Pela 5ª vez nesta Libertadores, o Independiente del Valle provou que o impossível é para os fracos

Independiente del Valle comemora classificação na Bombonera
Jogar na Bombonera não é nada fácil. Imagina então começar perdendo logo aos três minutos uma exígua vantagem de 2 a 1 obtida no jogo anterior diante do Boca. Se o seu time é um novato em competições continentais e tem um dos orçamentos mais modestos do já pouco pujante futebol equatoriano, digamos que suas chances de uma reversão não seja das maiores. Pois é aí que a história fantástica do jogo de ontem começa.

O Independiente del Valle conseguiu o que vários clubes multicampeões tentaram, sem sucesso, nas últimas décadas. Talvez justamente por ser surpresa. Em vários momentos desta Libertadores já falamos a frase "agora, esse time pequeno vai cair". Logo na etapa preliminar, diante do Guaraní paraguaio, semifinalista de 2015, um pênalti no último minuto no Defensores del Chaco deixou a equipe da pequena Sanguiloquí, região metropolitana de Quito, na berlinda. O centroavante López isolou por cima da meta e iniciou, ali, uma saga que chega até a tão sonhada final.

O segundo momento de "chegou o fim da linha" foi na rodada decisiva da fase de grupos. Era preciso segurar um empate diante do tradicional Colo-Colo, em Santiago, para que o Independiente seguisse rumo aos mata-matas pela primeira vez na história. Com milagres do goleiro Azcona e uma atuação histórica do zagueirão Mina, o 0 a 0 salvador veio. Mas, convenhamos, tirar o atual campeão River Plate nas oitavas era um pouco demais.

Pois o Independiente tirou o River. E o Pumas, mesmo depois de sair perdendo por 2 a 0 em apenas 17 minutos no jogo de volta, no México. E, ontem, o Boca. Nos dois jogos contra os xeneizes, saiu perdendo. Em ambos virou o placar. Autor de um golaço no Atahualpa semana passada, o centroavante Angulo foi oportunista ontem ao aproveitar o erro bizarro do experiente goleiro Orión e fazer o terceiro gol, que praticamente decretou a eliminação argentina dentro da Bombonera. Alguém lembra o último time que eliminou River e Boca, fora de casa, numa mesma Libertadores? Nem tem como lembrar mesmo: é feito inédito.

O erro crasso de Orión foi o símbolo do jogo: o copeiríssimo multicampeão Boca Juniors atônito diante de um Independiente del Valle seguro e dono da partida. O gol de empate, aos 24, de Caicedo, já punha um balde de água fria na já gelada noite de Buenos Aires. Na volta do segundo tempo, quando todos esperavam a pressão argentina, vieram os três minutos que mataram de vez os hexacampeões continentais. O segundo gol do ótimo Pavón, aos 45, em nada representa a segunda etapa: mesmo com Lodeiro perdendo pênalti, o Independiente esteve sempre mais perto do 4 a 1 que de sofrer o 3 a 2, placar final e que entra para a história.

A Libertadores terá uma inusitada final entre um time colombiano e um equatoriano. É a decisão mais inesperada desde, provavelmente, Argentinos Juniors e América de Cali, então finalistas pela primeira vez na história, em 1985. Mas a chegada do Atlético Nacional não chega a surpreender: grandes campanhas nos últimos dois anos já indicavam que o time de Medellín disputaria em breve a uma final continental. Dono da melhor campanha desde a largada da Libertadores, é sem dúvida o favorito ao título. E, justamente por isso, precisa tomar cuidado: afinal, Guaraní, Colo-Colo, River, Pumas e Boca também chegaram mais cotados para os confrontos com a surpresa equatoriana.

Foto: Conmebol.

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