A rivalidade e os desfalques atrapalharam a qualidade do clássico entre Palmeiras e Santos

Jogo de ontem foi o décimo entre Palmeiras e Santos desde 2015
Palmeiras e Santos tinham, até o ano passado, uma rivalidade adormecida por quase 60 anos. Desde a final do Paulistão de 1958, ambos não decidiam nada. De 2015 para cá, fizeram semifinal e final de estadual, além de uma decisão da Copa do Brasil. Nada menos que dez clássicos foram disputados entre ambos nos últimos 18 meses, o que ajuda a explicar a quebra de recorde de público do Allianz Parque (40.035 torcedores). Só que esse excesso de ingredientes picantes também ajudou a atrapalhar um bocado o jogo desta terça-feira: as rivalidades apimentadas por esta sequência forte de decisões entre os dois clubes, por vezes, fizeram palmeirenses e santistas esquecerem de jogar bola - e eles são dois dos times que melhor sabem fazer isso no Brasil atualmente.

Mas não foi só isso, claro. As ausências pesaram também, e especialmente pelo lado verde. Melhor jogador do Brasileirão até aqui, Gabriel Jesus já naturalmente faria falta ao Palmeiras, bem mais do que o artilheiro Ricardo Oliveira no Peixe, inclusive. E não foi só ele que ficou de fora ontem: Roger Guedes, talvez a principal revelação do campeonato, também não pôde jogar. Isso tirou boa parte da velocidade do ataque palmeirense: Érik até tem essa característica de rapidez, mas é menos efetivo. Já o centroavante Barrios é lento, muito mais concluidor que veloz. A toda hora esperava a chegada de alguém de trás que simplesmente não vinha, ou demorava demais a aparecer. Prendia o jogo e tirava do Verdão a capacidade de surpreender a defesa rival mal arrumada, uma das maiores qualidades deste time de Cuca.

Se as perdas no ataque já diminuíam a mecânica ofensiva palmeirense, as saídas do zagueiro Mina e do volante Moisés ainda no primeiro tempo incluíram a defesa e o meio-campo no rol dos setores desfalcados. Não há líder que resista a tantas perdas, ainda mais diante de um bom time como o Santos. Uma equipe que, assim que se recompôs do gol sofrido logo a cinco minutos, passou a valorizar a bola, terminando o primeiro tempo com 64% do total da posse.

Ainda assim, houve pouco jogo na etapa inicial, muito por conta dos entreveros, como o de Gabriel e Moisés, pouco antes da saída do volante verde por lesão muscular. No segundo tempo, com os ânimos arrefecidos devido ao intervalo, o time de Dorival Júnior pôs a bola no chão e foi superior ao desfalcado time mandante. Jogou com personalidade, chegou ao empate cedo. Foi em chute desviado, mas foi também merecido, pelo volume de jogo apresentado. E poderia ter sido virada, mas não foi. Roteiro bem parecido com o daquela derrota para o Grêmio, em Porto Alegre, duas semanas atrás.

O futebol apresentado em geral ficou abaixo da expectativa, mas foi o possível diante das circunstâncias. E o empate, no fim das contas, não ficou ruim para nenhum dos lados - embora também não seja o melhor dos mundos, claro. Desfalcado demais, o Palmeiras se mantém na liderança e não perdeu o clássico, o que sempre causa um enorme desgaste. Por outro, vê a distância para Corinthians e Grêmio cair às vésperas de perder seus dois principais atletas para a seleção olímpica do Brasil. Já o Peixe entra no G-4, mas poderia fazê-lo com folga maior. Empatar fora com o líder é sempre interessante, mas pelo andar do jogo a vitória poderia ter vindo.

Foto: Ivan Storti/Santos.

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