Enquanto apostar na mediocridade, o Inter seguirá afundando rumo à Série B

Sasha recebeu mais uma chance e de novo fez jogo discreto
É difícil dizer com precisão o que tem sido pior: as atuações do Internacional ou as avaliações feitas por quem faz a gestão do futebol do clube a respeito de cada tropeço. Diante do Vitória, a derrota por 1 a 0 foi corretamente diagnosticada por Celso Roth como uma partida de baixíssimo nível do time, mas a solução encontrada foi trágica: colocar mais volantes e retirar Nico López e Seijas (os dois melhores jogadores do time em termos técnicos) em busca de um suposto equilíbrio defensivo. As mexidas contra o América não funcionaram, claro: mais uma derrota veio. E mais uma avaliação equivocada foi realizada após o jogo no Independência.

Roth e Fernando Carvalho viram algo que só quem não quer enxergar a realidade poderia afirmar: que o Inter controlou o jogo e só perdeu esse controle ao tentar se abrir para buscar a vitória em Belo Horizonte. Como se a saída de Anselmo para a entrada de Seijas e a retirada de Sasha para o ingresso de Nico tivessem piorado o time. Como se o time pudesse piorar.

Em nenhum momento coisa alguma disso aconteceu. Seijas entrou aos 30 minutos do segundo tempo, após o América perder três gols seguidos com bons chutes do meia Ernandes. Antes disso, o Inter criou duas oportunidades no começo do jogo e outras três entre os 17 e os 21 da etapa final, apenas por conta de cruzamentos. Em Belo Horizonte, o Internacional não criou nenhuma chance trabalhando a posse de bola, o que já era esperado, mesmo diante do pior time do campeonato, pois seu jogador mais criativo foi sacado para a entrada de um volante medíocre.

Mas e o equilíbrio defensivo? Não deu as caras, mesmo com Dourado, Fabinho e Anselmo protegendo a área. O Internacional permitiu ao América 13 oportunidades de gol e 21 finalizações. É verdade que cinco dessas 13 chances ocorreram após a troca de Seijas por Anselmo, mas ainda assim foram raros os momentos de controle sugeridos por Roth e Carvalho. Durante quase toda a noite, o América é quem tomou a iniciativa, e não apenas porque o Colorado se defendia mal, mas principalmente por que não agredia o adversário. Isso chamava o time mineiro para a pressão o tempo todo, por mais fraco que ele seja.

O Inter já insistiu demais na mediocridade em 2016. Sabemos que o grupo de jogadores é o mais fraco que há no Beira-Rio desde 2004, mas ainda assim a 18ª colocação parece um exagero. O time é pobre tecnicamente, mas foi nivelado por baixo por Argel Fucks durante sete meses neste ano, período em que muitos preferiam se enganar com resultados bons vindos de forma fortuita, sem analisar criticamente um desempenho quase sempre sofrível, de um time que se contentava em jogar pouco e criar quase nada. Pois bem: agora o Inter precisa criar oportunidades de gol para vencer, pois quando a fase é ruim e a confiança está em baixa, produzir pouco (e às vezes até produzir muito) é sinônimo de derrotas. O difícil é conseguir isso em setembro, ainda mais retirando os jogadores mais talentosos da equipe diante do lanterna do Brasileirão. Não se acha do nada uma mecânica vitoriosa depois de tantos meses se contentando com um futebol pobre.

Foto: Ricardo Duarte/Internacional.

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