Não é o baile em Toluca que preocupa no Grêmio; é a sequência de jogos ruins
Triverio faz 1 a 0: jogada manjada que o Grêmio não controlou |
Logo na saída de bola, Maicon errou um passe forçando demais a bola. Isso foi uma constante durante todo o jogo, e o principal efeito da altitude de 2,6 mil metros na atuação gremista, e não falta de fôlego, algo que pega bem menos no México que na Bolívia, por exemplo. Os primeiros 15 minutos foram ruins: um Grêmio submetido ao modo como o Toluca queria jogar. Fora de suas características, tocou pouco a bola. Preocupado demais em contra-atacar, esqueceu de jogar. Esse foi o principal erro de Roger Machado ontem à noite.
A partir de um adiantamento da marcação, o Grêmio controlou o jogo dos 20 minutos em diante. Criou chances, a principal delas em jogadaça de Douglas, que deixou Everton livre, mas o chute cruzado saiu por centímetros. A essa altura, o Toluca já apresentava dificuldades em trabalhar a bola e sua principal (para não dizer única) jogada, o cruzamento de algum ponta buscando Triverio, era mais rara. A expulsão de Velasco, em boa catimbada de Douglas, fez os pontas Esquivel e Arellano recuarem para compor o meio, o que sugeria que o caminho para a vitória tricolor começava a ficar mais possível. Mas deu tudo errado no segundo tempo.
O primeiro gol de Triverio, na manjadíssima bola alçada na área, aos 50 segundos, desarticulou o Grêmio. Houve um abalo psicológico forte, mas também uma situação de incômodo: agora, não bastava ao time gaúcho ser reativo e jogar no erro mexicano. Diante de dez homens, era preciso achar espaços e ainda saber lidar com os contragolpes. O espaço para os pontas adversários era dado novamente. O terror da bola aérea voltaria com força ainda maior.
Com Giuliano ainda descontado fisicamente e Luan sentindo o cansaço pela falta de ar no segundo tempo (ele foi quem mais combateu a saída de bola do adversário no primeiro), o Grêmio não criou absolutamente nada. Teve atuação apática, uma posse de bola absolutamente estéril e, em vários momentos, se viu envolvido pelo Toluca, que mesmo com dez homens dominou o jogo como jamais conseguira no primeiro tempo. O pênalti de Geromel em Triverio foi discutível, mas o 2 a 0, ainda assim, saiu barato.
Houve diversos problemas sérios, mas é preciso colocá-los em perspectiva longe do calor do momento. Fala-se muito na avenida das laterais, e de fato Marcelo Oliveira vem deixando um grande espaço às suas costas. Mas isso não ocorre por acaso: Everton, embora seja mais jogador em termos técnicos, compõe o meio bem menos que Pedro Rocha. Na direita, Giuliano, ainda pegando ritmo, não pôde colaborar tanto com a marcação como em 2015, e por isso Wallace Oliveira sofreu. Nada disso é coincidência. Ainda falta a entrada de Miller Bolaños num time que manteve a base que fez bonito no ano passado. O desafio de Roger é conciliar esta melhor qualidade técnica com a volta da combatividade dos pontas que marcou o time da última temporada.
O Grêmio de 2016 tem potencial para ir ainda mais longe que o da última temporada, e equipes que vão longe na Libertadores nem sempre a começam bem, e muitas vezes vão crescendo ao longo da competição. Porém, precisa corrigir tudo isso. Diante de rivais fortes. E tem só duas semanas para isso. É isso o que preocupa.
Foto: Toluca/Divulgação.
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