Tem certeza que foi 0 a 0?

Erazo e Valdés, dois dos melhores do jogão em Santiago
A ideia de que os jogos que terminam sem gols são chatos é consagrada, mas nem sempre verdadeira. Sábado passado, o empate em 0 a 0 entre Borussia Dortmund e Bayern München, pelo Campeonato Alemão, provou isso. Hoje foi a vez de Colo-Colo e Atlético-MG enterrarem o ditado: o Monumental de Santiago viu um jogaço aberto, intenso, agressivo, no qual a grande injustiça foi mesmo a bola não ter entrado - méritos dos goleiros Villar e, principalmente, Victor.

O confronto dos dois melhores times do Grupo 5 foi, portanto, dentro do esperado. E sua tônica foi a mais lógica também: os chilenos, jogando em casa, foram para cima; o Galo, confortável líder da chave, especulou no contra-ataque. Mas a qualidade do time mineiro impôs sempre respeito aos donos da casa, que não puderam, de imediato, se atirar para cima em busca do gol. Era preciso dosar agressividade com cautela. Um jogo de xadrez, mas não dos chatos, e sim dos melhores.

O Colo-Colo sempre chegava com bastante gente ao ataque. Inteligente, o ótimo centroavante Paredes fazia o pivô para dar opções ao excelente Valdés, além dos dinâmicos Tonso e Delgado, que infernizou Marcos Rocha a noite toda. O mérito do Galo para neutralizar o time da casa foi a compactação, com a colaboração sempre importante dos pontas Luan e Patric na marcação. Talvez com Robinho, ausente de última hora, isso não fosse possível. Por outro lado, apenas Luan chegava às costas de Beausejour para abastecer Pratto - Patric, muito preocupado com Tonso, quase não subiu, e Cazares, desta vez, decepcionou.

Controlada a pressão do Colo-Colo no primeiro tempo, Diego Aguirre resolveu ousar na volta do intervalo. Buscando conter as triangulações de Fierro, Araya e Tonso pela direita, colocou o ofensivo Hyuri na vaga do apagado Patric, além de aumentar o poder criativo com Dátolo no lugar de Cazares. O jogo seguiu o ritmo alucinante do primeiro tempo: mesmo com o Galo agora ainda mais perigoso, o Colo-Colo jamais deixou de atacar e buscar a vitória, resultado que lhe seria importante para garantir tranquilidade no grupo.

O azar de Aguirre foi a lesão de Dátolo, logo aos 17 minutos. Sem ele, o uruguaio se viu obrigado a fechar o time com Júnior Urso. Era o fim do equilíbrio e o início de uma pressão forte dos chilenos, a qual duraria até o apito final. De peça fundamental na frente, Pratto virou um importantíssimo afastador de cruzamentos chilenos na área defensiva do Atlético-MG. O Colo-Colo perdeu uma profusão de gols, alguns salvados de forma milagrosa por Victor, outros por erros de conclusão inacreditáveis, frente a frente com o arqueiro atleticano.

O Galo passou por um teste complicado. Teve momentos de equilíbrio fora de casa, contra um adversário forte, em um caldeirão. Passou por imprevistos, substituições forçadas, mas soube sofrer para garantir o resultado. O 0 a 0 é ótimo: com 7 pontos, o time mineiro ainda atuará duas vezes em Belo Horizonte. Bastará não fazer bobagem no Horto para que a vaga venha sem qualquer tipo de sobressalto - o que, diante das dificuldades pelas quais todos os demais rivais brasileiros vêm passando, já é algo a ser destacado.

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Copa Libertadores da América 2016 - 1ª fase - Grupo 5 - 3ª rodada
10/março/2016
COLO-COLO 0 x ATLÉTICO-MG 0
Local: Monumental, Santiago (CHI)
Árbitro: Gery Vargas (BOL)
Público: 35.000
Cartão amarelo: Valdés, Beausejour, Rafael Carioca, Leonardo Silva e Leandro Donizete
COLO-COLO: Villar (6,5), Fierro (5,5), Baeza (5,5), Barroso (6) e Beausejour (5,5); Pavez (6), Araya (6) e Valdés (7); Tonso (6,5), Paredes (6,5) (Reina, 33 do 2º - sem nota) e Delgado (6) (Rodríguez, 23 do 2º - 6). Técnico: José Luis Sierra
ATLÉTICO-MG: Victor (7,5), Marcos Rocha (4,5), Leonardo Silva (5,5), Erazo (6,5) e Douglas Santos (5,5); Rafael Carioca (6), Leandro Donizete (5,5) e Cazares (5) (Dátolo, intervalo - 6) (Júnior Urso, 17 do 2º - 5); Luan (6), Pratto (5) e Patric (5) (Hyuri, intervalo - 5). Técnico: Diego Aguirre

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