Muitos erraram bastante, mas Sandro Meira Ricci abusou deste direito

Na zaga, Marcelo Oliveira deu resposta superior aos reservas

Quem conhece este espaço que está prestes a completar dez anos sabe que odiamos explicar partidas através de erros de arbitragem. Mas no caso do jogo de ontem, na Arena do Grêmio, isso é missão quase impossível. Não é de hoje que Sandro Meira Ricci estraga jogos com expulsões injustas no primeiro tempo (vamos relembrar?). Árbitro brasileiro da última Copa do Mundo, passou a se considerar uma estrela, como bem assinalou o vice de futebol gremista, Alberto Guerra. Desta forma, de um dos melhores apitadores surgidos no país nos últimos anos, passou a ser um dos piores - os melhores são discretos, aparecem pouco.

Se normalmente costumamos dizer que muitas vezes os erros de arbitragem são uma desculpa útil que os prejudicados usam para encobrir seus próprios problemas, desta vez ocorre o contrário: os problemas apresentados pelo Grêmio diante do Vitória é que não podem esconder que o que realmente decidiu a partida foram dois erros de Ricci que mudaram o rumo do jogo. A falta de Kieza em Bressan no lance do primeiro gol ocorreu, embora até possa ser discutida. O pênalti inexistente sobre Dagoberto, não. E ele, mais o cartão vermelho dado ao zagueiro gremista, praticamente encerrou o jogo ainda no primeiro tempo.

Antes destes dois lances, o jogo era outro. Tendo em Everton um escape pela esquerda e Luan um centralizador criativo pelo meio, o Grêmio pressionava o time baiano e chegava com relativa facilidade para quem enfrentava um adversário fechado. O gol parecia questão de tempo. Claro, havia problemas: as más conclusões de Everton, a apatia de Giuliano, os erros de passe do enfeitado Walace, a hesitação constante de Fred e Bressan. Problemas que há algum tempo se repetem, mas que não pareciam suficientes para que o time terminasse a etapa inicial perdendo por 2 a 0, como ocorreu devido aos erros de arbitragem.

No segundo tempo, o Grêmio apostou no tudo ou nada. Poderia até ter ousado mais: talvez Ramiro pudesse ter deixado o jogo para a entrada de Marcelo Hermes, e não Everton. Mas o time foi para cima, descontou relativamente cedo e, mesmo com a um menos, foi para cima do Vitória, que teve espaços de sobra para contra-atacar, mas não soube aproveitar. No final, Luan perdeu cara a cara a chance de ouro do empate. Que não seria bom para quem luta por título, mas já alguma coisa diante das circunstâncias. Vencer o Atlético Paranaense tornou-se uma obrigação ainda maior.

Marcelo Oliveira na zaga
Erros de Ricci à parte, Bressan mais uma vez não deu resposta. Já vinha mal antes mesmo dos lances polêmicos, tanto que sua saída ainda conseguiu melhorar o time defensivamente, apesar da inferioridade numérica. Marcelo Oliveira, mesmo improvisado, mostrou-se firme, inclusive cobrindo erros do insuficiente Fred. Sua colocação como titular na zaga é imperiosa não apenas em Curitiba, mas em todo o período no qual Geromel e Wallace Reis estiverem fora. Até porque Marcelo Hermes, novamente, foi muito bem na lateral esquerda.

Semana negativa
Assim como o Grêmio, o Inter foi prejudicado pela arbitragem no último domingo e, também como o rival neste fim de semana, foi a Curitiba precisando vencer para compensar os pontos perdidos. O empate em 1 a 1 com o Coritiba não foi bom resultado para quem briga na ponta de cima, especialmente considerando o fato de a equipe ter perdido cinco dos seis pontos que disputou contra clubes da ponta de baixo da tabela.

A sensação no Couto Pereira é de frustração, especialmente porque a equipe esteve vencendo até 24 minutos do segundo tempo, e a vitória era importante - tanto para encostar no Palmeiras quanto para disparar em relação ao Grêmio. Mas, a bem da verdade, o time de Argel Fucks não jogou o suficiente para sair com os três pontos. O mau segundo tempo, com recuo excessivo, pagou seu preço. Rodrigo Dourado fez falta, e Vitinho também será ausência sentida neste domingo, contra o fraco Botafogo.

Foto: Lucas Uebel/Grêmio.