No Morumbi, o Atlético Nacional mostrou a maturidade e a sabedoria dos grandes campeões
O decisivo Borja: dois gols e expulsão cavada |
Caso reverta os 2 a 0 sofridos ontem em pleno Morumbi, o Tricolor Paulista alcançará uma das jornadas mais espetaculares de sua história. Não apenas porque vencer com sobras em Medellín seja tarefa dificílima (embora seja o mínimo para seguir adiante), mas, principalmente, porque ela terá de ser obtida diante daquela que, desde o início, tem sido a melhor equipe da Copa Libertadores deste ano. Um time que passou 50 dias sem entrar em campo pela competição, mas que manteve a qualidade nesse meio tempo como se tivesse passado de forma espetacular pelo Rosario Central ontem, e não na metade de maio.
O Atlético Nacional se portou no Morumbi do mesmo modo que no jogo de ida das quartas de final, em Rosário: resguardou-se nos primeiros minutos para tentar segurar a pressão e, aos poucos, começou a jogar. O adversário é que foi menos competente: se o Central saiu fazendo 1 a 0 cedinho daquela vez, o São Paulo, embora tenha tido 15 minutos de superioridade ontem, não chegou ao gol. Além disso, ao contrário dos argentinos, o Tricolor Paulista não conseguiu conter os colombianos no segundo tempo, quando eles realmente começam a jogar e impor seu estilo que, até aqui, tem sido irresistível.
Sem Ganso, Ytalo ficou encarregado de criar. Responsabilidade enorme para quem não está preparado para executar uma tarefa tão importante. Mas Ytalo não foi especialmente mal: ele seguiu o padrão do time. Começou muito participativo e foi caindo aos poucos. Como Wesley, Michel Bastos e o pouquíssimo abastecido Calleri, que passou a noite inteira sem ter com quem jogar, sendo amplamente dominado por Sánchez e Henríquez. O jovem volante João Schmidt é quem fugia um pouco desta regra, fazendo bom jogo de maneira mais regular.
Sem seu principal jogador e coletivamente inferior ao adversário, o São Paulo ainda contou com a equivocada saída justamente de João Schmidt no segundo tempo, para entrada de Daniel, isso dois minutos antes de Maicon ser expulso. Foi a tentativa (frustrada) de Bauza de ajeitar um time que já era dominado em campo, que não conseguia conter a criatividade de Macnelly Torres e a segurança de um meio que, desde os 14 minutos, com a entrada de Guerra no lugar do improdutivo Ibarguen, passou a controlar o setor mais importante da cancha.
O capitão Maicon lamenta sua jornada mais infeliz do ano |
O time de Reinaldo Rueda já havia mostrado na esplêndida reação contra o Rosario Central que estava pronto para ganhar a Libertadores. Se naquele jogo mostrou o sangue e a determinação de campeão, ontem exibiu a maturidade e sabedoria de sentir cada momento da partida: o de se fechar, o de amorcegar, o de atacar e, principalmente, o de matar o jogo. Fez 1 a 0 aproveitando o espaço deixado por Maicon em campo e não se fechou, mesmo ganhando, mesmo fora de casa, mesmo diante de 62 mil torcedores: insistiu, chegou ao segundo gol e deixou o São Paulo numa obrigação quase impossível de ser cumprida no Atanasio Girardot. Os colombianos ainda têm o jogo de volta e uma final contra Boca Juniors ou Independiente del Valle, é verdade, mas a cara de quem vai levar o título vem desde fevereiro, e é inquestionável. Mantendo-a por mais 20 dias, chegará lá com todo o merecimento.
Fotos: Conmebol.
Comentários
Nacional de Medellin pareceu um time de profissionais jogando contra amadores. Tamanha experiência.
Até quando vai a choradeira cúlorada?