União e humildade: os maiores méritos do bilionário Real Madrid, campeão de novo

Sergio Ramos comemora: Real Madrid é 11 vezes campeão
Parece uma contradição, mas o fato é que a união e a humildade foram dois dos principais ingredientes do multimilionário Real Madrid para conquistar a Liga dos Campeões. Fez o seu gol, mas em vez de querer dar show manteve os pés no chão e tratou de segurar a vantagem mínima a todo custo. Não conseguiu: sofreu o empate faltando dez minutos para o fim e se viu sem poder realizar substituições na prorrogação. Fisicamente esgotado, contou com a ajuda de estrelas como Gareth Bale e Cristiano Ronaldo na marcação, superou seus limites físicos, manteve a concentração na decisão por pênaltis e levou o título na qualidade técnica, mas também no sacrifício.

Mas a final foi só o ponto derradeiro desta trajetória acidentada, mas sempre superada pelo time madrilenho. A temporada foi cheia de reviravoltas e demonstrações de superação do Real Madrid. E essa virada tem nome e sobrenome: Zinedine Zidane, ídolo bicampeão europeu pelo clube como jogador e agora campeão como técnico. Foi a partir de sua chegada que tudo se transformou. Em janeiro, o timaço merengue era um amontoado de craques bagunçados e desunidos, a ponto de Cristiano Ronaldo dizer que o resto do time não estava à sua altura. Tudo isso mudou: em vez de levar 4 a 0 do Barcelona no Santiago Bernabéu, o Real Madrid venceu os catalães no Camp Nou por 2 a 1. Nos 26 jogos com Zizou na casamata, o time espanhol só perdeu dois.

A equilibradíssima final, como todo jogo histórico, foi repleta de episódios inesquecíveis e repleta de grandes injustiças. O gol de Sergio Ramos foi em impedimento, mas o árbitro inglês Mark Clattenburg errou também ao dar pênalti inexistente de Pepe em Fernando Torres. Mais crueldade que este erro do juizão britânico foi o fato de Griezmann, o melhor nome da campanha do Atlético e que vinha sendo seu melhor jogador na final, ter batido no travessão. E pior que isso só o fato de Juanfran ter sido o único a errar sua cobrança numa decisão por pênaltis cheia de batidas perfeitas. Justo ele, um símbolo do time vermelho e branco; justo ele, que fizera uma grande final; justo ele, que deu o passe para o gol de Carrasco; justo ele, que pela segunda final europeia em três anos anulou Cristiano Ronaldo.

Ronaldo, aliás, ficou devendo hoje. Ter sido ele o autor do gol do título foi uma injustiça apenas dentro da partida, porém: na campanha madridista, ele foi fantástico. Fez 16 dos 27 gols marcados por seu time - Gareth Bale, o craque da noite em Milão, não fez nenhum, por exemplo. E não dá para acusá-lo de sumir na hora decisiva: não fosse por uma atuação histórica sua, marcando três gols, o Real Madrid não teria eliminado o Wolfsburg e chegado sequer às semifinais. Mais uma vez, Ronaldo foi o craque, o grande gênio da campanha. Só que de novo teve de encarar Juanfran, e por isso jogou menos do que sabe na partida derradeira. Ainda assim, por tudo o que fez no ano e agora pelo título europeu, deve ser escolhido como melhor do mundo mais uma vez em janeiro de 2017.

A noite italiana que encerrou o ano do futebol de clubes da Europa teve um final costumeiro e ao mesmo tempo peculiar: o Real Madrid campeão, cheio de craques, mas muito mais solidário e menos brilhante que de costume. Barcelona e Bayern são mais chamativos, o Atlético não foi inferior nesta final de hoje, mas o título é merecido e ganha beleza pela história da temporada toda, que começou acidentada e acabou em glória. Rearrumar um grupo desunido, reformar um time perdido, remobilizar um plantel bilionário, nada disso é tarefa simples. Zidane, logo em seu primeiro trabalho como treinador principal, já mostra que, fora de campo, pode ser tão genial quanto era dentro dele.

Carta na Mesa
No programa de hoje, fomos de Grafite a Baresi, de Luan a Tupãzinho, de Argel Fucks a Cesare Maldini. É só baixar ou ouvir direto aqui. Comigo, Igor Natusch, Marcos Almeida Pfeifer e a estreia de Marcelo Baimler.

Comentários

Vine disse…
Apesar da superação do Real, foi muito triste ver novamente o Atlético, um clube alguns patamares abaixo, perder mais uma final de Champions, ainda mais eliminando dois do "trio de ferro"...
Chico disse…
E os colchoneros sempre fregueses