A força do Central, campeão do Grupo 2

Zagueiro Donatti marcou e se destacou na vitória de ontem
Verdadeira obsessão para quase a totalidade dos grandes clubes sul-americanos, a Copa Libertadores foi apenas administrada pelo Rosario Central nesta etapa de grupos. Pode ser estranho, mas a razão é simples: o time de Rosário não vence o Campeonato Argentino desde 1987. Nestes 29 anos, seu eterno rival, o Newell's Old Boys, foi campeão nacional cinco vezes. O jejum incomoda, e por isso o título local é tão importante, ainda mais porque seus principais adversários estão envolvidos com a disputa continental, que é seguramente mais complicada de ser obtida. Isso é o que explica a estranha estratégia adotada pelo técnico Eduardo Coudet nesta primeira fase.

É muito importante explicar isso antes de ir ao mérito da análise da classificação do Central às oitavas de final. Porque a muitos desavisados a trajetória irregular da equipe na competição até agora trouxe uma falsa impressão de que a equipe não é tão forte assim. Na verdade, mesmo poupando titulares em quase todos os confrontos até agora (ontem, sim, foi com quase tudo o que tem de melhor), o time rosarino terminou na liderança de um grupo complicado, que tinha ainda Nacional e Palmeiras. Apesar disso, e mesmo sem o ótimo atacante Larrondo (tão bom quanto o centroavante Rubén) desde a metade de março, o time argentino foi o campeão da chave.

As circunstâncias, claro, facilitaram as coisas. Precisando de um simples empate em Montevidéu, o Central só saiu na boa diante do Nacional. Aproveitou que os uruguaios pouparam vários titulares para evitar cartões, suspensões ou cansaço para os mata-matas, jogou com inteligência e venceu por 2 a 0, alijando qualquer chance de o Palmeiras lhe roubar a vaga que ainda restava em disputa, por mais que os paulistas goleassem com facilidade o River uruguaio no Allianz Parque.

É verdade que há problemas. Quem viu o forte Central de 2015 se surpreendeu negativamente com a insegurança defensiva em boa parte desta etapa de grupos, com atuações abaixo do normal dos zagueiros Donatti e Pinola, por exemplo - eles formaram a melhor dupla de zaga argentina do ano passado. Porém, convém tomar extremo cuidado com esta equipe nos mata-matas. Vale lembrar que em sua única derrota nesta fase, para o Palmeiras, os argentinos dominaram completamente o segundo tempo em São Paulo, sendo o resultado de 2 a 0 em favor dos paulistas um verdadeiro crime. No atual cenário argentino, provavelmente apenas o Boca e o ameaçado Racing estejam à frente dos rosarinos em termos de qualidade técnica e coletiva - nem River Plate e San Lorenzo estão acima.

Quanto ao Palmeiras, passada a normal irregularidade inicial de um time bagunçado, aos poucos começa a se formar um conjunto pelas mãos de Cuca. Mas não seria agora, para uma Libertadores num grupo difícil, nem será para a disputa das finais do estadual. Na verdade, por mais que muitos não aceitem, o fato é que a equipe paulista é mesmo inferior ao Rosario Central, principalmente no que diz respeito a padrão de jogo e qualidade coletiva. Quem acompanhou a trajetória dos dois times no ano passado com atenção sabia que o Alviverde terminar atrás dos canallas era algo até previsível. A eliminação, portanto, não veio ontem, nem no 3 a 3 do Gigante de Arroyito, mas nas derrotas para o Nacional e no empate com o River, na rodada inicial.

Resistência equatoriana
Enquanto o Atlético Mineiro massacrava o pobre Melgar no Mineirão, o verdadeiro jogo importante da rodada do Grupo 5 ocorria em Santiago. O Independiente del Valle mereceu a vaga: suportou bem o Colo-Colo por 75 minutos, controlando o jogo e impedindo uma pressão maior. Nos 20 finais, porém, foi heroico, resistindo a um verdadeiro bombardeio chileno, com direito a duas bolas na trave, uma no travessão, defesas espetaculares do goleiro Azcona e uma atuação magistral do zagueirão cabeludo Mina. O pequeno time de Sanguiloquí, região metropolitana de Quito, está classificado pela primeira vez às oitavas de final, com 11 pontos, o que indica que será um dos melhores vice-líderes. Já o Cacique, pelo sexto ano consecutivo, não passa da fase de grupos.

Argentinos a perigo
O gol de Cellerino, a 21 do segundo tempo, complicou a vida do Racing na Libertadores. Ao arrancar o 1 a 1 com o Deportivo Cali fora de casa, o Bolívar só depende de si para chegar às oitavas de final. Se fizer 2 a 0 sobre os argentinos na semana que vem, na altitude de La Paz, garante classificação e elimina o Racing da disputa, o que não deixaria de ser uma boa notícia para quem tem pretensões de título.

Não há para onde correr
Como vice-líder do Grupo 6, o Grêmio só tem uma certeza em relação às oitavas: enfrentará uma pedreira braba. As possibilidades mais prováveis levarão o time de Roger Machado a enfrentar ou um argentino (Boca, River ou Central), ou mexicanos com viagem longa e altitude (Pumas ou Toluca), ou um brasileiro (Atlético Mineiro ou Corinthians) ou o melhor time da Libertadores, que é o Atlético Nacional. O grupo da morte foi só um prelúdio do que virá pela frente na vida do Tricolor Gaúcho.

Liverpool 4 x 3 Borussia Dortmund
O jogo do ano de 2016 até agora. O mata-mata entre ingleses e alemães já tinha o ingrediente especial do reencontro de Jürgen Klopp com o Dortmund. O que ninguém imaginava era um enredo tão espetacular. A partida no Anfield Road chegou a emocionar o comentarista Rodrigo Bueno, da Fox Sports, tão incrível foi a virada do Liverpool, que perdia por 3 a 1 até 25 do segundo tempo e conseguiu reverter o placar. Shakhtar, Villarreal e o eterno candidato Sevilla também chegaram ontem às semifinais, mas o Liverpool deu inegável pinta de campeão com esta vitória histórica.

Foto: Rosario Central/Divulgação.

Comentários

Franke disse…
O melhor confronto que a Europa pode oferecer no momento é Liverpool vs Atlético de Madrid.