Com o pragmatismo de Pelusso, o Santa Fe enfim conquista um título internacional

A lenda Omar Pérez levanta a taça: enfim, uma festa continental do Santa Fe
Santa Fe e Huracán entraram para disputar a final da Copa Sul-Americana com o peso de nunca terem antes atingido uma glória internacional. O histórico refletiu a tensão em campo: foram 210 minutos de pouquíssimo futebol, muito nervosismo e nenhum gol. A decisão por pênaltis no El Campín veio ao agrado do time argentino, mas na marca da cal acabou prevalecendo a maior qualidade dos colombianos. Foi a segunda vez que a Sul-Americana acabou decidida nos pênaltis.

Conhecido por praticar um bom futebol nos últimos quatro anos, o Santa Fe abriu mão de parte de sua qualidade para ser pragmático com o uruguaio Gerardo Pelusso. Aprendeu, assim, a jogar em casa e fora - este o seu principal problema. Ao contrário do que manda a tradição colombiana, a equipe de Bogotá chega ao título com cinco empates seguidos, uma campanha que lembra muito mais o último campeão continental vindo do país (o pouco cotado Once Caldas de 2004) que equipes recentes mais atraentes, mas que ficaram pelo caminho, como o próprio Santa Fe de 2013 e deste ano ou o Atlético Nacional de 2014.

O jogo de El Campín se assemelhou muito ao de El Palacio, na semana passada: dois times muito empenhados em se anular e pouco preocupados em jogar. Tirando um erro de Zapata desperdiçado incrivelmente por Ábila logo no começo da noite, o Huracán praticamente não passou da linha de meio-campo. A equipe argentina se fechou de forma extremamente compacta da intermediária para trás, mas deixava o centroavante completamente isolado na frente. Isso dificultava demais as tentativas de articulação do Santa Fe, mas impediam também que o time de Buenos Aires levasse qualquer perigo ao gol de Zapata.

O panorama seguiu muito parecido durante todo o segundo tempo. As únicas chegadas relativamente perigosas do time da casa eram em raros chutes de longa distância ou algumas faltas cavadas por Morelo - bem marcado, o ponta colombiano normalmente levava vantagem sobre o primeiro marcador, mas parava no segundo, muitas vezes com infrações. Foi aí que Pelusso decidiu lançar mão de Omar Pérez: mesmo descontado, o craque poderia resolver a partida num passe genial ou numa bola parada. Sem ter a quem marcar, Gordillo saiu. O Huracán pedia para que o Santa Fe atacasse, portanto, não havia problema em abrir um pouco o time.

Seijas assumiu a criação da equipe sem Omar Pérez
Pérez deu a qualidade no passe que se esperava, mas sem a intensidade necessária, por estar longe das condições físicas ideais. Com a cera do goleiro Díaz, os cortes providenciais de Mancinelli e os desarmes sempre precisos do ótimo volante Vismara, o time argentino arrastou o jogo até a prorrogação. Nos 30 minutos extras, também pouquíssima coisa aconteceu. Foi notável a dedicação do Huracán, sua aplicação tática. Mesmo esgotado fisicamente, seguiu mantendo o Santa Fe longe de sua meta, e conseguiu levar a decisão do título para os pênaltis. Aí, errou três das quatro cobranças que fez, enquanto os colombianos converteram todas.

Para quem quase foi rebaixado no Campeonato Argentino, o Huracán fez um lindo papel na Sul-Americana. Mostrou ao continente um lado copeiro que aflorou na Copa Argentina do ano passado, e disputará pela segunda vez seguida a Libertadores - só em 1974, com o melhor time de sua história, o Globo havia participado do principal torneio do continente. Mas o fato é que o Santa Fe estava na fila há mais tempo: beliscava um título na América do Sul desde 2011, e vinha fazendo por merecê-lo. Com Omar Pérez desta vez de coadjuvante, mas recebendo todo o reconhecimento de ser o homem que alçou o clube vermelho de Bogotá a um patamar superior, chegou lá. A festa é mais que merecida.

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Ficha técnica
Copa Sul-Americana 2015 - Final - Jogo de volta
9/dezembro/2015
SANTA FE 0 x HURACÁN 0
Decisão por pênaltis: Santa Fe 3 x Huracán 1
Local: El Campín, Bogotá (COL)
Árbitro: Heber Roberto Lopes (BRA)
Público: 35.000
Cartão amarelo: Espinoza, Seijas e Borja
Expulsão: Ábila 11 do 2º da prorrogação
SANTA FE: Zapata (7), Anchico (6) (Otálvaro, 2 do 2º da prorrogação - sem nota), Mina (6), Meza (6,5) e Balanta (6,5); Perlaza (6), Gordillo (5,5) (Omar Pérez, 26 do 2º - 6,5), Roa (5,5) e Seijas (6,5); Angulo (5) (Borja, intervalo - 5) e Morelo (6). Técnico: Gerardo Pelusso
Cobranças: Omar Pérez (gol), Seijas (gol), Balanta (gol)
HURACÁN: Díaz (6), San Román (5,5), Nervo (5), Mancinelli (7) e Balbi (5,5); Vismara (8), Bogado (6,5), Montenegro (5,5) (Distéfano, 32 do 2º - 5,5), Espinoza (5,5) (Torassa, 6 do 1º da prorrogação - 5,5) (Arano, 14 do 2º da prorrogação - sem nota) e Toranzo (5,5); Ábila (4). Técnico: Eduardo Domínguez
Cobranças: Bogado (defendido), Nervo (travessão), Mancinelli (gol), Toranzo (travessão)

Fotos: Santa Fe/Divulgação.

Comentários

Chico disse…
El Globo é muito fraco e Los Cardinales também são bem medianos. além disso, uma grande dose de nervosismo e ansiedade tornaram a partida muito ruim. No fim, mereceu ganhar o Santa Fé.