A posse de bola e a volta do futebol de Luan foram os trunfos do Grêmio diante do Coxa

Mesmo longe das atuações perfeitas diante de Internacional e Atlético Mineiro, o Grêmio fez seu melhor jogo dentre os quatro últimos ontem à noite. Teve calma para não cair na correria do Coritiba a partir da maior arma que poderia utilizar: manter a bola em seus pés. A equipe de Roger Machado terminou o jogo com este índice em 64% (chegou a fechar o primeiro tempo com 69%), mais do que em partidas nas quais precisou pressionar o tempo todo em casa, como diante de Joinville, Criciúma, Sport e Vasco. Desde os 67% da semifinal do Gauchão, contra o Juventude, não tinha tanto domínio de uma partida. E, como ensinou Guardiola nos últimos anos, quem tem a bola corre menos e melhor.

Isso foi importante ontem, poderá ser importante domingo e em toda a maratona que vem por aí. O Grêmio de Roger gosta da bola, a valoriza, porque é um time entrosado e que se projeta a partir de toques curtos. E esta é uma arma importante para evitar correrias alheias e desgaste além da conta, já que o revezamento de peças não está em pauta. Isso ficou claro ontem: mesmo com dores musculares apresentadas na véspera, Giuliano foi para o jogo. O esperado era que fosse poupado e estivesse a ponto de bala no domingo. Ele, Douglas e Galhardo, os mais cansados, só saíram aos 32 da etapa final, quando o Grêmio vencia por 2 a 1, o Coxa tinha um a menos e já havia deixado claro, nos 15 minutos anteriores, que não pressionaria mais em busca da virada.

Depois de problemas criativos diante do Joinville e atuações ofensivamente paupérrimas no Couto Pereira e no Moisés Lucarelli, o Grêmio voltou a ser insinuante ontem, embora longe da intensidade habitual. Isso se deve ao bom jogo de Luan, principalmente. O período de dez dias sem atuar entre os jogos de Belo Horizonte e o de Campinas fez bem ao camisa 7, que ontem voltou a executar com perfeição sua função de falso nove, confundindo a defesa com seus ingressos e saídas da área. Foi assim, quebrando a previsibilidade, que ele aproveitou um passe espetacular de Fernandinho (ontem mais próximo dos meias, e portanto melhor) para Douglas marcar o segundo gol e chamou a marcação abrindo espaço para um ingresso surpreendente de Maxi Rodríguez, que sofreu a falta (e não pênalti) que originou o terceiro.

O Grêmio quer a Copa do Brasil, mas sabe que a possibilidade de chegar à Libertadores via G-4 do Brasileiro é maior, e que não vale a pena abrir mão disso. É o mesmo dilema de 2013, quando pôde jogar com as duas competições porque o elenco era mais amplo. Roger arrisca ao utilizar todos em todas as partidas. Ontem, poderia ter poupado Giuliano para domingo (utilize-se o termo "dosar forças", e não o estigmatizado "rodízio", se for o caso). Quando Marcelo Grohe, Luan e Erazo forem convocados, ninguém poderá ficar de fora, para não descaracterizar o time titular. A hora de poupar peças era ontem. Mas o modo inteligente como a equipe se portou em campo, anulando a correria proposital do Coxa - pensando em facilitar a vida de seus titulares no domingo, claro -, amenizou o problema.
O segundo gol em dois momentos: primeiro, Luan volta para armar o jogo. Ele recua para Walace, que tem visão de frente para o gol. Marcelo Oliveira vem passando pela esquerda, mas é Fernandinho, tão aberto que nem aparece nesta imagem, que será acionado
Aqui, uma amostra da visão de jogo espetacular do ponta gremista: ele percebe que Marcelo Oliveira está impedido e segura a bola. Luan vê a situação e se projeta no buraco entre os zagueiros do Coxa para receber um passe por trás da zaga perfeito. Ele tira de Vaná e Douglas, que está pela direita, no alto da imagem, completa para o gol vazio

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