23 chances, 34 conclusões, 15 faltas. Arsenal e Liverpool provaram que o 0 a 0 pode ser um jogaço

A alta competitividade da Premier League é o que transforma jogos teoricamente fracos, como um Stoke x Watford, em partidas potencialmente quase sempre interessantes. Se duelos menores são sabidamente atraentes na Inglaterra, jogos entre grandes são normalmente imperdíveis. Hoje, Arsenal e Liverpool, equipes que ainda buscam afirmação apesar de suas camisetas pesadas, provaram isso. O jogo no Emirates Stadium foi tão bom que até o placar de 0 a 0 passou despercebido.

Diante de tanto equilíbrio, o fato de a noite londrina ter terminado sem gols é que foi a grande injustiça. Foram 23 chances claras ao longo do jogo - 13 do time da casa e 10 dos visitantes. Houve nada menos que 34 finalizações (19 a 15 para o Arsenal) e apenas 15 faltas cometidas ao longo do jogo - a equipe de Arsène Wenger fez apenas duas ao longo de toda a partida. Um verdadeiro show de competitividade, velocidade e intensidade, com números tão bons que nem na badaladíssima Liga dos Campeões se vê com tanta frequência.

No jogo em si, dois tempos bem distintos, e um para cada lado. Na etapa inicial, domínio amplo do Liverpool, comandado por Philippe Coutinho, que mostra a cada fim de semana o quanto é inexplicável o fato de ele não ser titular da seleção brasileira. Jogando aberto pela esquerda, o camisa 10 infernizou a vida do lateral espanhol Bellerín com dribles desconcertantes, passes infiltrados com perfeição e bons arremates - dois deles acertaram a trave de Petr Cech. Roberto Firmino, pela direita, foi mais discreto, mas ainda assim de desempenho aprovado em sua estreia como titular da equipe visitante.
Enquanto Wenger montou o Arsenal no já convencional 4-3-3/4-2-3-1, Rogers escala o Liverpool à moda antiga: seu 4-3-3 tem apenas um volante (Lucas) e um meia em cada lado, como anos 70 e 80. Com a diferença, claro, que todos recompõem quando o time não tem a bola, formando um seguro 4-1-4-1 nesta circunstância
Na etapa complementar, o Arsenal se adiantou e dominou completamente o jogo. O volante Coquelin, de grande atuação como ladrão de bolas no meio, impediu diversos contra-ataques perigosos que o Liverpool tentou armar, o que auxiliou os mandantes a criarem uma atmosfera de pressão capaz de ameaçar a meta do belga Mignolet nada menos que dez vezes nos 45 minutos finais. O destaque do time visitante no segundo tempo foi para o seguríssimo zagueiro eslovaco Skrtel, que, com a seriedade de sempre, ajudou a comandar a defesa na difícil empreitada de parar Özil, Alexis Sánchez, Giroud e companhia.

O resultado é melhor para o Liverpool, não só porque jogava fora de casa, mas porque o Arsenal precisava ganhar depois de um começo irregular. Todos os confrontos diretos do Liverpool no primeiro turno serão fora de casa, e também por isso tirar pontos nestes jogos será tão importante - no returno, tudo será decidido em Anfield Road. Esta série de pequenas finais, portanto, começou positiva para a equipe de Brendan Rogers. E para quem acompanha o Campeonato Inglês, o primeiro jogaço da temporada valeu cada minuto, mesmo sem bola na rede.

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