Em grande tarde de Bou, o Racing venceu o Independiente fora e ficou perto da Libertadores

Bou comemora seu golaço: Racing ficou perto da Libertadores
Talvez a única coisa que ainda faltava a Gustavo Bou com a camisa do Racing era uma atuação inesquecível em um clássico contra o Independiente. Ela veio ontem, e num duelo decisivo. A vitória por 2 a 0 no Libertadores de América foi histórica não apenas porque deixou a Academia muito próxima de disputar novamente o maior torneio da América do Sul, mas porque derrubou vários tabus: há 11 anos o Racing não ganhava do seu maior rival como visitante (a última vez havia sido em 2004, com direito a gol de Lisandro López, mas na cancha do Lanús); há 14 não o vencia no seu estádio; e há 14 jogos (ou nove meses) o time de Mauricio Pellegrino não perdia em casa em jogos nacionais. Perdeu quando não podia, e para quem mais dói.

É verdade que Pellegrino foi para o clássico sem Mendez e Mancuello, principais homens da meia-cancha do Independiente, mas Diego Cocca não teve simplesmente Diego Milito. A estratégia do Racing foi clara: se segurar atrás e apostar tudo na qualidade de Bou. A equipe azul jogou num humilde 4-4-1-1, com quatro homens de postura versátil no meio (primeiro marcando, depois saindo), Óscar Romero à frente deles e o artilheiro isolado na frente. O Rojo, no seu habitual 4-3-3, tentou começar em cima, mas o esquema de Cocca impedia que os flancos fossem utilizados. Pisano e Benítez, duas das principais forças do Independiente, foram anulados pelas dobradinhas Grimi-Acuña e Pillud-Díaz, respectivamente.

O clássico foi muito disputado e truncado nos primeiros 35 minutos. Até então, o Independiente só havia chegado uma vez, com Vera, que passou por Lollo e cruzou para Benítez, mas Pillud cortou de carrinho na pequena área, com Saja já batido. Num balão para a frente, porém, o Racing abriu o placar, bem como sua estratégia obrigava: Bou recebeu próximo à área, investiu contra a zaga rival, levou vantagem no drible curto e bateu na saída de Ruso Rodríguez. O gol era uma ducha fria no Rojo, que mal teve tempo de sentir o 1 a 0 e levava o segundo, de Romero. O paraguaio estava mancando e teve de ser substituído, mas pegou sobra com sua habitual categoria e ampliou. Pelo lado vermelho, o meia que sentiu foi Cristian Rodríguez. O uruguaio sumiu do jogo, mas Romero, pelo Racing, o decidiu. Sutilezas que fazem a diferença num clássico desse porte.

Com Lucero e Aquino em campo, Pellegrino tratou de dar gás novo e mais ofensividade na volta do intervalo, mas a expulsão de Torito Rodríguez, logo aos cinco minutos, por entrada criminosa em Bou, frustrou os planos e facilitou a vida do Racing. Convém notar que o time de Cocca não abriu mão de sua estratégia resguardada. Embora tenha tido evidente controle do jogo nos minutos seguintes, ocupando bem mais o campo rival que no primeiro tempo, jamais se expôs além do que deveria. Isso complicou muito a vida do Independiente, que seguia sem espaços, e agora com inferioridade numérica. Só em raras bolas aéreas o time vermelho chegou perto de descontar.

Não há saldo qualificado, mas o Racing está muito perto de disputar a Libertadores pelo segundo ano seguido. Ontem, não foi brilhante, mas pragmático. A Academia, a bem da verdade, merece disputar a Copa: fez mais pontos que o Independiente ao longo do ano e, apesar do excelente desempenho de Pellegrino no time vermelho, mostrou ser uma equipe mais madura. Mancuello e Mendez devem voltar no domingo que vem, no jogo de volta, mas terão de jogar muito para impedir que o Racing leve o título desta liguilla.

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Ficha técnica
Campeonato Argentino 2015 - Seletiva da Libertadores - Final - Jogo de ida
29/novembro/2015
INDEPENDIENTE 0 x RACING 2
Local: Libertadores de América, Avellaneda (ARG)
Árbitro: Germán Delfino (ARG)
Público: não divulgado
Gols: Bou 36 e Óscar Romero 40 do 1º
Cartão amarelo: Cuesta, Pellerano, Lucero, Grimi e Díaz
Expulsão: Torito Rodríguez 5 do 2º
INDEPENDIENTE: Ruso Rodríguez (4,5), Toledo (4,5), Pellerano (4), Cuesta (5) e Tagliafico (5,5); Torito Rodríguez (2), Ortíz (4,5) e Cristian Rodríguez (4,5) (Lucero, intervalo - 5); Pisano (5,5) (Aquino, intervalo - 5,5), Vera (6,5) e Benítez (5). Técnico: Mauricio Pellegrino
RACING: Saja (6), Pillud (6), Lollo (6,5), Sánchez (7) e Grimi (6); Cerro (5,5) (Voboril, 26 do 2º - 5,5), Aued (6,5), Díaz (6) e Acuña (7) (Camacho, 38 do 2º - sem nota); Óscar Romero (7) (Noir, 43 do 1º - 6) e Bou (8). Técnico: Diego Cocca

Foto: Racing/Divulgação.

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