Renato pode ajudar o Grêmio no curto prazo. Mas e depois de dezembro?

Renato chega com tarefa igual à de 2010: recuperar a confiança 
A saída de Giuliano foi importante para a queda de rendimento do Grêmio. As perdas de nomes como Bobô e Marcelo Hermes também ajudaram a diminuir a qualidade do elenco - hoje, diante do Fluminense, o banco tricolor era composto basicamente por jovens pouco experimentados e nomes mais rodados, porém medíocres. Mas nem essas perdas, nem as mudanças de esquema de Roger, nem as brigas internas entre a antiga comissão técnica e o antigo departamento de futebol, explicam sozinhos a queda de rendimento tão brusca apresentada pelo time.

Na derrota para o Fluminense, a quinta em seis rodadas, ficou claro que falta, acima de tudo, confiança ao time do Grêmio. A equipe que entrou em campo hoje tinha nada menos que oito nomes que mantiveram o clube entre os três melhores do campeonato até 25 dias atrás. Passadas cinco semanas da melhor partida gremista na competição, nos 3 a 0 sobre o Corinthians, isso ajuda bem a explicar porque Walace parece ter desaprendido a dar um passe para frente, Luan não encaixa um drible sequer, Maicon não consegue mais distribuir jogo, Douglas erra passes a rodo e nem Geromel acerta o tempo de bola.

E onde entra Renato Portaluppi nisso tudo? Se a saída de Roger Machado é um erro que não há mais como evitar, é o eterno ídolo tricolor o nome certo para comandar o Grêmio nos meses que restam de temporada, justamente por este motivo: Renato sabe como poucos recuperar a confiança de um grupo perdido. Em 2010, chegou em meio a uma crise terrível, curiosamente após uma derrota em casa para o mesmo Fluminense, e estreando justamente em uma competição paralela, em casa, quando o time tinha a vantagem. Naquela oportunidade, o Goiás fez 2 a 0 e tirou os gaúchos da Copa Sul-Americana, mas a campanha de recuperação foi tão boa que o time saiu do 18º para o 4º lugar em 24 rodadas no Brasileirão.

Agora, Renato terá a metade dos jogos que teve seis anos atrás: são 12 partidas até o fim do ano, se contarmos somente o Brasileiro. E o seu contrato, então, se encerrará. E então vai vir a pergunta: é possível confiar a ele a montagem do time de 2017? Se ele for bem neste curto período, será difícil não mantê-lo, devido à idolatria irrestrita da torcida. Mas há outro fator aí: as eleições presidenciais. Nada garante, caso Romildo Bolzan perca as eleições, que Renato seguirá na Arena no ano que vem. Aliás, mesmo que o atual mandatário seja reeleito isso não é garantia alguma.

Diante do Flu, Luan jogou longe do gol - e mal, mais uma vez
Na verdade, isso tudo são conjecturas que pouco importam agora. Afinal, não há projeto sério que seja interrompido bruscamente a três meses do fim de uma temporada. Renato chega amanhã para recuperar a confiança perdida de um elenco que não consegue mais jogar 20% do que sabe, mas também para respaldar Bolzan num período eleitoral que promete ser turbulento, já que a fase dentro de campo não é nada boa. Não há como a atual direção pensar no ano que vem sem se manter no poder. Por isso, Renato é tão importante.

A estreia do novo treinador é absolutamente decisiva em todo esse processo. A Copa do Brasil é a esperança de título que resta ao gremista neste ano, e nada leva a crer, pelo mau futebol que o time vem apresentando, que mesmo tendo vencido em Curitiba o Tricolor seguirá adiante na quarta-feira. O Atlético Paranaense é o mesmo time contra o qual Renato estreou em 2013, e o mesmo que eliminou o Grêmio da Copa daquele ano, com o mesmo Renato na casamata. São muitas coincidências tristes que precisam ser superadas num momento de muitas dificuldades e de falta de confiança. Mas com isso Portaluppi sabe lidar bem.

Fotos: Grêmio/Divulgação.

Comentários

Anônimo disse…
Ninguém vai admitir, mas para 3 meses de contrato é porque o objetivo se tornou apenas salvar o ano. Chegar aos 45 pontos logo e ir o mais longe que der na Copa do Brasil. E só alguém muito identificado com o clube para aceitar o papel de tampão, já que um treinador de fora iria querer um contrato mais longo (embora o salário deva ser alto para isso).

Pelo lado político, a decisão até que faz sentido, pois evita que a próxima direção assuma com um treinador que não seja de sua escolha. Pelo lado técnico, a expectativa é mínima. Agora é só tentar diminuir o estrago.