Em seu primeiro superclássico, Zidane fez a diferença na virada espetacular do Real Madrid

Ronaldo marcou seu 10º gol nos últimos 9 clássicos no Camp Nou
O começo da carreira de Zinedine Zidane como técnico no Real Madrid já mostra que estamos diante de um profissional promissor. Nada que surpreenda, dada sua raríssima inteligência nos tempos de atleta. Ontem, em seu primeiro clássico diante do Barcelona, Zizou quebrou a invencibilidade do supertime catalão de 39 jogos tornando o jogo incômodo para os mandantes a noite toda, obrigando-o a fazer o que odeia: dar chutão, começar as jogadas com ligação direta e tomar contragolpes mortais a partir do que parecia impossível: desarmar o trio de ataque formado por Messi, Suárez e Neymar.

Cristiano Ronaldo nem parecia o homem egocêntrico que semanas atrás reclamava que o time não estava em seu nível. Era por ele e Gareth Bale que a marcação começava, lá na frente, impedindo que Claudio Bravo procurasse os zagueiros Piqué e Mascherano para iniciar a saída de bola por baixo. Isso obrigava o Barcelona a começar, muitas vezes, com ligação direta suas jogadas no primeiro tempo. Quando eventualmente isso ocorria, do meio pra frente o time catalão se deparava com um paredão: ele mesmo, o brasileiro Casemiro, que vem mostrando há pelos menos duas temporadas futebol de sobra para ser titular da seleção de Dunga.

Muito distante do arrogante e preguiçoso jogador-promessa dos tempos de São Paulo, bem mais maduro e evoluído, o centromédio fez um partidaço no Camp Nou, desarmando sozinho (oito vezes) mais que todos os defensores do Barcelona somados (cinco). Anulando ninguém menos que Lionel Messi, foi o melhor jogador de um clássico cheio de supercraques, roubando a cena com um futebol de primeiríssimo nível. A seu lado, os também empenhadíssimos Modric e Kroos auxiliaram na marcação e qualificaram a saída de bola. O Barça criou só quatro chances de gol no primeiro tempo, número baixíssimo para seus padrões e idêntico ao do time madrilenho.

Brasileiro Casemiro roubou a cena e foi o melhor em campo
Na etapa final, o Barcelona só chegou ao 1 a 0 através da bola parada, um escanteio, algo raro de se ver numa equipe que joga muito mais por baixo que pelo alto e que raramente não bate escanteios curtos. Um sinal de que as coisas realmente andavam complicadas. Mas o empate do Real Madrid seis minutos depois, com o golaço de Benzema após linda jogada de Marcelo, foi um balde de água gelada nos 99 mil catalães presentes. O jogo seguiu equilibrado, tenso, com poucas oportunidades, até que os dois treinadores resolveram mexer. E foi aí que Zidane mais fez a diferença sobre Luis Enrique.

Buscando dar maior ofensividade, o técnico do Barça retirou Rakitic e pôs em campo Arda Turan. Zizou, então, resolveu rechear o meio e aumentar a velocidade: retirou Benzema e pôs em campo Jesé, jogador pronto para puxar contra-ataques em cima de uma defesa mais exposta. O domínio de seu time foi tanto que houve gol discutivelmente anulado de Bale e o golaço validado de Cristiano Ronaldo, ambas jogadas rápidas surgindo do campo de defesa. Isso que o time visitante ainda perdeu Sergio Ramos, previsivelmente expulso pelo fraco árbitro Alejandro Hernández Hernández.

Sob o comando de Zidane, o Real Madrid obteve 38 dos 45 pontos que disputou. Houve somente uma derrota, para o Atlético de Madrid, o jogo em que Cristiano Ronaldo reclamou dos companheiros. Daquela partida para cá, foram seis vitórias consecutivas. O resultado de ontem diminui a diferença do Barça no Campeonato Espanhol, mas, faltando sete rodadas para o fim, a vantagem é ainda confortável. Na Liga dos Campeões, porém, todos estão iguais na briga. E o crescimento do time madrilenho nos últimos meses o credencia a brigar forte pelo título. Com Zizou, viu-se ontem, foi possível anular o trio MSN, virar no Camp Nou lotado com um a menos e encerrar um tabu de quase 40 partidas sem perder do Barça. Convenhamos, pouca coisa é mais difícil que isso.

Fotos: Real Madrid/Divulgação.

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