Calorão, acúmulo de jogos e opção por não dosar forças: faltou fôlego ao Grêmio diante do Coritiba
Aos 27 minutos do segundo tempo, Douglas lançou Luan entre os zagueiros do Coritiba, na cara do gol. O atacante gremista poderia tentar encobrir o goleiro Wilson ou, como fez, conduzir um pouco mais a bola próximo à área para ter menos chance de errar o chute. Acabou desarmado antes do toque final. Não fez nem a primeira, nem a segunda, porque estava cansado demais, seja para raciocinar rápido ou para correr com a bola nos pés. O lance foi um retrato do Grêmio no jogo de ontem.
Não se ouviu qualquer movimentação do Tricolor junto à CBF para adiar o jogo da manhã de domingo para o final da tarde. Talvez pensando na renda (que foi a maior do ano, realmente), talvez porque o clube já tenha feito isso diante do Joinville, mas o fato é que se sabia que a partida contra o Coxa seria complicada devido ao desgaste do jogo de quinta, finalizado apenas 60 horas antes. O calor superior a 30ºC de sol a pino num inverno com cara de primavera antecipada só dificultou ainda mais as coisas.
O Grêmio passou a hora do almoço inteira num dilema: era preciso encaminhar o resultado no primeiro tempo, quando o calor ainda não era tão terrível e quando a equipe ainda teria pernas para construir jogadas. Porém, se se atirasse demais para cima, corria o risco de, não fazendo o placar necessário antes do intervalo, ficar com ainda menos energia para o segundo tempo. O Coxa entendeu perfeitamente a situação, poupou titulares quinta-feira justamente para isso. Fechou-se em duas linhas de quatro na etapa inicial, segurou a pressão e conseguiu ir para o intervalo com um ótimo 0 a 0.
A ideia de Ney Franco era, em colocar reservas quinta, ganhar o jogo de ontem. Ele até tentou: no começo do segundo tempo, retirou o volante Cáceres e colocou o meia Thiago Galhardo. Mas seu time é inferior ao do Grêmio, e mesmo com a troca não conseguiu se impor - teve de recompor o meio antes do fim, pois corria, mesmo assim, o risco de perder. As melhores chances da etapa final, embora poucas, foram gaúchas. Só nos acréscimos o time visitante levou algum perigo, e em lances esporádicos. Ainda assim, trazer ponto da Arena é coisa que só três de 11 times conseguiram até agora no Brasileiro. Não deixa de ser um bom negócio o empate.
Ao final da partida, um misto das vaias mais injustas do ano ao time da casa com uma maioria de aplausos de torcedores que compreendiam a situação. Ainda assim, não dá para negar que Roger errou ao utilizar todo mundo na quinta-feira: como falamos antes mesmo daquela partida pela Copa do Brasil no Carta na Mesa, a hora de poupar duas ou três peças era aquela, com classificação encaminhada. Agora, Marcelo Grohe, Luan e Erazo vão para suas seleções, e poupar titulares descaracterizará demais o time. Ir com tudo o tempo todo é bonito no discurso, mas o calendário brasileiro não perdoa quem não admite dosar forças.
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