Rivalidade, provocações e emoção: Fla x Vasco teve todos os ingredientes de um grande clássico

Empate em 1 a 1 serviu mais ao Vasco, que segue na liderança
Basicamente, o que faltou para que o Flamengo x Vasco de ontem fosse um clássico típico foi apenas o Maracanã. Em um Mané Garrincha com público razoável de 27 mil pessoas (embora os promotores do jogo tenham falado em 34 mil ingressos vendidos horas antes), as duas equipes fizeram um duelo cheio de ingredientes de um grande clássico brasileiro: muita provocação dentro de campo, rivalidades pessoais exacerbadas entre os jogadores e um jogo movimentado, que acabou empatado de forma justa pelo que produziram os dois times em campo.

Em geral, o Flamengo teve mais chances (foram dez ao longo da partida, contra sete do Vasco). Natural para quem precisava mais da vitória. Só no primeiro tempo foram seis, diante de apenas uma do rival. Apesar disso, é difícil dizer que houve domínio rubro-negro, mesmo na primeira etapa. Enquanto Muricy Ramalho ainda sofre para buscar um padrão de jogo e equilibrar a qualidade técnica com um bom nível físico em um time com muitos veteranos e frequentes viagens, Jorginho está em uma fase mais adiantada de seu trabalho. A inevitável provocação flamenguista em relação ao fato de o Vasco estar na Série B é justa, mas é bom que se lembre que este time vascaíno não é de nível de segunda divisão. Pelo que vinha jogando no final de 2015, e pelo que vem fazendo neste começo de ano, subirá com a tranquilidade de um Corinthians de 2008, provavelmente.

De qualquer modo, se houvesse um vencedor pelo primeiro tempo ele seria o Flamengo. Com maior ímpeto, a equipe de Muricy só não saiu à frente porque Martín Silva fez ao menos três grandes defesas e a fraquíssima arbitragem não viu pênalti de Rodrigo em Guerrero. O problema é que, como tem sido praxe, houve uma queda de rendimento na etapa final. Com Guerrero esgotado, Ederson ainda buscando mais ritmo competitivo e Emerson Sheik muito abaixo, o Vasco dominou completamente os primeiros 20 minutos da etapa final, criando seis chances de marcar e tornando Paulo Victor uma das figuras do jogo. O panorama só mudou com as entradas de Alan Patrick e Marcelo Cirino - não à toa, foi deles a jogada do gol, logo revidado pelo empate de Riascos. Alan ainda criou outra chance clara aos 45, mas Arão e Guerrero perderam na pequena área.

Riascos provoca a torcida do Flamengo após empatar o jogo
Como se vê, não faltaram emoções e alternativas no Clássico dos Milhões. Mas não foi só isso: outro fator que deu um saboroso tempero ao jogo foram as rivalidade individuais, especialmente a de Rodrigo com Paolo Guerrero - duelo particular vencido pelo vascaíno. Provocador, o beque conclamou a torcida a bradar contra o peruano em determinado momento do jogo, isso sem falar nas pequenas agressões que passaram despercebidas pelo árbitro. Por outro lado, Willian Arão deu o troco em Andrezinho, respondendo à janelinha sofrida no clássico da primeira fase com um lindo chapéu. Até nisso houve igualdade, portanto.

Por fim, relato de quem esteve nas arquibancadas do Mané Garrincha ontem: não deixa de impressionar a tranquilidade com que flamenguistas e vascaínos compartilharam as avenidas próximas ao estádio e os próprios setores internos, todos eles mistos (à exceção das organizadas). Clima que deveria ser o de sempre, em qualquer clássico, por sinal, com provocações que jamais descambaram para qualquer tipo de agressão física. Foi bonito de ver, e mostra que há sim, motivos para sermos otimistas em relação à violência no nosso futebol. Ao final, claro, os vascaínos saíram mais felizes: o empate amplia para oito jogos a invencibilidade sobre o Flamengo, mantém a equipe de Jorginho na liderança da Taça Guanabara e deixa o Rubro-Negro no incômodo 6º lugar - fora da zona de classificação - e na obrigação de ganhar do Botafogo, sábado em Juiz de Fora.

Fotos: Paulo Fernandes/Vasco.

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