O Inter vai ter que contrariar sua biografia e jogar mais para eliminar o Palmeiras em São Paulo

O empate em 1 a 1 com o Palmeiras não tirou o Internacional da Copa do Brasil, mas inegavelmente complicou a situação da equipe na competição. Diante do retrospecto do time dentro e fora do Beira-Rio em 2015, era importantíssimo fazer o resultado em casa no primeiro jogo. O Inter não só não o fez, como ainda tomou o gol qualificado. Irá a São Paulo precisando reverter uma desvantagem, num jogo fora de casa, diante de um adversário mais forte e que vive momento superior. A tarefa está longe de ser simples.

A começar pelo retrospecto do Internacional fora de casa neste ano. Na Libertadores, só a frágil Universidad de Chile foi batida - embora o jogo contra o Atlético Mineiro tenha sido um 2 a 2, placar que serve na próxima quarta. No Brasileirão, só Joinville e Coritiba foram superados longe do Beira-Rio. Contra equipes da primeira página da tabela, basicamente apenas derrotas. Para vencer o Palmeiras em São Paulo, portanto, será preciso contrariar tudo isso. Passar por desafios que esta equipe já apresentava dificuldades para superar inclusive nos bons tempos de Diego Aguirre, quando viveu seu auge técnico em 2015.
Na primeira saída de bola errada da noite, Rodrigo Dourado vacilou e perdeu para Dudu, que pegou a defesa colorada totalmente fora de lugar. Nesta, Alisson salvou cara a cara com Barrios
Sem D'Alessandro e Eduardo Sasha, era previsível que Argel Fucks fosse mesmo entrar com três volantes, ainda que dentro de casa. A aposta era ter robustez defensiva para não sofrer gols em Porto Alegre, algo importante num mata-mata com saldo qualificado. Na prática, porém, não deu certo. Sempre envolvente com a bola nos pés, o Palmeiras não teve problemas para achar espaços na defesa do Inter, seja com as subidas dos laterais ou nas jogadas individuais de Gabriel Jesus e, principalmente, Dudu. O que os três volantes trouxeram ao time foi, simplesmente, uma pior saída de bola. Se isso complica lá atrás, dificulta muito a tarefa de quem se propõe a explorar a velocidade, mesmo dentro de casa.

O placar, no entanto, foi justo. O Palmeiras mostrou ser mais time, poderia ter vencido (Alisson, de novo, foi o melhor em campo, com defesa até de pênalti), mas o Inter também levou perigo em determinados momentos, foi dedicado e, acima de tudo, humilde. Achou um gol num tirambaço de Alex, mas não teve competência para segurar a vantagem que caiu no seu colo. Humildade, aliás, é a palavra-chave: o discurso de satisfação com o rendimento contrasta com a bronca de torcedores que não aceitam ver o time jogando de modo tão resguardado em casa. Demonstra que, dentro do Beira-Rio, todos sabem das limitações de uma equipe que não tem vários titulares e vem conseguindo resultados superiores às suas atuações recentes.

Em São Paulo, a ausência de Vitinho será sentida. Ele tem velocidade para o contragolpe, que será fundamental, mas também bola parada e qualidade técnica na finalização. Tudo isso fará falta. Quando Argel fala que jogará por uma bola no Allianz Parque, tudo fica evidente: o Inter vai esperar o Palmeiras, mesmo precisando marcar gols. Vai sair só na boa, e tentar aproveitar uma circunstância da partida (bola parada, ou chute de fora de Alex) para vencer e se classificar.
O lance do pênalti começa com Wellington furando uma cabeçada após rebatida de Réver...
...o que dificulta a vida de Rodrigo Dourado. Marcado, ele não tem espaço para dar um chutão e acaba devolvendo a bola de cabeça ao Palmeiras. Na sequência, Dudu recebe e é derrubado por Ernando na área
A estratégia que condiz com a realidade e a diferença de nível dos dois times neste atual momento - um Palmeiras consolidado contra um Inter desfalcado e em busca de afirmação. Isso ficou claro nas substituições: enquanto Argel preferiu trocar seis por meia dúzia e realizar mudanças basicamente para segurar o resultado, Marcelo Oliveira jamais ficou no dilema de "atacar e arriscar tomar mais ou ficar na minha e perder de pouco?": abriu seu time, retirou Arouca e Barrios para a entrada de Rafael Marques e Cristaldo e foi premiado com o gol. Um retrato importante do momento diferente vivido pelos dois times. Momento este que indica uma tendência, mas não define nada, pois na Copa do Brasil muita história surpreendente já foi contada.

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