Respeito?



Como podem duas equipes de uniformes e esquemas táticos tão semelhantes apresentarem desempenhos tão diferentes? Vasco e Ponte Preta são o oposto um do outro. O campeão carioca é uma caricatura: em nada lembra o time organizado e sólido defensivamente do torneio estadual. Bagunçado, pressionado, nervoso, limitado, enfim: uma presa fácil. Já a Macaca, que nome por nome não é de nível diferente de seu adversário de hoje, é uma equipe organizada, confiante, segura e embalada. O resultado se viu em campo, e olha que saiu barato.

A partida já começou em 1 a 0 para a Ponte. Com 50 segundos de jogo, a equipe de Campinas já se mostrava letal nos contragolpes, muito consciente, sabedora de como aproveitar os espaços concedidos pelo Vasco. Com o gol sofrido, a equipe de São Januário já ouvia vaias (embora também muitos gritos de incentivo) com dois minutos de jogo. A diferença era visível: o Vasco até chegava ao gol adversário, mas fazia uma força tremenda para isso. A Ponte Preta, ao contrário, bastava aproveitar um erro do rival para atormentar a vida de Jordi (sim, já estamos velhos a ponto de Jordy ser homenageado).

Ainda assim, o jogo tinha um certo caráter aleatório. Tanto que aos 22 o time da casa foi presenteado com um pênalti discutível em cima de Gilberto. Tinha tudo para ser o empate, mas o artilheiro (quando Gilberto é o artilheiro...) desperdiçou. Ali, as coisas começaram a se complicar de vez para os cariocas. Para piorar, aos 28, Jordi foi expulso - sem alternativa, ou cometia a falta em Felipe Azevedo, ou tomaria o gol. Com um a menos, o time de Doriva, que já era frágil, desandou de vez. O segundo, de Tiago Alves, em uma jogada ensaiada típica dos times bem treinados, sacramentou a vitória paulista antes mesmo do intervalo.

O segundo tempo foi retórico. Na verdade, uma humilhação. Com um a menos, o Vasco simplesmente não tinha condição de ir para cima. A Ponte Preta, por sua vez, chegava à beira da displicência, e só não fez uma goleada histórica porque se poupou. Houve tempo para um gol de Borges, uma segunda expulsão (Gilberto, atuação desastrosa), algumas chances perdidas de uma goleada maior e, claro, gritos irônicos de "olé" a cada troca de passes da Macaca.

Mais do que a grande fase da Ponte, o jogo de hoje sinaliza claramente que o Vasco precisa muito se reforçar, se repensar, e bem rápido. Se Eurico Miranda reassumiu o clube dizendo que o "respeito voltou", que ele respeite a torcida vascaína e forme um elenco ao menos capaz de evitar um terceiro rebaixamento em oito anos. Hoje, o que a Ponte Preta menos teve em relação ao time dele foi respeito.

Em tempo:
- Doriva aguentará mais essa?

_____________________________________________________
Ficha técnica
Campeonato Brasileiro 2015 - 5ª rodada
3/junho/2015
VASCO 0 x PONTE PRETA 3
Local: São Januário, Rio de Janeiro (RJ)
Árbitro: Heber Roberto Lopes (SC)
Público: 2.894
Renda: R$ 88.080,00
Gols: Diego Oliveira 50 segundos e Tiago Alves 38 do 1º; Borges 32 do 2º
Cartão amarelo: Guiñazú, Felipe Azevedo, Pablo e Borges
Expulsão: Jordi 28 do 1º; Gilberto 41 do 2º
VASCO: Jordi (4), Madson (3), Luan (4), Rodrigo (4) e Christiano (3); Guiñazú (5), Diguinho (3) (Jackson Caucaia, intervalo - 5) e Dagoberto (4) (Yago, intervalo - 4); Julio dos Santos (4) (Charles, 29 do 1º - 6), Gilberto (2) e Rafael Silva (4). Técnico: Doriva
PONTE PRETA: Marcelo Lomba (8), Rodinei (8), Tiago Alves (8), Pablo (6) e Gílson (6); Josimar (6), Fernando Bob (7) e Renato Cajá (8) (Roni, 38 do 2º - sem nota); Felipe Azevedo (7) (Cesinha, 21 do 2º - 6), Diego Oliveira (8) (Borges, 26 do 2º - 7) e Biro Biro (8). Técnico: Guto Ferreira

Comentários