Arbitragem, substituições e cansaço ajudam a explicar o massacre do Tottenham sobre o City

A goleada do Tottenham sobre o Manchester City surpreende sob diversos aspectos. Primeiro, a tabela de classificação do Campeonato Inglês - afinal, não é comum o líder ser goleado desta forma. Segundo, pelo retrospecto recente: nos últimos quatro jogos entre os dois clubes, quatro vitórias do City, três por goleada, com 16 gols marcados e dois sofridos. No entanto, além da ótima jornada do time de Londres, há várias outras razões que explicam a segunda queda seguida do primeiro colocado (neste momento, pois pode cair até para 4º) da Inglaterra.

A primeira diz respeito à Copa da Liga. No meio de semana, mesmo enfrentando um clássico contra o Arsenal em casa, o Tottenham optou por poupar titulares. Oito, ao todo: só Eriksen, Dier e Kane jogaram as duas partidas. Perdeu por 2 a 1 e foi eliminado em casa. O City, ao contrário, usou 10 de seus titulares contra o Sunderland. Goleou por 4 a 1 e garantiu classificação. Porém, apesar dos resultados óbvios de quarta-feira, o fator físico pesou hoje, especialmente no segundo tempo. Mesmo com 65% do tempo de bola na etapa final, a equipe visitante não conseguiu impor a pressão que exerceu na primeira metade do jogo e levou três gols após um empate de 1 a 1 nos 45 iniciais.

A segunda diz respeito a erros decisivos de arbitragem, cada vez mais comuns na Premier League. Se no jogo Chelsea x Arsenal, sábado passado, Mike Dean errou feio ao expulsar Gabriel Paulista e deixar Diego Costa em campo, hoje Mark Clattenburg e seus assistentes validaram dois gols em impedimento do Tottenham. O primeiro foi na origem do lance, não no arremate, mas mudou decisivamente os rumos de uma partida que estava à feição do City. Foi pouco antes do intervalo, quando a equipe vencia por 1 a 0 e levava uma importante vantagem para o segundo tempo. O segundo, o do 3 a 1, praticamente matou o jogo aos 15 da etapa final.
Walker recebe de Kane em claro impedimento na origem do lance do primeiro gol do Tottenham. E foi na cara do bandeira
Outro problema, aí causado pelo próprio City, foram os erros de substituição de Manuel Pellegrini. Perdendo por 2 a 1, ele abriu mão da qualidade de Yaya Touré no meio para a entrada de Navas. Além de ser o melhor jogador da equipe, o marfinense era também o principal nome do time em White Hart Lane. Navas não entrou mal, mas faltou um referencial técnico e anímico no meio. A saída de Fernandinho, que dava sustentação à marcação, colaborou para o buraco encontrado pelo camaronês N'Jie na construção da jogada do quarto gol.

O Tottenham, claro, não tem nada com isso: embora tudo tenha pesado para a goleada, Mauricio Pochettino usou uma estratégia correta durante a semana, já que o objetivo era a vitória hoje. Seu time, além de uma ótima atuação, soube aproveitar os erros rivais. Lloris fechou o gol, Alderweireld foi seguro na zaga, Kane enfim desencantou e Lamela foi o grande nome, com uma assistência e um golaço.

E para quem achava que o Campeonato Inglês seria sem graça depois de ver o Manchester City vencer seus cinco primeiros jogos sem sequer tomar gols, a equipe já perde a segunda seguida, e de forma bem impactante. Neste fim de semana, pode ser ultrapassada pelo rival Manchester United e ficar empatada em pontos com West Ham e Leicester. É cedo mais para decretar qualquer coisa num certame tão equilibrado quanto o britânico.
No lance do 3 a 1, Eriksen bate falta na trave e Kane marca no rebote. Repare que, na hora da cobrança, o centroavante está em posição adiantada

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