O Flamengo não foi brilhante, mas merece o G-4 pela regularidade e consistência
Flamengo x Cruzeiro era um jogo que prometia muito, mas que entregou pouco. Um estádio lotado é capaz de dar cara de jogão a uma partida fraca, e foi exatamente o que os 43 mil torcedores que compareceram ao Maracanã conseguiram. Dois times que vinham embalados, motivados por boas vitórias recentes, prometiam um confronto intenso que nunca ocorreu - apenas sete chances gol, e incríveis 104 passes errados em 90 minutos. Mas a festa da nação rubro-negra foi garantida - e como ela é quase sempre empolgante, ninguém vai lembrar disso.
Até porque nada disso invalida o importantíssimo triunfo do Flamengo, pelo contrário. Afinal, a equipe de Oswaldo de Oliveira foi a campo com um meio quase reserva e sem o centroavante Paolo Guerrero, seu principal expoente técnico, e ainda assim venceu o time de Mano Menezes. Não foi com brilho, mas porque nem poderia ser: foi com a consistência de quem, 137 rodadas depois, está de volta ao G-4 do Brasileirão.
O primeiro tempo foi morno, e por isso do Cruzeiro. Mano Menezes montou um 4-3-3 sem meias que congestionou o meio e complicou o Fla. As chegadas da equipe mineira vinham pelas pontas, com Willians e Willian aproveitando o espaço deixado por Jorge pela direita e, com bem menos intensidade, Pará e Allano pela esquerda. Não conseguiu encaixar um contragolpe definitivo, porém - sem articuladores, essa era a forma como os mineiros melhor poderiam chegar ao gol de Paulo Victor. Ou na bola parada - aí, o goleiro do Flamengo fez duas ótimas defesas.
O golaço de Alan Patrick caiu do céu para a equipe carioca (quando a fase é boa, às vezes os gols caem do céu mesmo): uma jogada linda, uma conclusão de grande estilo, mas que só entrou porque desviou na zaga. Foi a única chance do time mandante em todo o primeiro tempo. Só que o 1 a 0 facilitava muito a etapa complementar, pois o Cruzeiro não estava pensado por Mano para trabalhar a bola e agredir o rival. O técnico gaúcho tentou dar mais criatividade retirando Cabral e colocando Marcos Vinícius, puxando Vinícius para criação. Depois, buscou isso com Marquinhos. Só após o 2 a 0, uma pintura de Luiz Antônio, é que investiu no nome mais indicado - o uruguaio Arrascaeta, que não entrou antes porque viajara para a América Central com sua seleção e estava desgastado pela longa viagem.
O Flamengo não tem nada a ver com isso, e não são gols fortuitos que o colocam na zona da Libertadores. A equipe de Oswaldo apresenta um dado recente que comprova sua consistência: vem ganhando mesmo desfalcada. A série de vitórias deste começo de returno, assim como a do Santos, é impossível de se manter, mas a arrancada se dá num momento de vacas magras em termos de opções, e não de fartura. É exatamente isso que dá a Corinthians e Grêmio, por exemplo, a segurança de que devam se manter lá em cima até o fim.
Ainda assim, e mesmo que seja sempre duro tirar o Flamengo de um G-4, a briga segue empolgante. O Fla é o que vem apresentando os melhores resultados, o São Paulo tem jogadores capazes de desequilibrar, o Atlético Paranaense é o mais regular (se mantém entre os seis primeiros quase que desde o começo do campeonato), o Santos é o que joga o futebol mais bonito, o Palmeiras é o de mais amplo elenco, o Fluminense tem dois craques que podem acordar e o Internacional já mostrou futebol de alto nível em 2015. Sete times grandes e uma única vaga em disputa - provavelmente a vaga à Libertadores mais disputada de todos os tempos.
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