40 faltas depois, vantagem argentina

Pérez foi um dos destaques do sólido meio campo do Boca
Os dois primeiros confrontos das quartas de final da Libertadores foram marcados por muita disputa e pouco jogo. Se São Paulo e Atlético-MG fizeram a partida dos poucos chutes e muitos cartões no Morumbi, Nacional e Boca abusaram das faltas no Parque Central: foram nada menos que 40, número altíssimo já para padrões brasileiros, que dirá em relação à média sul-americana. E ele diz muito o que foi a partida.

Ao contrário do jogo de ontem, no entanto, a baixa ofensividade da partida (foram 12 conclusões, uma a menos que a partida paulistana) não teve como origem um respeito mútuo e até certo ponto exagerado entre os dois times, mas a sobreposição da proposta argentina sobre a uruguaia. A ideia dos dois rivais sempre foi bastante clara: animado por eliminar o Corinthians, o Nacional tratou de fazer um abafa no começo, algo que até vai contra sua biografia, mesmo de mandante. Encurralou o Boca em seu campo nos primeiros 25 minutos, teve mais posse de bola (raridade), criou chances e obrigou o time visitante a cometer 13 das 26 faltas que fez ao longo do jogo somente neste pequeno período do jogo.

Experiente, o Boca jogou primeiro para não perder, e a seguir para tentar um golzinho fora de casa. Schelotto deixou Bentancur e Chávez no banco, apostando num meio com três volantes justamente por isso. Seu time valorizava a posse no meio, mas sofria no ataque com as jornadas apagadas de Pavón, Carrizo e Tevez. Os pontas eram obrigados a acompanhar as subidas agudas dos laterais uruguaios Espino e Fucile, e Carlitos era dominado pelos zagueiros.

A situação começou a ficar difícil para o time charrua com a lesão de seu melhor jogador. Nico López deixou o campo aos 37 minutos, uma perda inestimável e que tirava do Bolso boa parte de sua postura ofensiva, pois passava a preocupar menos a zaga do Boca, que assim podia se adiantar e diminuir a pressão. Tabó até entrou bem em seu lugar, mas não tem a mesma qualidade e característica.

O segundo tempo foi ainda bastante intenso, mas também mais estudado e truncado que o primeiro. O Nacional seguia levemente mais agudo, mas foi o lateral Fabra quem abriu o placar, após ótima jogada pelo lado esquerdo. Foi um lance isolado: a entrada de Chávez no lugar de Carrizo no intervalo em nada melhorou o time xeneize. E como o castigo era grande demais com os uruguaios, Fernández empatou marcando um golaço com estilo, após Tabó vencer dividida com Cata Díaz dentro da área.

Ainda assim, o empate em 1 a 1 é muito melhor para o Boca Juniors, que traz para a Bombonera a vantagem de poder jogar pelo 0 a 0. Se Diente López não puder atuar em Buenos Aires, a necessidade de fazer gols fora de casa se complica muito para os uruguaios. Mas é bom lembrar que este Nacional reativo e traiçoeiro marcou gols em todos os jogos que disputou fora de casa nesta Libertadores (em três dos quatro jogos longe de Montevidéu, foi às redes duas vezes). A semifinal está um pouco mais perto do lado azul e amarelo, mas longe de uma definição.

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Copa Libertadores da América 2016 - Quartas de final - Jogo de ida
12/maio/2016
NACIONAL 1 x BOCA JUNIORS 1
Local: Parque Central, Montevidéu (URU)
Árbitro: Enrique Cáceres (PAR)
Público: não divulgado
Renda: não divulgada
Gols: Fabra 24 e Fernández 30 do 2º
Cartão amarelo: Tabó, Fabra e Tevez
NACIONAL: Conde (6), Fucile (6), Victorino (6,5), Polenta (5,5) e Espino (6); Porras (5,5), Romero (6), Barcia (5) e Ramírez (5,5) (Léo Gamalho, 43 do 2º - sem nota); Nico López (5,5) (Tabó, 37 do 1º - 6) e Fernández (7). Técnico: Gustavo Munúa
BOCA JUNIORS: Orión (6), Peruzzi (6), Daniel Díaz (5,5), Insaurralde (6) e Fabra (6,5); Jara (6), Meli (6) (Bentancur, 43 do 2º - sem nota) e Pérez (6,5); Pavón (5) (Osvaldo, 39 do 2º - sem nota), Tevez (5) e Carrizo (4,5) (Chávez, intervalo - 5). Técnico: Guillermo Barros Schelotto

Foto: Boca Juniors/Divulgação.

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