A categoria de Belluschi já deixou o San Lorenzo ainda melhor. O Boca sentiu isso na pele

Única expressão técnica de uma fase complicada da história do River Plate (final da década passada), o meia Fernando Belluschi pode, a uma primeira vista, não chamar tanta atenção se olharmos a trajetória de sua carreira. Saiu de Núñez para o Olympiakos, jogou no Porto, na Genoa, no Bursaspor e no Cruz Azul - mercados periféricos da Europa e um clube médio da Itália. No entanto, quem lembra um pouco de alguns jogos do River entre 2006 e 2008 sabe bem do que ele é capaz. O Boca, sua vítima em vários clássicos daquele período, teve essa sensação desagradável novamente ontem.

Na final da Supercopa Argentina, Belluschi mostrou que, aos 32 anos, não perdeu em nada suas melhores características: exímio controle de bola, visão de jogo fora do comum, velocidade na execução das jogadas e conclusões de alto nível, como se fosse atacante, e não um dos típicos enganches argentinos. Foi seu segundo jogo pelo San Lorenzo, mas ele parecia jogador do clube há anos, tamanha a naturalidade e o entrosamento com os companheiros. Depois de estrear em um empate com o modesto Patronato no final de semana, foi o grande nome da goleada espetacular do Ciclón sobre o Boca, ontem, por 4 a 0, em Córdoba. Basta ver os gols para isso ficar claro.



A goleada é um alerta principalmente para todos os que pleiteiam o título da Libertadores. Afinal, deixa clara a força do San Lorenzo. Vale lembrar que o cenário era outro semanas atrás: a equipe iniciou o ano sob desconfianças. O time campeão da América de 2014 e vice-campeão nacional do ano passado perdeu nomes importantes, como Cetto e Yepes, mas principalmente o técnico Edgardo Bauza. Sofreu na reta final do Campeonato Argentino para ser criativo, com Romagnoli sentindo o peso de quem não consegue manter o ritmo aos 34 anos. Mas Belluschi tem potencial de sobra para substituí-lo, por ser um jogador tecnicamente inclusive superior ao histórico 10 de Boedo. São dois nomes de enorme peso para a meia-cancha, mas que dificilmente começarão um jogo juntos.

Agora, e principalmente após o jogo de ontem, as expectativas são altas. Com a saída de Bauza, temia-se um desmanche que, na prática, não ocorreu. Ao contrário: a equipe ficou mais forte ainda. Além de Belluschi, que fica por empréstimo até julho do ano que vem, chegaram nomes importantes, como o zagueiro e lateral Angeleri (ex-Estudiantes) e o atacante Cerutti, que chega da mesma equipe de La Plata para reforçar um ataque que manteve Matos, Cauteruccio, Barrientos, Blandi e Villalba. Mais atrás, segue a segurança de Mercier, Ortigoza, Kalinski, Buffarini, Más e Torrico, entre outros.

Se o elenco campeão da Libertadores era considerado apenas razoável por muitos, agora, com a base mantida e reforços que chegam para qualificar de fato o grupo, é de se esperar que o San Lorenzo vá bem longe na competição. Seu elenco, com as manutenções e acréscimos, não deve nada para o do Boca, por exemplo. A goleada de ontem em Córdoba, aplicada sobre aquele que é considerado o melhor time argentino da atualidade, não deixa dúvidas disso.

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