A classificação do São Paulo marca mais um grande trabalho de Edgardo Bauza
Jogadores comemoram em BH: o clima no São Paulo é outro |
Esta parece uma receita simples, básica, mas extremamente difícil de ser posta em prática. Principalmente quando pegamos os perfis dos times dirigidos pelo Patón. Aquela LDU, aquele San Lorenzo e o atual São Paulo têm estilos de jogo totalmente opostos: a velocidade dos equatorianos é muito diferente do jogo mais físico e seguro dos argentinos, o qual contrasta com o toque de bola característico dos brasileiros. Bauza sabe montar equipes de filosofias diferentes, o que prova que sabe se adaptar à cultura do local onde trabalha e o material humano que tem mãos, mas faz questão de manter apenas três coisas em comum: a tranquilidade, a personalidade e o copeirismo necessários para se encarar um mata-mata na América do Sul.
Ontem, parecia que não ia dar. Diante de um Atlético Mineiro tecnicamente superior, fora de casa, o Tricolor levou 2 a 0 cedo. Em 11 minutos a vantagem conquistada a fórceps no Morumbi se esvaía e virava desvantagem no caldeirão do Horto. Em vez de se apavorar, o São Paulo reagiu rápido. Como na semana passada, aproveitou uma de suas principais forças (comuns a times de Bauza) e uma das principais fraquezas do Galo - a bola aérea - para descontar com Maicon e esfriar o Independência.
O gol desestabilizou o Atlético, acostumado a patrolar em Belo Horizonte neste tipo de situação. No primeiro tempo, o time de Diego Aguirre teve apenas mais duas chegadas realmente perigosas (a melhor delas, um cabeceio de Pratto na trave do inseguro Dênis). A necessidade de marcar o gol contrastava com a tragédia que seria sofrer o empate, e com o receio de se expor a um time matreiro, que tinha condições de chegar ao 2 a 2 se tivesse algum espaço. Ficando nesta sinuca, e sofrendo de afobação, o conjunto mineiro acabou errando demais.
No segundo tempo, isso ficou claro a partir dos constantes erros de passe do Galo, quase sempre lançamentos e tentativas forçadas demais. O São Paulo se fechou muito bem, o que dificultava demais qualquer chegada mais perigosa. A marcação começava lá na frente, com os normalmente pouco participativos Calleri e Ganso. Sim, Bauza os fez participar deste processo cansativo e pouco glamouroso. Times de ambiente positivo, solidário, funcionam deste modo. Mais um mérito do comandante argentino.
Não é um milagre levar este bom time do São Paulo às semifinais da Libertadores, claro. Mas vale lembrar que, dos cinco brasileiros que disputaram a edição deste ano, o Tricolor Paulista era o menos cotado, e o que começou pior, perdendo em casa para o Strongest. Sobreviveu a este fracasso, à péssima campanha no Paulistão, às enormes turbulências políticas e à pressão de sua torcida para chegar entre os quatro melhores. Bauza não é o único responsável por esta virada, mas é evidente que sem ele nada disso seria possível.
Já Aguirre...
Os dias do uruguaio em Minas Gerais parecem estar contados. Diego Aguirre nunca foi unanimidade no Atlético, e agora começa a sê-lo, só que pelo lado da rejeição. A campanha em 2016 é irregular: o time já perdeu oito vezes, número relativamente alto. Foi mal na Sul-Minas e perdeu o estadual para o pouco cotado América. Estava seguro pela boa campanha na Libertadores, que agora resultou em eliminação. Pouca coisa o segura, a menos que a diretoria tenha convicção em suas ideias.
Quem será o rival?
Em tese, o adversário são-paulino na semifinal sairá do duelo de favoritos Atlético Nacional x Rosario Central, que jogam hoje, às 22h45, em Medellín. Os argentinos estão em vantagem de 1 a 0. No entanto, caso o Central passe junto com o Boca para as semifinais, o Tricolor enfrentará Independiente del Valle ou Pumas na disputa por uma vaga na decisão. Os xeneizes recebem às 20h15 o Nacional uruguaio, podendo empatar sem gols após o 1 a 1 da semana passada.
Sempre tem a primeira vez
Irregular desde o início do ano, o Flamengo sucumbiu ao problema de saúde de Muricy Ramalho. Sem o comandante, levou 2 a 1 em casa do Fortaleza e caiu pela primeira vez na história antes das oitavas de final da Copa do Brasil. A campanha foi ridícula: diante dos cearenses e do modesto Confiança, dois times que disputarão a Série C, uma vitória e três derrotas. Enfrentar o Grêmio, em Porto Alegre, não é exatamente o melhor dos compromissos para dar sequência em um momento como este.
O tri e penta do Sevilla
Campeão pela quinta vez da Liga Europa nos últimos 11 anos, o Sevilla é tricampeão do torneio. Foi massacrado pelo Liverpool no primeiro tempo, mas foi para o intervalo perdendo por um enganosamente magro 1 a 0. No segundo, voltou com tudo: empatou aos 20 segundos, virou e ampliou para 3 a 1. A primeira temporada de Jürgen Klopp em Anfield Road termina sem títulos.
Foto: São Paulo/Divulgação.
Comentários