A beleza do Fla-Flu paulistano esteve mais nas arquibancadas que dentro de campo

Mais uma vez, Fla-Flu no Pacaembu acabou em 0 a 0
O fato de o Fla-Flu de ontem ter sido realizado em São Paulo por si só já o tornava histórico. Mas mais do que isso: nada menos que 30 mil pessoas (esmagadora maioria de rubro-negros) transformaram o bairro do Pacaembu em um pedacinho do Rio de Janeiro, em um domingo absolutamente inusitado e sem nenhum outro jogo disputado na capital paulista. Certamente um clima bem melhor que o do outro clássico disputado por lá, em 1942, quando apenas sete mil pessoas suportaram a chuva para ver um empate sem gols. Este, aliás, foi o único fator decepcionante da tarde: o jogo em si, e o placar principalmente.

Ainda assim, não dá para falar em frustração, em um futebol abaixo do esperado. Muricy Ramalho chegou a São Paulo admitindo que seu time não estava 100%. Vem atuando em meios e fins de semana sem folga, e vinha de uma decepcionante derrota em Aracaju, para o Confiança, na estreia da Copa do Brasil. Levir Culpi, ao contrário, teve uma semana inteira para conhecer melhor seu elenco e trabalhar um Fluminense competitivo para o clássico. Chegou para o jogo com o time mais forte ano até agora, com a qualidade de Jonathan na lateral direita, Gum e Henrique na zaga, Pierre no meio e um bom quarteto de frente (Gérson, Diego Souza, Fred e Gustavo Scarpa). Porém, foi só o primeiro jogo deste conjunto todo, e não seria de esperar um futebol muito melhor do que o visto ontem.

Assim, nenhum dos dois times fez um clássico em si abaixo das expectativas. O Flamengo fez o que pôde, o Fluminense está começando a se encorpar aos poucos com seu novo treinador. A partida teve altos e baixos. Na primeira metade da etapa inicial, a equipe rubro-negra teve mais a iniciativa, mas o Tricolor era mais perigoso nos contragolpes e bolas paradas. Houve alguns raros momentos de lá e cá, mas em geral o duelo foi sempre parelho. Com Ederson ainda buscando voltar ao alto nível físico, o Fla só foi perigoso quando Emerson Sheik saiu da ponta para buscar jogo e armar o ataque, como tão bem fez na estreia da Primeira Liga, contra o Atlético Mineiro. No Flu, era Gustavo Scarpa e seu refinado toque criativo a fonte da maioria dos lances de perigo a Paulo Victor.

Diego Souza teve lampejos: pode ter sido sua despedida do Flu
No segundo tempo, era natural que o Flamengo fosse cair, devido ao já mencionado desgaste. Mas a partida toda piorou. Diego Souza (de possível saída para o Sport), após bons lampejos nos 45 iniciais, caiu bastante e deu lugar a Marcos Júnior, inoperante. A equipe de Levir já havia piorado com a saída de Fred (mesmo em jornada pouco inspirada) para a entrada do também infértil Osvaldo. No caso flamenguista, com Sheik cansado e Ederson sacado, era previsível a queda brusca no nível de criatividade do meio. Muricy tentou Alan Patrick e Gabriel, que não deram resultado. Mancuello, mesmo sem ser articulador, faz muita falta ao time.

O empate equilibrado mostrou um Fluminense melhor do que o dos últimos jogos, e essa talvez seja a grande notícia de um clássico que, daqui a dez dias, poderá decidir a Primeira Liga. Em relação ao Campeonato Carioca, ainda é cedo para se falar das consequências deste empate, pois a Taça Guanabara está recém começando. Um Fla-Flu morno, entre dois times com problemas, em busca de acerto. Um clássico que só não cairá no esquecimento por conta do inusitado de seu local, e do show visto nas arquibancadas.

Fotos: Flamengo/Divulgação e Nelson Pérez/Fluminense.

Comentários

Marcelo disse…
Foi BEM legal ver o jogo nas arquibancadas, no meio da Raça Fla. É um uso bem interessante pro Pacaembu, melhor estádio de São Paulo.

Agora só torço pra um Grenal por lá.
Vicente Fonseca disse…
Visitei o Pacaembu em 2009 (não era dia de jogo) e achei excelente mesmo.

Ontem vi um dado incrível: a renda dos quatro jogos do Campeonato Carioca realizados fora do Rio é BEM superior à de todos os outros 64 jogos realizados dentro do RJ SOMADOS. Talvez seja uma saída mesmo pra esses estaduais tão deficitários.