A pressão no fim engana: o Grêmio estreou bem no Brasileirão
Marcelo Oliveira teve boa atuação no empate em Itaquera |
Nos dez dias que teve para apenas treinar, Roger desfez-se de algumas certezas. As principais são Douglas e o esquema tático. O camisa 10 ficou no banco em Itaquera e não entrou em campo ao longo da partida. A formatação da equipe saiu do 4-2-3-1 tradicional da equipe gremista de 2015 e deste primeiro semestre para um 4-4-2 que se transformava em 4-2-4 quando o time atacava. Luan atuou aberto pela direita, Giuliano pela esquerda, Miller e Bobô jogavam enfiados e trocando de posição. A boa saída com Walace e Maicon facilitava as coisas para quem jogava no campo de frente.
A mecânica da equipe foi boa em São Paulo. Marcando forte, o Grêmio postou quase sempre seis ou sete atletas no campo de ataque, forçando o chutão corintiano. A equipe gaúcha teve mais posse de bola no primeiro tempo, só dando aos paulistas basicamente chances de contragolpear - Romero travou ótimo duelo com Ramiro por um lado, enquanto Marquinhos Gabriel e Marcelo Oliveira se confrontavam de outro. No meio, a saída de Bruno Henrique não tinha a qualidade dos volantes gremistas, Elias foi relativamente discreto e Rodriguinho era pouco criativo. Consequentemente, mais à frente, André quase nunca era acionado - quando a bola chegava nele, Geromel e Fred dominavam a jogada.
No segundo tempo, o jogo como um todo caiu. Tite tirou do banco Guilherme e Giovanni Augusto (reserva tecnicamente superiores aos titulares substituídos), mas a boa organização defensiva do Grêmio impedia qualquer tentativa mais séria de pressão. O Tricolor é que chegou menos na etapa final - embora tenha tido a bola do jogo, num voleio de Bobô que passou raspando. Foi quando o empate passou a ser considerado um bom negócio que os gaúchos recuaram, e deram ao Timão chances de chegar ao gol. Roger deu chance para o azar (Douglas poderia ter entrado para segurar a bola sem recuar demais o time), mas a derrota seria injusta pelo conjunto da obra.
Ainda é cedo para dizer se o esquema novo perdurará. Luan, por exemplo, jogou pouco de novo, muito por seu posicionamento errado, na ponta, longe do gol, o que é uma problema sério em termos técnicos. O primeiro teste, porém, foi em geral positivo: o Grêmio sai de Itaquera com um ponto, algo que só três do 19 times conseguiram em 2015, mostrando boa consistência para quem acabou de cair na Libertadores de forma constrangedora. Mostrou o bom toque de bola que tanto lhe caracterizava nos bons momentos, teve uma atuação defensiva segura (uma boa notícia para quem vinha vazando seguidamente), evita uma derrota num potencial confronto direto de tabela e dá um tempo na crise. Para sair dela, porém, tem de vencer o Flamengo domingo que vem e começar a fazer campanha.
No zero
Na despedida de Alisson do Internacional, quem brilhou no Beira-Rio foi o outro goleiro: Danilo, da Chapecoense, responsável por defender um pênalti de Paulão e garantir o 0 a 0 para a campeã catarinense diante do hexacampeão gaúcho. A partida foi fraca, como a atuação colorada. Por mais que Argel Fucks reitere que seu time não é candidato ao título brasileiro, o resultado decepciona, e a atuação mais ainda. Um freio em qualquer empolgação que pudesse surgir após a conquista do título estadual.
O brilho de Grafite
Grafite deu show na estreia do Santa Cruz neste Brasileirão, marcando os dois gols que abriram a ótima vitória do tricolor pernambucano. Diante de 20 mil pessoas, o Arruda não poderia ter vivido fim de manhã melhor: goleada de 4 a 1 no Vitória, na tão esperada volta à Série A após dez anos.
Carta na Mesa
A edição deste sábado já pode ser ouvida e/ou baixada por aqui.
Foto: Wesley Santos/Agência Press Digital/Grêmio.
Comentários