No Beira-Rio, o Atlético mostrou porque é o maior candidato ao título brasileiro da temporada

Claro, é muito cedo. As brigas de tabela começam a tomar forma mesmo é lá para a virada do turno para o returno. Mas o Atlético Mineiro assumiu a liderança do Campeonato Brasileiro ontem com pinta de favorito. Pode estar empatado com Grêmio e Sport em termos de pontuação, mas exibiu, diante do Internacional, todos os predicados que o tornam possivelmente o time a ser batido dentro do certame.

É verdade que o Galo não tem a regularidade que vem tendo o Sport, que ganhou todas em casa e empatou todas fora até o momento. Não vem, também, sobrando em termos de qualidade de futebol apresentado, pois o surpreendente Grêmio de Roger Machado vem praticando um jogo tão vistoso quanto, ou até mais, se pegarmos os últimos dois ou três jogos como amostragem. Mas o Atlético exibe vantagens sobre cada um de seus concorrentes principais - e não apenas gaúchos e pernambucanos, mas todos os potenciais candidatos a fazer boa campanha. É uma equipe que não perde para ninguém em qualquer critério que se queira realizar comparações.

Em um comparativo com o Grêmio, é fácil dizer: embora a largada de Roger seja promissora, excelente, o trabalho de Levir Culpi é mais consolidado. Não por problemas com o técnico gremista, ao contrário: é fantástico que Roger já tenha dado ao Tricolor a sua cara em apenas oito jogos. Mas Levir conhece seu plantel melhor, por trabalha com ele há bem mais tempo. Ele já experimentou, por exemplo, momentos de crise técnica no Galo, algo que o treinador gremista ainda não vivenciou. O Atlético, não apenas por isso, parece mais preparado para encarar as intempéries do Brasileirão, digamos assim.

Em relação ao Sport, que tem um trabalho com Eduardo Baptista há até mais tempo, a vantagem principal do Atlético é a capacidade de reposição que o seu elenco oferece. Mas isso não é apenas um triunfo em relação aos pernambucanos, e sim a todos os demais clubes. Nenhum grupo de jogadores no campeonato tem tantas boas opções como o do Galo. Ontem, na vitória folgada diante do Inter, isso ficou muito claro: Luan, talvez o principal jogador em termos táticos desta equipe, não fez falta alguma - Thiago Ribeiro e Maicosuel sobraram tecnicamente. Carlos e Dátolo são outros dois que ninguém sente a ausência, fora Marcos Rocha, há tempos ausente. Se o melhor Rafael Carioca dos últimos sete anos sai do time pelo motivo que for, há Josué para recompor. Guilherme deve ficar, Pedro Botelho é o lateral reserva. O Atlético tem um grupo de jogadores tão bom quanto o do Inter, com a diferença que se ninguém se lesiona.

Há, ainda, a vantagem óbvia da tabela. Ainda se espera melhor nível de Cruzeiro e Internacional, mas todos estão ficando para trás. O Palmeiras agora está começando a se acertar, tem bola para G-4, mas tem 18 pontos, contra 23 dos mineiros. O Corinthians, com 20, é o dos teoricamente favoritos que está mais próximo, mas seu grupo de jogadores já não é tão vasto como no começo do ano, e perde em comparação com o Galo. Situação semelhante ocorre no São Paulo.

A conjuntura toda, portanto, favorece: eliminado cedo da Libertadores, o Atlético é um dos poucos times que pôde focar o Brasileirão desde seu início. Só começa a disputa da Copa do Brasil em agosto e jogou um estadual mais curto em número de datas, o que evita desgaste excessivo. Além disso, conta com jogadores de sobra para lidar bem com as disputas paralelas e está trabalhando há um ano com seu treinador. São muitos pontos a favor.

Claro, nada disso garante que os mineiros enfim sairão de longa fila de 44 anos no Brasileirão. Em 27 rodadas, oscilações são possíveis (prováveis, até), e há times jogando uma bola tão redonda quanto, que podem chegar bem longe se mantiverem o passo. Nesta quarta, por exemplo, teremos no Horto o melhor jogo do campeonato até agora: Atlético x Sport, dois dos três times que dividem a liderança. É um teste forte para ambos, não apenas para os pernambucanos.

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