Uma estreia até acima do esperado
Miller marca após lindo toque de Douglas: Grêmio começa bem |
Mais que isso: o Grêmio mereceu o resultado. O primeiro tempo foi tão gaúcho que o Atlético-PR sequer finalizou contra o gol de Marcelo Grohe, algo raríssimo para um time que joga em casa. Aproveitando o regresso de seus dois titulares campeões olímpicos, Roger mexeu no esquema: retirou os dois ponteiros, manteve Miller Bolaños no ataque com Luan e escalou Ramiro ao lado de Jaílson e Walace. Na teoria, três volantes e retranca; na prática, um time que controlou bem o setor mais importante do campo e atuou quase sempre com dois meias, já que Jaílson e Ramiro se revezavam nas subidas ao ataque.
Ironia do destino, o gol do Grêmio surgiu de uma escorregada no gramado artificial molhado de Marcos Guilherme, homem que deveria centralizar a criação do Furacão, mas mal participou do jogo. O passe de Douglas para Bolaños foi genial, o símbolo de uma atuação superior e segura da equipe gaúcha. Com imposição física e tática, o time visitante envolveu o Atlético-PR através de uma ótima partida de Walace e de intensa movimentação de todos os seus homens de meio e frente. Atrás, Geromel ganhava todas por cima.
No segundo tempo, a história foi um pouco diferente. Com a entrada de Juninho no lugar de Galhardo, o Furacão ganhou uma jogada forte pelo lado do campo. Com João Pedro no de Marcos Guilherme, recuperou o setor criativo e passou a disputar a meia-cancha palmo a palmo com o Grêmio. Com mais cruzamentos chegando desde a linha de fundo, a zaga tricolor penou mais na bola aérea, com Luan e André Lima levando vantagem sobre Geromel e Kannemann algumas vezes.
A pressão, porém, durou pouco mais de 10 minutos. Localizadas as peças que causavam problemas, o Grêmio reencaixou a marcação e voltou a ter o jogo sob controle, ainda que o Furacão, mais bem armado com João Pedro, chegasse com perigo vez por outra no ataque. Mesmo assim, as melhores chances de marcar no segundo tempo foram na maioria gremistas - duas delas, uma com Luan, outra com Everton, foram desperdiçadas frente a frente com Wéverton. O único pecado gaúcho foi não ter definido a parada hoje mesmo, perdendo mais uma vez gols demais. A torcida paranaense reconheceu os problemas do time e vaiou fortemente a direção nos cinco minutos finais, deixando claro que não gostou da atuação e que se indigna com o mau momento atleticano.
Mesmo que a vitória de hoje pudesse ter sido mais ampla, quem reclama está de barriga cheia. O Grêmio deu azar no sorteio, pegou o adversário mais difícil do Pote 2, mas o venceu, fora de casa, e jogando em muito bom nível. A última vitória longe de Porto Alegre havia ocorrido há três meses, no fim de maio, contra o Atlético-MG, no comecinho do Brasileirão. Estrear na Copa do Brasil ganhando de uma equipe que faz um bom ano, e longe de casa, é uma ótima arrancada.
Em tempo:
- Coincidências paranaenses: em 2015, o pior jogo do Grêmio no turno do Brasileirão foi diante do Coritiba, no Couto Pereira, derrota por 2 a 0. Nas oitavas da Copa do Brasil, voltando ao estádio do Coxa, o Tricolor venceu por 1 a 0 no jogo de ida. Neste ano, a história se repetiu, mas diante do Atlético-PR, o outro time de elite da capital paranaense.
- Será este esquema uma forma de Roger acomodar Jaílson no time ao lado de Walace e Maicon? E/ou acomodar Bolaños junto de Luan e Douglas? As próximas rodadas dirão. Mas é uma possibilidade - e o principal: funcionou.
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Copa do Brasil 2016 - Oitavas de final - Jogo de ida
24/agosto/2016
ATLÉTICO-PR 0 x GRÊMIO 1
Local: Arena da Baixada, Curitiba (PR)
Árbitro: Ricardo Marques Ribeiro (MG)
Público: 16.336
Renda: R$ 320.995,00
Gol: Miller Bolaños 6 do 1º
Cartão amarelo: Thiago Heleno e Marcelo Oliveira
ATLÉTICO-PR: Wéverton (6,5), Léo (4,5), Paulo André (5,5), Thiago Heleno (5,5) e Sidcley (5); Otávio (5,5), Hernâni (5), Galhardo (4,5) (Juninho, intervalo - 5,5) e Marcos Guilherme (4) (João Pedro, intervalo - 6); Luan (5,5) (Giovanny, 27 do 2º - 5) e André Lima (5). Técnico: Paulo Autuori
GRÊMIO: Marcelo Grohe (6,5), Edílson (6), Geromel (7), Kannemann (6) e Marcelo Oliveira (5,5); Walace (7), Ramiro (5,5), Jaílson (6) e Douglas (7); Luan (6) (Kaio, 45 do 2º - sem nota) e Miller Bolaños (6,5) (Everton, 37 do 2º - sem nota). Técnico: Roger Machado
Foto: Geraldo Bubniak/Agência Press Digital/Grêmio.
Comentários
O Tricolor jogou melhor e mereceu a vitória, até por mais.
O que tu achastes da atuação do Kannemann?