Nada de retranca: a Itália venceu porque jogou mais que a Espanha
No entrevero da pequena área, Chiellini vence De Gea e faz 1 a 0 |
A Itália atuou como nos velhos tempos, ou como se os difíceis tempos recentes jamais tivessem acontecido. Na verdade, parecem ter ficado para trás: sem se importar com uma Espanha ainda dona de grifes como Piqué, Iniesta e David Silva, partiu para cima com o protagonismo de quem, além de muito tradicional, tem uma ótima seleção. Para além do óbvio destaque defensivo de Buffon, Bonucci e Chiellini, a Azzurra tinha Florenzi e De Sciglio abrindo caminho pelos lados, Parolo e Giaccherini subindo pelo meio (e guarnecidos pelo sempre respeitável De Rossi), Éder e Pelle formando dupla entrosada e difícil de se marcar adiante. Uma Itália tão grande e forte que prescinde de Marchisio, Pirlo e Balotelli como se eles tivessem sido coadjuvantes nos últimos anos.
Antes de Chiellini abrir o placar, praticamente só a Itália chegara com perigo. A melhor das chances foi um voleio de Giaccherini, salvo em um dos tantos milagres do goleiro De Gea. Foi sorte a Espanha ter virado o primeiro tempo perdendo por apenas 1 a 0. Porque nem após sair atrás a equipe de Vicente del Bosque reagiu como se esperava. Os italianos seguiam mais famintos, mais concentrados, mais perto das quartas de final.
Na etapa complementar, sim, o jogo mudou de figura. Com a vantagem mínima a seu favor, a Itália recuou e deu mais campo para os espanhóis trabalharem a bola. Foi um risco calculado: Antonio Conte sabe que a Espanha, sem Xavi, David Villa e outros craques do passado não tão distante, já não é a mesma seleção capaz de envolver qualquer adversário na base de um toque de bola qualificado, paciente e cheio de aproximações perigosas. A Fúria de hoje é uma equipe mais "humana", no sentido de estar mais sujeita a erros, ser menos implacável. A Espanha de hoje é um time ainda forte, mas já comum.
Buffon, o mito: mais uma atuação histórica pela Azzurra |
A Itália está nas quartas de final com totais méritos. Sua campanha é ótima: bateu Bélgica, Suécia e Espanha, três seleções fortes, sem sofrer gols, e só perdeu para a Irlanda já classificada, com nove reservas. Enfrentará sábado, em Bordeaux, uma velha conhecida: a poderosíssima Alemanha, a quem eliminou nas semifinais de 2012 e tem retrospecto amplamente favorável em termos históricos. Os alemães são favoritos? Contra qualquer seleção do mundo, inclusive a anfitriã França, carregam esta condição. O que não significa que a Itália de Conte não possa batê-los. Já o faz tradicionalmente, e, com este belo time, cheio de atuações credenciadoras nesta Eurocopa, tem mais uma oportunidade de fazer história.
Eurocopa 2016 - Oitavas de final
ITÁLIA (2): Buffon; Barzagli, Bonucci e Chiellini; Florenzi (Darmian), De Rossi (Thiago Motta), Parolo, Giaccherini e De Sciglio; Éder (Insigne) e Pelle. Técnico: Antonio Conte
ESPANHA (0): De Gea; Juanfran, Piqué, Sergio Ramos e Jordi Alba; Busquets, Fàbregas e Iniesta; David Silva, Morata (Vázquez) e Nolito (Aduriz) (Pedro). Técnico: Vicente del Bosque
Local: Stade de France, Saint-Denis (FRA); Data: segunda-feira, 27/06/2016, 13h; Árbitro: Cuneyt Çakir (TUR); Público: 76.165; Gols: Chiellini 32 do 1º; Pelle 45 do 2º; Cartão amarelo: De Sciglio, Pelle, Thiago Motta, Nolito, Jordi Alba, Busquets e David Silva; Nota do jogo: 9; Melhor em campo: Buffon
Fotos: UEFA.
Comentários
Vou apostar que a Itália será o Atlético de Madrid dessa Euro: tirou Espanha, vai tirar Alemanha, mas não vai levar o título.