), a tarefa era complicada. Ainda mais porque o próprio Grêmio tem sabidas dificuldades de criação.

A expulsão de Allione facilitou a vida gremista no sentido de forçar o time de Cuca a recuar, não poder encarar o Grêmio de igual para igual. A entrada de Everton, por sua vez, deu mais verticalidade, drible e conclusão a quem precisava de tudo isso. Na base da ocupação do campo de ataque, o Tricolor chegou ao empate. Os 18 minutos finais foram de um Palmeiras claramente inferior em termos físicos, se arrastando em campo. Mas, mesmo menos inteiro, chegou a levar perigo no abafa em determinados instantes. Foram dos gaúchos, porém, as melhores chances de vencer - todas em contragolpes, e todas desperdiçadas.

O Grêmio mereceu a classificação. Empatou por circunstâncias que mudaram a lógica da partida, mas soube aproveitá-las com méritos e, no conjunto dos 180 minutos, foi superior. Poderia ter vencido por diferença maior em Porto Alegre, e só sofreu ontem porque tomou um gol em casa que, bem mais que o marcado ontem no Allianz Parque, fugia completamente à lógica da partida. Vai para a semifinal contra o Cruzeiro fortalecido por ter arrancado, com maturidade e personalidade, um empate fora de casa contra o líder do Campeonato Brasileiro, revertendo uma desvantagem sofrida em meio ao segundo jogo. Isso tudo dá força e confiança a quem tanto precisa de uma taça no armário.

Em tempo:
- A escalação de Renato para o Gre-Nal de domingo será o mistério do ano. Pelas entrevistas pós-jogo, fica claro que alguns jogadores podem ser poupados. Mas time totalmente reserva, como diante do Santos, é bem improvável.

- Se Renato diz que o jogador é quem se escala, Everton conquistou a titularidade ontem. Ou ainda não?

- Grande atuação de Kannemann no combate aos atacantes palmeirenses. Superou até Geromel ontem. Já a lerdeza de Walace quase comprometeu.
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Copa do Brasil 2016 - Quartas de final - Jogo de volta
19/outubro/2016
PALMEIRAS 1 x GRÊMIO 1
Local: Allianz Parque, São Paulo (SP)
Árbitro: Elmo Alves Resende Cunha (GO)
Público: 29.991
Renda: R$ 1.697.841,08
Gols: Thiago Martins 5 e Everton 30 do 2º
Cartão amarelo: Edu Dracena, Edílson, Douglas, Geromel e Everton
Expulsão: Allione 19 do 2º
PALMEIRAS: Jaílson (6), Fabiano (6) (Jean, 19 do 2º - 5,5), Edu Dracena (6), Thiago Martins (6,5) e Egídio (6); Thiago Santos (5,5), Gabriel (5,5) e Cleiton Xavier (5) (Érik, 21 do 2º - 5); Allione (2), Barrios (5,5) (Zé Roberto, 24 do 2º - 5,5) e Gabriel Jesus (6). Técnico: Cuca
GRÊMIO: Bruno Grassi (6) (Léo, 21 do 2º - 6), Edílson (6), Geromel (6), Kannemann (7) e Marcelo Oliveira (6); Walace (4,5), Maicon (5,5), Ramiro (5,5) (Miller Bolaños, 27 do 2º - 5,5) e Douglas (6,5); Pedro Rocha (5) (Everton, 15 do 2º - 7,5) e Luan (5,5). Técnico: Renato Portaluppi

Foto: Lucas Uebel/Grêmio.

Comentários

Anônimo disse…
O time foi não se descontrolou depois de tomar o primeiro gol, mas como perde chance de matar o jogo. Já foi assim contra o CAP e de novo ontem. Vai ter que melhorar bem a pontaria pra passar nas próximas.
Chico disse…
Os jogos contra os porcos paulistas sempre são uma guerra e, desta vez, nos vingamos de 2012. Dá-le GRÊMIO!

Chupa Gaybriel chorão!

Cebola Éverton , o salvador!