O Atlético Paranaense mostrou ao Grêmio a importância de ter um bom centroavante
Grêmio e Atlético Paranaense viveram jogos parecidos neste final de semana. As tarefas eram árduas: sair de casa para encarar dois times que brigam com eles próprios lá na ponta de cima da tabela do Campeonato Brasileiro. As duas equipes do Sul do país tiveram atuações semelhantes também: mesmo fora de seus domínios, controlaram a maior parte do meio-campo (e do jogo) diante de Fluminense e Palmeiras, respectivamente. Os resultados, porém, foram diferentes, por uma razão simples: um tinha um jogador que sabe definir, e o outro não.
Claro, não dá para desconsiderar os erros de arbitragem no Maracanã, os quais minaram as possibilidades de vitória que o Grêmio tinha. A nova má atuação de Wilton Pereira Sampaio, dentre tantas que ele anda tendo ultimamente, prejudicou e muito os gaúchos. Mas a falta de um centroavante é tão clara que o próprio técnico interino James Freitas preferiu destacar isso como fator preponderante para a derrota, mais que os erros de arbitragem. É algo que Roger Machado já vem falando há tempos também.
É por isso que Bobô será titular do Grêmio. Não sabemos como ele voltará do futebol turco, mas é um homem de área, que sabe fazer gols. Um centroavante de carteirinha, figura que o elenco gremista só tem, mesmo, no deficiente Braian Rodríguez. Na verdade, todos sabemos que o elenco tricolor precisa de um jogador que saiba fazer gols, desde que Marcelo Moreno e Barcos foram vendidos à China. O fato é que Roger armou o time de forma tão eficiente que, quando vinha em alta, o Tricolor Gaúcho até prescindiu desta figura para vencer vários jogos difíceis em sequência - um camisa 9 paradão lá na frente até prejudicaria a dinâmica do quarteto ofensivo. Isso segue sendo verdade, e se o Grêmio se desfizer do sistema atual de jogo para viver em função de Bobô estará retrocedendo. A questão vai ser equilibrar esta equação.
Só que vieram os desfalques, e mesmo os lá atrás atrapalham. Quando um time de elenco reduzido perde três titulares da importância de Marcelo Grohe, Marcelo Oliveira e Giuliano, as chances de gol tenderão a ser mais raras, ainda mais numa partida deste nível dificuldade, como a de ontem. É aí que a presença de um centroavante faz falta. Um centroavante que saiba marcar gols, mas, no caso do Grêmio atual, também precisa jogar, dar opções, se deslocar. Que não fique apenas fincado na área, mas que também coloque a bola na rede quando as raras chances surgirem. Luan, Giuliano e Pedro Rocha são jogadores que marcam gols em boa quantidade para meias ou segundos atacantes que são. Porém, se forem os artilheiros de uma equipe na temporada, é sinal de que falta alguém que saiba definir.
No Allianz Parque, menos de 24 horas após a derrota gremista no Maracanã, vivemos o exemplo da importância desta figura. O Atlético Paranaense um jogo muito parecido com o do Grêmio. Anulou o Palmeiras com sua já famosa velocidade de recomposição, comandado pela provável melhor dupla de volantes do campeonato, Otávio e Hernâni, e por Nikão em mais uma atuação inspiradíssima pela ponta esquerda. No primeiro tempo, porém, não converteu as oportunidades criadas porque faltou qualidade na definição. Tudo muito semelhante ao que se viu no Rio de Janeiro neste sábado.
Na etapa final, quando Crysan deu lugar a Walter, o nível no ataque foi outro. E o gol dele foi de centroavante: aproveitou um erro de Lucas, que cortou para trás uma batida de escanteio, e fuzilou Fernando Prass na pequena área. Estava na zona do campo que o centroavante deve estar, fazendo o que ele deve sempre fazer. Um detalhe que deixa o Furacão um ponto à frente do Tricolor Gaúcho, o que, num campeonato onde apenas três pontinhos separam o terceiro do oitavo colocado, significa muito. Hoje, com 28 pontos, o Atlético, em 4º lugar, estaria na Libertadores. Com 27, o Grêmio estaria em 8º, e, portanto, fora dela.
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