Com troca de posições constante no ataque, Grêmio superou ausência de Douglas contra o Avaí

A mobilidade dos jogadores de frente do Grêmio tem sido uma constante da equipe na campanha de 2015, e um dos motivos para o ótimo desempenho ofensivo nesta temporada. Mesmo Douglas, conhecido por ser um jogador lento e sem essa característica, se encaixou tão bem nas ideias do técnico Roger Machado que entrou na dinâmica e, com sua inteligência, participa muito bem da formação. Mas, e sem ele, como as coisas funcionariam? Mais: e com Bobô, um centroavante que, embora saiba jogar, também é um atleta mais pesado e menos entrosado com os demais? Será que isso não "mataria" a liberdade de Luan?

Não matou. Contra o Avaí, Roger talvez tenha feito sua formação mais ousada como treinador gremista nas últimas semanas, com Giuliano, Luan, Pedro Rocha e Bobô à frente. Quem foi meia e quem foi atacante, porém, é um desafio difícil de se precisar. A movimentação de todos foi absolutamente intensa e afinada. Todos executaram todas as funções, sendo pontas, definidores ou armadores dependendo da situação, algo que somente um time em estágio muito avançado de composição é capaz de alcançar. Giuliano chegou a ser volante e lateral esquerdo em alguns momentos. Não à toa, foi o craque da noite na Arena.
Pelo mapa de calor, as posições médias dos atacantes gremistas foram estas. Mas as funções, veremos lá embaixo, variaram demais ao longo da partida
A importância de Pedro Rocha para a equipe ficou comprovada mais uma vez. Mesmo que raramente seja brilhante, sua presença na equipe coincide com os melhores jogos do Grêmio na temporada. Ele pode ser menos técnico que Fernandinho na hora de driblar, de ter a vitória pessoal, mas é um jogador taticamente fundamental para que o ataque gremista tenha esta mobilidade. Se Fernandinho é um ponta, e sabe executar basicamente apenas esta função, Pedro sabe fazer a ponta, ajudar na tabela e aparecer dentro da área. Sua colaboração para o gol de Giuliano deixa isso muito claro. Com sua capacidade de exercer mais de um papel, torna-se possível confundir a marcação adversária, algo que o Grêmio perde quando Fernandinho começa os jogos. A capacidade deste último de furar a defesa adversária na base da individualidade é importante em outras circunstâncias, como um segundo tempo difícil ou uma defesa cuja marcação individual encaixou nos demais atacantes.

A vitória veio da maneira ideal, no modo "economia de energia". Diante de um adversário que vinha em alta, com três vitórias seguidas na competição, o Grêmio sofreu sustos no início, mas soube conter as investidas catarinenses e abrir uma vantagem confortável logo cedo. O 2 a 0 conquistado em apenas 23 minutos permitiu ao time de Roger administrar a vantagem com segurança já no primeiro tempo, ótimo para quem tem uma decisão de mata-mata na quarta que vem, pela Copa do Brasil.

Mesmo no segundo tempo a equipe gaúcha não chegou correr riscos de sofrer o empate. Ficou esperando os visitantes, contrariando o que queria Roger, sofreu um gol aos 19, mas logo voltou a ter o controle do jogo, precisando de apenas mais 11 minutos para forçar um pouco o ritmo e definir o placar aos 30, num golaço de Maxi Rodríguez. Com a atuação inspirada de seus companheiros, aliás, o uruguaio encaixou muito bem na equipe desta vez, tendo sua melhor participação desde que retornou a Porto Alegre.

A tarefa, portanto, foi plenamente cumprida. O Grêmio venceu, o que era importantíssimo em termos de tabela - o resultado encaminha de vez a vaga na Libertadores e volta a incomodar o Atlético Mineiro, que está logo à frente. Não se desgastou à toa, jogando de forma forçada por apenas 33 dos 90 minutos de jogo. E o principal: encontrou mais uma fórmula para atuar, desta vez sem seu principal homem criativo. Falta apenas Roger encontrar uma maneira de encaixar Luan, Douglas e Bobô num mesmo time, algo que, no Maracanã, ficou visível que ainda não existe. E, claro, confirmar a classificação diante do Flu, na próxima quarta, numa Arena bem mais cheia que na noite deste sábado.

AS VARIAÇÕES DE FUNÇÃO NO ATAQUE DO GRÊMIO

1. Luan e Giuliano na articulação
Aos 4 minutos de jogo, Luan leva perigo em chute de fora da área. Neste lance, ele recua para armar o jogo ao lado de Giuliano, enquanto Pedro Rocha formam o ataque, abertos pelos lados

2. Variação de função entre Giuliano e Pedro Rocha
Além da roubada de bola no ataque, o que surpreendeu o Avaí no lance do primeiro gol do Grêmio foi a variação de função entre Giuliano e Pedro Rocha. Giuliano rouba a bola no meio como um ponta direita, enquanto Pedro Rocha forma o ataque centralizado, ao lado de Bobô. Mas Pedro vai abrir pela direita...
...trazer o zagueiro consigo e abrir espaço para Giuliano, agora centroavante, finalizar com liberdade dentro da área. Golaço só possível pelo grande entrosamento entre os dois

3. Giuliano como atacante na hora do contragolpe
No lance do segundo gol, é possível notar que, desta vez, é Giuliano quem inicia a jogada como atacante. Não houve troca de posições durante o lance, mas antes dele, já que Pedro Rocha está recuado pela meia direita. Esta variação dificulta a marcação individual

4. Até Bobô chegou a fazer a função de Douglas, recuado como armador
Neste contra-ataque, Bobô é quem conduz a bola como meia e arrisca de longe para defesa de Vagner. Foi o momento em que a equipe mais se aproximou do esquema normalmente implantado por Roger. Bobô, neste caso, cumpriu a função de Douglas, ausente ontem. Chama a atenção a presença de Walace como elemento-surpresa - foi ele quem roubou a bola que propiciou este ataque

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