Arbitragem à parte, o Atlético Nacional foi bem superior ao São Paulo nos dois jogos

Borja fez quatro gols nos dois jogos diante do São Paulo
É inegável: o São Paulo tem muito do que reclamar da arbitragem nesta semifinal da Libertadores. No Morumbi, a expulsão de Maicon foi no mínimo um rigor excessivo, que acabou prejudicando muito o time paulista. Em Medellín, o chileno Patricio Polic sonegou um pênalti em Hudson no final do primeiro tempo e expulsou Lugano de forma igualmente polêmica - embora, neste caso, sua saída de campo já não fizesse mais tanta diferença. Foram erros que ajudaram a minar o Tricolor Paulista em momentos cruciais do confronto de 180 minutos. Não exatamente escandalosos, mas prejudicaram.

Apesar disso, nada invalida a passagem do Atlético Nacional para a decisão da Libertadores. Porque o time colombiano foi muito melhor que o brasileiro na imensa maioria do tempo, em ambos os jogos. A partida do Atanasio Girardot teve roteiro relativamente semelhante à do Morumbi: o Tricolor começou bem, teve 15 minutos iniciais de superioridade, mas aos poucos foi cedendo terreno e se dobrando ao futebol superior do time de Reinaldo Rueda. Foram duas vitórias, um 4 a 1 inapelável no agregado.

A diferença é que na Colômbia o melhor começo são-paulino resultou em gol. Logo aos oito minutos, Calleri deu o ar da graça e fez 1 a 0 de cabeça. Eis um problema sério do Atlético Nacional: o time começou mal seus últimos quatro jogos na Libertadores. Em três deles, levou gol antes dos dez minutos, e no outro sofreu pressão, escapando por pouco. Mas aí vem uma das tantas enormes virtudes deste timaço: o poder de reação. Aos 15, o imparável Borja já empatava, em lançamento perfeito de Berrío, que pegou Lugano e Bruno fora de lugar, e um chute cruzado perfeito contra o goleiro Dênis.

O gol de empate deu tranquilidade aos colombianos, mas o time brasileiro seguia bem em campo, apesar de já ter menor posse de bola. Chegava com qualidade, tranquilidade e a cabeça no lugar de quem sabia que não adiantava se atirar para cima e correr o risco de ser goleado. O primeiro tempo teve chances dos dois lados, um ótimo jogo. E poderia ter tornado o segundo bem mais tenso, não fosse o pênalti em Hudson ignorado por Polic.

O intervalo, porém, fez mal ao time de Edgardo Bauza. O São Paulo voltou recuado demais, aceitando a pressão do time da casa e sem saída para contragolpear. A marcação ia de mal a pior, especialmente em Macnelly Torres, que jogava solto e fazendo misérias na criação. Era uma chance perdida atrás da outra. Parecia o jogo diante do Rosario Central, com uma diferença: naquela oportunidade, os colombianos precisavam arriscar, precisavam do gol para se classificar. Ontem não: foi postura de time grande mesmo, que não se abstém de atacar em casa, mesmo em grande vantagem. O 2 a 1 até demorou a sair.

Depois da enorme decepção do Morumbi, o São Paulo fez um papel digno em Medellín. Mesmo totalmente envolvido no segundo tempo, vale lembrar que não tinha seus dois principais jogadores em campo. Perdeu a cabeça após as expulsões, é verdade, mas ninguém tem sangue de barata. Para quem iniciou a Libertadores sob tanta desconfiança, ser o brasileiro que mais longe chegou já é algo digno de nota.

Foto: Atlético Nacional/Divulgação.

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