100% com Tite, e na sequência mais difícil
Implacável na cabeça de área, Casemiro foi o melhor em campo |
Muito da boa atuação do primeiro tempo veio, claro, por conta do gol cedo. O modo como ele saiu seria uma tônica do jogo, inclusive: Neymar forçando pelo lado direito, em cima do lateral Medina. Cavou o escanteio, bateu com perfeição e Miranda cumprimentou de cabeça no primeiro pau. Como diante de Venezuela e Uruguai, o Brasil abriu o placar com menos de dois minutos de partida.
O gol logo a um minuto tirou a Colômbia da zona de conforto logo de cara: times de José Pekerman nunca entram em campo pensando só em se defender, mas era lógico que o empate servia aos visitantes. Agora, porém, em vez de poder jogar no erro brasileiro, os colombianos eram obrigados a rever todo plano de jogo e arriscar mais. Explorar a velocidade de Muriel ficou mais difícil. Era preciso, então, que Macnelly Torres entrasse mais no jogo ao lado de James Rodríguez. Mas o camisa 10 não teve parceria - e ainda foi exemplarmente marcado por Casemiro, seu companheiro de Real Madrid, e que deve enfrentá-lo semanalmente a cada treino no Santiago Bernabéu.
O Brasil detinha o controle do jogo, mas explorava pouco o lado direito. Com Daniel Alves ocupado com Muriel, Willian não tinha parceria e foi discreto. Mesmo que Gabriel Jesus não brilhasse, o meio era dono do jogo, com muita consistência de Casemiro e, especialmente Renato Augusto. Algumas chances foram criadas, o segundo gol parecia perto, até que veio o inesperado empate colombiano, em ótimo levantamento de James que Marquinhos desviou contra. O Brasil sentiu o golpe, Neymar quase perdeu a cabeça antes do intervalo. A parada veio em boa hora.
Tite tentou mudar não mudando peças num primeiro momento. O Brasil começou o segundo tempo agressivo, mas a Colômbia se mostrou preparada para contragolpear, sugerindo que se atirar seria uma ameaça até mesmo de derrota. A entrada do veloz Cuadrado no lugar do cadenciado Macnelly Torres reforçou esta ideia. O jogo ficou tão estudado quanto perigoso. Tite, então, repetiu o ato de Quito: Willian até vinha crescendo na etapa final, mas acabou sacado para a entrada de Philippe Coutinho. A seguir, Paulinho saiu para o ingresso de Giuliano, jogador com poder de recomposição, mas mais capacidade criativa. E, suprema ironia, foi não insistência, mas num contra-ataque, com a participação destes dois jogadores, que saiu o gol salvador de Neymar, em genial chute cruzado que, enfim, venceu o ótimo goleiro Ospina.
Não foi brilhante, mas foi consistente e na base das alternativas táticas. Em apenas dois jogos, o Brasil de Tite já se mostra bem superior ao de Dunga, e já nem corremos o risco de estarmos nos precipitando ao fazer esta análise. Com o antecessor, a Seleção jogava em função de Neymar; agora, ele é a cereja do bolo, mas não o recheio todo. As duas vitórias contra equatorianos e colombianos vieram através da enorme capacidade coletiva apresentada: setores dialogando, sistema de jogo compacto, jogadores ocupando espaços e se aproximando para tabelamentos. Tudo o que se pedia, e que antes faltava. E ontem, também, superou-se outro aspecto que pesou muito em tempos recentes: a pressão psicológica. O Brasil mostrou força para passar por cima do momento difícil a que foi submetido em campo e chegou ao segundo gol sem perder o controle dos nervos - um aspecto que Tite também sabe lidar com maestria.
Em uma sequência das mais complicadas das eliminatórias, o Brasil se tornou o único país a ganhar seus dois jogos. Sai da incômoda 6ª colocação, que o deixava fora até da repescagem por longos seis meses, e pula para a vice-liderança, que tem toda a cara de ser igualmente provisória. Mês que vem, tendo pela frente Bolívia e Venezuela, é a hora de pular para a ponta, chegar a 21 pontos em 10 partidas (ótimos 70% de aproveitamento) e começar a encaminhar o passaporte para o território russo. Nada mal para quem temia terminar o turno fora da zona de classificação.
Em tempo:
- Coutinho será reserva de novo contra a Bolívia em Natal?
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Eliminatórias da Copa do Mundo 2018 - América do Sul - 8ª rodada
6/setembro/2016
BRASIL 2 x COLÔMBIA 1
Local: Arena da Amazônia, Manaus (AM)
Árbitro: Patricio Loustau (ARG)
Público: 36.601
Renda: R$ 5.840.500,50
Gols: Miranda 1 e Marquinhos (contra) 35 do 1º; Neymar 28 do 2º
Cartão amarelo: Paulinho, Neymar, Marcelo, Giuliano e Medina
BRASIL: Alisson (5,5), Daniel Alves (6,5), Marquinhos (5), Miranda (6,5) e Marcelo (6,5); Casemiro (7,5), Paulinho (5,5) (Giuliano, 25 do 2º - 6) e Renato Augusto (6,5); Willian (5,5) (Philippe Coutinho, 20 do 2º - 7), Gabriel Jesus (6) (Taison, 40 do 2º - sem nota) e Neymar (7,5). Técnico: Tite
COLÔMBIA: Ospina (7), Medina (5), Jeison Murillo (5), Óscar Murillo (6) e Díaz (5,5); Barrios (5,5), Sánchez (6), Macnelly Torres (4,5) (Cuadrado, 6 do 2º - 6) e James Rodríguez (6); Muriel (5,5) (Marlos Moreno, 36 do 2º - sem nota) e Bacca (5,5) (Roger Martínez, 26 do 2º - 5). Técnico: José Pekerman
Foto: Lucas Figueiredo/CBF/Divulgação.
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