Sem ar, sem goleiro, com vaga
No drama de La Paz, Maycon jogou de goleiro nos minutos finais |
E não foi exagero. A fase de grupos foi extremamente complicada, por erros do próprio São Paulo. Depois de perder em casa para este mesmo Strongest na estreia, sabia-se que a tarefa de seguir adiante não seria nada fácil. Foi preciso tirar quatro pontos do River Plate em Buenos Aires e segurar um empate heroico em La Paz. A fragilidade do rival também pesou: a equipe boliviana levou 6 a 0 do River e conseguiu a proeza de perder para o modesto Trujillanos, que conquistou três de seus míseros quatro pontos na chave vencendo o Strongest por 2 a 1 na Venezuela. Este resultado foi determinante para a classificação são-paulina, anulando os efeitos de outro péssimo placar anterior: o empate em 1 a 1 com os proprios venezuelanos, na 3ª rodada, fora de casa.
Jonathan Calleri, mais uma vez, foi o grande personagem da noite. Declarações de que não queria enfrentar o Boca nas oitavas soaram aos bolivianos como desprezo, como se a classificação são-paulina em La Paz fossem favas contadas. Mesmo provocado e hostilizado a noite toda, o artilheiro da Libertadores foi importantíssimo, mais uma vez, marcando o gol de empate no final do primeiro tempo. Após a partida, acabou expulso de forma injusta, pois nada parece ter feito, embora tenha sido alvo de uma confusão generalizada no gramado. O São Paulo vai recorrer junto à Conmebol para anular o cartão vermelho.
Os ares heroicos haviam já ganhado um contorno mítico minutos antes, após outra expulsão: a do goleiro Dênis, que levou a rara punição de dois amarelos por fazer cera. O zagueiro Maycon, melhor jogador em campo, foi para o gol e fez três ótimas intervenções: nenhuma tentativa de chute a gol dos bolivianos, mas interceptou cruzamentos com a segurança de quem certamente deve ir para debaixo das traves nos rachões das sextas-feiras no CT Barra Funda.
Diante do Toluca, o São Paulo enfrentará uma altitude que incomoda, mas bem mais branda. Jogará com muito mais confiança no México, após suportar a falta de ar boliviana. A questão é que agora o adversário joga muito mais bola. A Libertadores começa do zero, e nenhum brasileiro terá vida fácil.
Preocupação para domingo e quarta
A notícia mais preocupante da má quinta-feira que teve o Grêmio não é a derrota por 2 a 0 para o Juventude - embora ela preocupe e coloque em risco a equipe no Gauchão: é o novo caso de caxumba no elenco, desta vez da única peça realmente insubstituível, que é o zagueiro Geromel. Ele não jogará domingo, contra os caxienses, e, pior, no meio da semana que vem, diante do Rosario Central, na Arena.
A falta que ele fará ficou clara ontem: no Alfredo Jaconi, o Grêmio controlava a partida quando sofreu 1 a 0 num corte errado de Fred, uma saída atabalhoada de Marcelo Grohe e um leve desvio de Roberson para o gol. Uma nova falha do camisa 6, que subiu pouco na cobrança de escanteio, proporcionou a Klaus o 2 a 0. Bressan, com seu estilo sério, compromete bem menos, e por várias vezes salvou o companheiro de piorar as coisas. Contra o Juventude, as consequências do desajuste aéreo já foram graves. Diante do Rosario Central, de Marco Rubén, um dos três melhores centroavantes da América do Sul na atualidade, podem ser definitivas para o destino gremista na Libertadores.
Aliás: só agora, após um mês e quatro casos do tipo, é que o departamento médico do Grêmio notou que os jogadores precisam ser vacinados contra a doença?
Amanhã
Análise dos confrontos das oitavas de final da Libertadores e dos caminhos que o chaveamento indicará até a grande decisão.
Foto: Rubens Chiri/São Paulo.
Comentários
Não deveria ser prioridade, mas meu receio é que ponham titulares para uma "jornada épica" domingo e cheguem ainda mais cansados na quarta. Pelo menos tem rodada de clássicos fim de semana no argentino, e o Central não deve poupar ninguém.
E que amadorismo nessa história da caxumba.
Tiago
O pior é jogar toda uma primeira fase com o time titular, e primeira liga também (torneio inútil), e depois, na fase decisiva, jogar time reserva.
Ontem nós vimos a diferença entre uma equipe que joga se poupando contra uma que quer ganhar.
Desde de o início da temporada estou pedindo por um zagueiro de verdade e agora sem Geromel. É foda!
Agora, domingo certamente haverá um desgaste maior que o previsto inicialmente. Mas realmente, o fato de o Central ter clássico dá uma amenizada na situação - pela postura deles, acredito inclusive que devem estar dando mais valor ao jogo com o Newell's que o contra o Grêmio, pois o maior objetivo deles é serem campeões argentinos agora, não tanto a Libertadores.
Essa de não terem contratado zagueiro de bom nível é FATO. O Geromel é absolutamente insubstituível. E sigo achando o Bressan mais seguro que o Fred.