Troca com o Cruzeiro escancara de novo a má gestão do futebol do Palmeiras
Robinho e Lucas devem ser titulares do Cruzeiro no Brasileirão |
A quantidade imensa de jogadores contratados é, talvez, o principal dos problemas. Em 2015, chegaram 25 novos nomes. Mattos foi saudado pela facilidade com que trouxe bons nomes, mas cometeu uma série de erros. O principal foi o de pensar sempre mais na quantidade que na qualidade das contratações. Atenção: não se trata de questionar a qualidade dos jogadores, mas da contratação em si, de como ela pode servir o time. Egídio, por exemplo, fez um bom trabalho no Cruzeiro, mas jamais encaixaria num time cujos laterais precisariam ter mais qualidades defensivas, dada a falta de cobertura no meio e a deficiência técnica dos zagueiros. A falta de bons centroavantes, e a posterior contratação de três jogadores no meio do ano para a função, é outro exemplo claro de planejamento de elenco equivocado.
Mesmo com a conquista da Copa do Brasil, outros 14 atletas foram trazidos em 2016, sinal de que realmente o inchadíssimo plantel precisava de mudanças. Nada menos que 15 já deixaram o Allianz Parque desde janeiro. Os últimos dois foram o lateral Lucas e o meia Robinho, trocados pelos laterais cruzeirenses Fabiano e Fabrício. Aparentemente, eles chegam para preencher lacunas importantes do grupo palmeirense. Mas é só olhar com um pouco mais de calma para ver que as coisas não são bem assim.
Destaque da Chapecoense em 2014, Fabiano jamais se firmou no Cruzeiro. É tão aposta quanto o jovem João Pedro, que inclusive mostrou mais potencial nas vezes em que foi aproveitado. Em relação a Fabrício, tem mais experiência, já com 29 anos, mas é um lateral esquerdo com características muito semelhantes a Egídio: ataca bastante e marca mal. Tem mais intensidade que o atual titular de Cuca, mas menos qualidade e, principalmente, menos controle emocional. O Palmeiras precisava de um jogador mais seguro defensivamente para disputar posição com Egídio, e não um jogador de características similares e qualidade discutível.
As saídas de Lucas e Robinho do elenco alviverde foram pautadas, como quase sempre, pelo imediatismo: são dois atletas que não fazem um bom começo de temporada, vêm sendo cobrados pela torcida. No entanto, cumpriam funções importantes dentro das características técnicas do grupo, e foram fundamentais na campanha de 2015. O planejamento, como se vê, é zero, e sempre pautado pela emoção do momento. A mesma que manteve Marcelo Oliveira após o título aos trancos e barrancos da Copa do Brasil, mas o demitiu em março, no meio da Libertadores; a mesma que despediu Oswaldo de Oliveira em meio a uma construção de equipe, logo que o mesmo Marcelo se desligou do Cruzeiro. A mesma que contratou 39 jogadores em 16 meses, e sem que o time tenha sequer tido cara de time até agora. É muita mudança e muito erro para que dê certo, de fato.
O Cruzeiro, sim, se deu bem. Com Mayke como sempre irregular e o jovem Kevin como opção, Lucas chega com boa chance de dar uma cara confiável à ala destra da Raposa. Já Robinho, que deixa agora o Palmeiras na dependência de Allione e da recuperação eternamente esperada de Cleiton Xavier, chega com o status de solução para um meio-campo cuja figura do terceiro homem até agora não foi preenchida satisfatoriamente por ninguém. Dando suporte a um articulador mais agudo, pode inclusive reabilitar a figura do jovem Arrascaeta, que até agora não se firmou.
O time mineiro, portanto, ganhou dois potenciais titulares com chances de encaixar. Já o Palmeiras, mais uma vez, se livrou de peças que vinham em má fase trocando-as a granel, mas sem saber direito como elas podem colaborar. Reformula os nomes, mas não o pensamento de gestão. Os resultados, por isso, tendem a ser parecidos com os de antes: abaixo do que se espera.
Foto: Cruzeiro/Divulgação.
Comentários