Julho vem mostrando como seria bom se o Brasileirão tivesse jogos apenas nos fins de semana
Corinthians x Figueirense, sábado, teve quase 39 mil torcedores |
Se medir qualidade técnica é algo difícil por ser bastante subjetivo, uma boa forma de saber se o campeonato anda bom, ou pelo menos interessante, é pegar sua média de público. E os números não deixam dúvida: nas quatro rodadas que tivemos até aqui neste mês de partidas apenas nos sábados e domingos (e segundas, com o novo horário das 20h), a média de torcedores nos estádios é 18.323 - bem superior aos 13.831 que tínhamos até o final de junho e um crescimento expressivo de 32,5%.
Claro, jogos nos fins de semana costumam ter melhor presença de público. Mas isso é um argumento a nosso favor, e não contra: com mais jogos aos sábados e domingos, é absolutamente natural uma presença maior de torcedores nos estádios, mesmo que a qualidade dos jogos permanecesse a mesma, e os preços dos ingressos também. Neste Brasileiro, as rodadas disputadas de sábado a segunda-feira atraíram em média 15.700 torcedores às canchas, ainda pouco, mas bem mais que os 13.313 das disputadas em quartas e quintas-feiras. Nove dos dez maiores públicos do campeonato ocorreram em sábados ou domingos. A última rodada, concluída ontem com a vitória do Flamengo sobre o América-MG em Cariacica, foi a melhor de todas: 20.198 pessoas por jogo. E sem nenhum clássico regional que alavancasse a média para cima.
O aumento da média de público, claro, é apenas um dos benefícios de se diminuir o número de rodadas nos meios de semana. E ele é resultado da melhoria, e não causa. O principal fator de contribuição que esta medida tão pedida traria é o aumento da própria qualidade técnicas das partidas, que contariam com jogadores mais bem descansados e certamente muito mais preparados em termos técnicos e táticos, podendo aprimorar estes dois lados tão mal tratados quando se tem compromissos em toda quarta e todo domingo. Jogos recentes de bom nível, como Palmeiras x Atlético Mineiro, Grêmio x São Paulo, Botafogo x Flamengo e Atlético Mineiro x Coritiba são um bom exemplo disso.
Dizer que jogador deve atuar ao menos duas vezes por semana porque ganha alto salário é um erro grave e simplista: o atleta profissional não trabalha apenas no jogo em si, mas em toda semana, a cada treino. Jogando duas vezes por semana, ele não trabalha menos: trabalha errado, apenas. Descansa menos, se aprimora menos e, claro, joga menos futebol de alto nível. Ter mais gente nos estádios quando há semana cheia para treinos é um indício bem claro da melhora de qualidade dos jogos nestas circunstâncias. Fora o fato de que cria uma expectativa maior sobre cada rodada - em 2016, as rodadas que precederam uma semana cheia para treinos receberam em média 15.767 torcedores por jogo, enquanto as que começaram dois ou três dias após o fim da anterior tiveram 14.322. Nada disso é coincidência.
Foto: Bruno Teixeira/Corinthians.
Comentários
É a velha mentalidade escravocrata que o torcedor brasileiro não abandona. Sobretudo porque grande parte dos jogadores é de gente de cor.
Claro que se fossem netos de islandeses, não haveria essa grita.